Análise: E.T. – O Extraterrestre completa 40 anos (história e curiosidades)

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Em 1982 o mundo recebeu a visita de um ser de fora do planeta Terra, que deixou para trás uma mensagem de paz e esperança, após ser perseguido preso e torturado pelos seres humanos enquanto esteve entre nós, ao mesmo tempo que manteve uma grande amizade com um grupo de crianças.

Este ser era o alienígenas do filme E.T. – O Extra Terrestre, uma superprodução produzida e dirigida pelo mago Steven Spielberg (Tubarão, Contatos Imediatos do 3° e Caçadores da Arca Perdida), em um dos seus melhores filmes já realizados, que encantou adultos e crianças, tornando-se uma das maiores bilheterias da história do cinema e uma verdadeira febre pop após seu lançamento.

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‘Night Skies’ teve trabalho de produção interrrompido

Watch the Skies / Night Skies a origem de tudo:

A história por trás de um ser benevolente de outro mundo, na verdade, nasceu de outro projeto de um alienígena malvado. Steven Spielberg estava desenvolvendo um filme chamado Watch the Skies (posteriormente mudado para Night Skies, pois alguém já tinha registrado este nome), uma sequência não oficial de seu grande sucesso, Contatos Imediatos do 3° (1977). Spielberg era obcecado por ufologia e vida extraterrestre, e ao longo da sua carreira o tema foi bastante frequente.

A ideia de Spielberg, contrariando os executivos da Columbia Pictures, não era fazer uma continuação pretendida pelo estúdio de Contatos Imediatos, mas criar uma nova história sobre alienígenas malvados que impunham o terror em uma família americana. Spielberg baseou a história no caso Kelly-Hopkinsville, onde uma família do Kentucky alegou ter sido aterrorizada por alienígenas parecidos com gremlins. Spielberg tinha ouvido a história do ufólogo J. Allen Hynek enquanto fazia pesquisas para Contatos Imediatos .

No tratamento original de Spielberg para Night Skies, onze cientistas extraterrestres maliciosos tentam se comunicar com galinhas, vacas e outros animais na tentativa de descobrir quais espécies animais da Terra são inteligentes, antes de voltar suas atenções indesejadas para a família humana e dissecar os animais de sua fazenda. Alimentando os rumores de Hollywood sobre o filme, a NASA no início dos anos 80, chegou a anunciar que Spielberg havia pago para reservar espaço de carga para o voo inaugural do ônibus espacial em 1980 (que só aconteceu na verdade em abril de 1981), a fim de filmar a Terra e sua Lua da órbita para a sequência de abertura do filme. Spielberg afirmou que iria produzir Night Skies, mas não dirigi-lo, pois ele estava sob contrato para dirigir seu próximo filme para a Universal.

O roteirista Lawrence Kasdan (Caçadores da Arca Perdida) foi convidado por Spielberg para roteirizar Watch the Skies (já com o novo título), mas Kasdan declinou, pois estava ocupado com Star Wars – Episódio V – O Império contra Ataca. Spielberg então contratou o roteirista John Sayles (Piranha). Spielberg também chamou o diretor Tobe Hooper para dirigir o filme e contratou o mestre dos efeitos especiais, Rick Baker (Um lobisomem Americano em Londres) para criar as criaturas alienígenas. A pré-produção do filme chegou a gastar por volta de U$ 70 mil para criação dos protótipos dos alienígenas produzidos por Baker.

Spielberg e sua sócia produtora Kathleen Kennedy (hoje presidente da Lucasfilm e considera “culpada” pelas derrapadas que têm sido feitas em Star Wars), que na época estavam filmando Caçadores da Arca Perdida na Tunísia, acompanhavam os resultados através de fitas VHS recebidas de Baker e estavam bastante contentes com o resultado. Mas com o tempo, Spielberg começou a ter dúvidas sobre o projeto. Melissa Mathison, que acompanhava o namorado, o ator Harrison Ford, nas gravações de Caçadores na Tunísia, leu o roteiro de Baker e não gostou das criaturas mostradas como malvadas e chegou a chorar no final.

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Melissa Matheson, ao lado de Spielberg e Ford.

Quando Spielberg saiu da Tunísia, para filmar uma parte de Caçadores no Hawaii, ele já estava descido a desistir de Night Skies e pensar em uma nova ideia sobre o projeto de alienígena, fazendo dele bonzinho e benevolente. Nascia então o filme E.T., na qual Melissa Mathison foi encarregada de roteirizar, isto depois de Spielberg ter gasto mais de U$ 700 mil no processo de pré-produção com Rick Baker e ambos terem brigado no final.

 

Nasce E.T.:

Spielberg acabou se desentendendo também com a Columbia Pictures, que não queria aprovar um filme de alienígenas bonzinhos, cujo presidente Frank Price dizia que o roteiro era “um filme fraco de Walt Disney”. Em fevereiro de 1981, a Columbia jogou uma “pá de cal” em cima do projeto e o mesmo foi abandonado.

Spielberg então foi bater na porta do amigo Sid Sheinberg, presidente a MCA, que controlava a Universal Studios, que comprou o projeto da Columbia por U$ 1 milhão para pagar os custos já gastos no projeto e fazendo um acordo no qual a Columbia reteria 5% dos lucros líquidos do filme. É interessante descobrir que a história de Watch the Skies / Night Skies não só ajudou a inspirar depois o projeto de E.T., mas também Poltergeist (1982) e Gremlins (1984), que foram produções posteriores de Steven Spielberg.

