Crítica: Ad Astra – Rumo às Estrelas

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ad astra

Diretor: James Gray

Elenco: Brad Pitt, Tommy Lee Jones, Ruth Negga, Kimberly Elise, Loren Dean, Donnie Keshawarz, John Ortiz, John Finn, Liv Tyler e Donald Sutherland

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Nota 3/5

Após assistir o novo longa protagonizado por Brad Pitt, me ocorreu aquele ditado “Não basta SER honesto, tem que PARECER honesto”, algo que este Ad Astra – Rumo às Estrelas tenta a todo o custo ser. Claro que não dá para tira os méritos de sua abordagem existencialista, baseada em diversos outros filmes (e obviamente 2001 de Stanley Kubrick é um deles), mas é visível que o longa tem uma necessidade de apelar para convenções e clichês de gêneros diversos, o que acaba tornando a jornada pessoal do protagonista, pelo menos narrativamente, difusa dentro de sua ambição temática – algo por si bem difícil de suportar durante diversas passagens do filme.

Em um futuro próximo, depois de um colapso no planeta, a humanidade busca soluções para sua sobrevivência em outros planetas e olha para o céu em busca de vida inteligente. Mas depois de um incidente que coloca em risco o sistema solar, o astronauta Roy McBride (Pitt) é convocado para identificar a origem do fenômeno, que pode estar ligado ao desaparecimento de seu pai, o general  H. Clifford McBride (Jones), dado como morto há décadas perto do planeta Netuno.

Logo de cara já percebemos a semelhança com Interestelar de Christopher Nolan (já este teve como clara inspiração Contato, de Robert Zemeckis), ao tornar o mote principal do filme como pano de fundo para o conflito do relacionamento de pai e filho, onde o personagem de Brad Pitt é uma mistura do próprio Matthew McConaughey e sua filha em Interestelar, interpretada na fase adulta por Jessica Chastain; inclusive vemos uma cena idêntica ao monólogo de McConaughey ao passar uma mensagem para sua filha (assim como o fato de não sabermos exatamente que ameaça ou mudança que o planeta passa, fazendo com que viajássemos aos confins do sistema solar em busca de soluções). E claro que O Primeiro Homem também é uma inspiração para o longa, mas ao contrário do filme de Damien Chazelle – que se apresenta muito mais coeso em sua narrativa – aqui o resultado fica um pouco no meio do caminho.

Tentando trazer um certo realismo em sua abordagem, o diretor James Gray exibe acertadamente em sua crítica uma humanidade evoluída tecnologicamente ao ponto das viagens à lua se tornarem corriqueiras, mas ainda trazendo as características destrutivas (e comerciais) do homem, independente da era e estágio evolutivo em que se encontra; sendo capaz, em uma viagem espacial, de cobrar $125,00 por um simples cobertor, assim como transformar a colonização lunar em uma espécie de entreposto permeado de propagandas de empresas, como se estivéssemos em uma cidade na Terra, com piratas espaciais assaltando as diligências que levam os passageiros.

Elogios, portanto, para o design de produção, que jamais permite ao espectador deixar de sentir que aquele futuro é algo factível de acontecer e acaba rendendo belos momentos, como uma nuvem de poeira espacial sendo tocada (como visto em uma cena do já clássico Wall-E) ou o fato da fotografia de Hoyte Van Hoytema (de… Interestelar, coincidência, não?) trazer elementos terrenos nas salas de espera de Marte, através de paisagens da flora e fauna terrestres – uma bela ironia, portanto, ao trazer tais elementos que deixamos para trás devido à ganância humana que resulta no fato de que acabamos com o nosso próprio planeta. Fora que o diretor tenta mostrar alguma elegância em alguns planos mais específicos, como aquela em que o rosto de Roy se funde ao contorno da Terra (sim, como feito no clássico plano do feto em 2001) e no momento em que visualizamos Liv Tyler em segundo plano na ocasião da despedida a Roy.

Contudo, o roteiro do próprio diretor em conjunto com Ethan Gross tem problemas em tornar a jornada do protagonista em algo com o qual possamos realmente nos identificar, pois apresenta elementos e situações que facilmente poderiam ser eliminadas, como a sequência em uma estação de pesquisa espacial estrangeira que existe somente para atender uma convenção do suspense e terror; e até entendo que a cena seria para demonstrar que mesmo no grau de evolução tecnológica em que o homem se encontra, ainda é necessário o sacrifício de espécies animais etc., mas a sequência não funciona e soa deslocada; e o que dizer dos embate físicos entre astronautas que, se não soam igualmente desnecessários, acabam enfraquecendo muito sua narrativa…

Vemos outros problemas ainda em situações, senão expositivas, que denunciam também outras fragilidades do roteiro, como o fato dos responsáveis em enviar a mensagem de Roy até seu pai, perceberem que o astronauta está envolvido demais na situação; bem, é lógico que, por mais frio que fosse o protagonista, seria viável que ao viajar para Marte (não estou dizendo outro país!), a possibilidade de entrar em contato com o pai desaparecido seria motivo suficiente para causar algum tipo de emoção! Aliás, trata-se de argumento que o próprio filme antecipou quando Roy foi convocado para a missão, soando esquemático demais. Enfim… Isso sem contar com alguns personagens que entram e saem de cena sem sabermos realmente o objetivo de sua participação no filme, como a personagem Helen (Ruth Nega), e até mesmo a presença ilustre de Donald Sutherland como amigo do pai do protagonista, que mantém um segredo (previsível) com relação às verdadeiras intenções da companhia espacial em relação a missão de resgate (missão essa que parece que todos os envolvidos, menos Roy – claro – conhecem o real motivo).

Assim, chegamos enfim à presença de Brad Pitt que, trazendo um tom específico de interpretação quase o filme inteiro (o que nem sempre se torna eficaz por soar aborrecido pelo esforço único na sua carreira), apresenta um homem combalido pelo seu trauma passado e abandono paterno; o que resulta em um casamento frustrado com Liv Tyler (igualmente subaproveitada e aparecendo em flashbacks). Temos como protagonista, portanto, um homem frio, que possui todas as habilidades e sangue frio para a profissão, mas é incapaz de um relacionamento em que haja um mínimo de calor humano maior. 

Pautando o filme constantemente com uma narração em off, a obra causa cansaço por, a todo o momento, fazer com que as palavras de Roy precisem soar filosóficas, como no momento em que ele conhece os pilotos que o levarão a Marte; tanto que ao trabalhar a solidão de Roy em sua solitária e longa viagem o longa claramente remete à Perdido em Marte com Matt Damon, mas sem qualquer leveza e humor – e não sei se já repararam que a salada temática de Ad Astra se apoia, além de 2001, Interestelar, Perdido em Marte, Contato, O Primeiro Homem, também em Gravidade, com Sandra Bullock?

Usando um forte alegoria religiosa (reparem, por exemplo, no posicionamento dos atores quando um está sendo elevado à posição do outro), o diretor transforma o clímax em uma relação com o Espírito Santo (“Por que me abandonaste, Pai?”), e assim Ad Astra consegue atingir suas intenções iniciais contando principalmente com a presença sempre agregadora de Tommy Lee Jones. E como não poderia deixar de comentar, a obra levemente faz uma referência (sim, mais uma!) a Blade Runner, faltando somente que falasse “Eu vi coisas que vocês não imaginariam. Naves de ataque em chamas ao largo de Órion. Eu vi raios-c brilharem na escuridão (…)”.

Ad Astra – Rumo às Estrelas percorre um tortuoso e longo caminho, assim como seu protagonista, para atingir seus objetivos. Mas ao contrário de Roy McBride, parece que com o filme nem sempre as emoções são alcançadas…

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FB_IMG_1634308426192-120x120 Crítica: Ad Astra - Rumo às Estrelas

Rodrigo Rodrigues

Eu gosto de Cinema e todas suas vertentes! Mas não aceito que tentem rescrever a história ou acharem que Cinema começou nos anos 2000! De resto ainda tentando descobrir o que estou fazendo aqui!

6 thoughts on “Crítica: Ad Astra – Rumo às Estrelas

  1. bom filme, nada de mais, porem acima da media, tb me agradou mais que o Perdido em Marte, que se nao fosse do diretor que é, nao teria metade do cartaz que obteve, mas blz longa vida aos filmes espaciais, parabens Rodrigo pelas boas criticas

  2. um filme que prometia tanto e entregou tao pouco… ainda prefiro Interestelar……… me julguem

    1. Silas
      Bem vindo e obrigado pelo comentário
      Depois, se desejar , pode voltar aqui dizendo o que achou do filme.

      obrigado

  3. melhor q perdido em marte (filme chato pra kct mas muito bem produzido), parece filme de alto ajuda, com cenas motinvacionais… mlhor que Inter Estelar, q é muito bom mas viaja na maionese no lance do amor, melhor que Primeiro homem que so puxa saco do Armstrong

    1. Cido
      Bem vindo
      Obrigado pelo comentário. Eu acho que Perdido em Marte bem complicado, o humor serve como ponto positivo e negativo ao mesmo tempo.
      Até posso aceita que seja melhor que Interestelar, apesar de Ad Astra usar de maneira eficiente os mesmos elementos.

      Abraço e dê uma curtida na nossa página

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