Melissa Mathison desenvolveu o roteiro de E.T. baseado no argumento que Steven Spielberg havia lhe dito, durante as filmagens de Caçadores da Arca Perdida. As filmagens deste filme foram exaustivas e o diretor havia sentido muita solidão por não estar perto da família. Isto fez ressurgir as memórias de sua infância solitária. Spielberg mostrou o roteiro de Night Skies para Mathison, na qual desenvolveu uma subtrama do projeto fracassado em que Buddy, o único alienígena amigável, faz amizade com uma criança autista. O abandono de Buddy na Terra na cena final do roteiro inspirou o conceito de E.T. e Mathison escreveu um primeiro rascunho intitulado ‘E.T. e Eu‘ em oito semanas, o qual Spielberg achou “perfeito!”. O roteiro passou por mais dois rascunhos, um de Matthew Robbins, que excluiu um amigo de Elliott ao estilo “Eddie Haskell”. A sequência de perseguição também foi criada, e ele também sugeriu ter a cena em que E.T. fica bêbado.

O técnico em efeitos especiais italiano, Carlo Rambaldi, responsável pelos animatrônicos de King Kong (1976) e Alien – O Oitavo Passageiro (1979), e que já havia trabalhado com Spielberg criando os alienígenas do final de Contatos Imediatos do 3° (1977), foi chamado para desenhar e produzir o animatrônico de E.T. Uma pintura chamada “Mulheres do Delta” do próprio Rambaldi, foi a inspiração para dar a criatura um pescoço extensível.

A inspiração da face da criatura veio de Carl Sandburg, Albert Einstein e Ernest Hemingway. A produtora Kathleen Kennedy visitou o Jules Stein Eye Institute para estudar olhos reais e de vidro. Ela contratou funcionários do Instituto para criar os olhos de E.T., que ela sentiu serem particularmente importantes para envolver o público. Quatro cabeças foram criadas para as filmagens, uma como animatrônico principal e as outras para expressões faciais, além de uma fantasia. Uma equipe de marionetes controlava o rosto de E.T. com animatrônicos. Duas pessoas pequenas, Tamara De Treaux e Pat Bilon, assim como o garoto Matthew DeMeritt, de 12 anos, que nasceu sem pernas, se revezaram vestindo o traje, dependendo de qual cena estava sendo filmada. DeMeritt realmente andou em suas mãos e rodou todas as cenas em que ele andava desajeitadamente ou caía. A cabeça foi colocada acima da dos atores, e os atores podiam ver através de fendas em seu peito. Além disto, Caprice Roth, um mímico profissional, encheu próteses para tocar as mãos de E.T.. Por fim, a marionete da criatura foi criada em três meses ao custo de US$ 1,5 milhão. Spielberg declarou que era “algo que só uma mãe poderia amar”.

 

Elenco:

Spielberg escolheu um elenco de crianças para compor o núcleo principal familiar: o papel principal de Elliot, ficou com o jovem ator Henry Thomas, após uma audição de centenas de crianças. Também foram escolhidos Robert MacNaughton para fazer o irmão mais velho de Elliot, Michael, e a garota Drew Barrymore (que ficaria famosa décadas depois tendo sido uma das Panteras do cinema), para ser a irmã mais nova, Gertie. O ator C. Thomas Howell (anos depois ele faria sucesso com A Morte Pega Carona), conseguiu uma ponta como um dos amigos de Michael e que ajuda E.T. na fuga. E a jovem Erika Elenaik (depois seria uma garotas do seriado Baywatch – S.O.S Malibu), foi escolhida para ser o interesse romântico de Elliot na escola. Para os papeis adultos principais, Dee Wallace Stone, foi escolhida pra ser Mary, a mãe da crianças e o grande ator Peter Coyote, para ser o encarregado do governo que captura E.T., sem um nome específico, apenas apresentado no roteiro com o apelido de Keys (chaves). Coyote e Barrymore foram os atores que depois tiveram carreiras sólidas no cinema.

 

Filmagens:

A fotografia principal começou em bairros no condado de Los Angeles e no Vale de San Fernando em 8 de setembro de 1981. O projeto foi filmado sob o nome de A Boy’s Life (A vida de um garoto), já que Spielberg não queria que ninguém descobrisse e plagiasse o enredo. Os atores tiveram que ler o roteiro a portas fechadas, e todos no set tiveram que usar uma carteira de identidade para se identificar. As filmagens começaram com dois dias na Culver City High School, e a equipe passou os 11 dias seguintes se movendo entre as locações em Northridge e Tujunga. Os próximos 42 dias foram gastos no Laird International Studios em Culver City para os interiores da casa de Elliott. A equipe filmou em uma floresta de sequoias perto de Crescent City, no norte da Califórnia, nos últimos seis dias da produção. A cena exterior do Halloween e as cenas de perseguição da “bicicleta voadora” foram filmadas no Porter Ranch.

et1-300x204 Análise: E.T. - O Extraterrestre completa 40 anos (história e curiosidades)Spielberg filmou o longa em ordem cronológica para conseguir performances convincentemente emocionais de seu elenco; também foi feito para ajudar os atores infantis com a carga de trabalho. Spielberg calculou que o filme seria mais forte se as crianças estivessem realmente se despedindo de E.T. no fim. Na cena em que Michael encontra E.T. pela primeira vez, sua aparição fez o ator MacNaughton pular para trás e derrubar as prateleiras atrás dele. A filmagem cronológica deu aos jovens atores uma experiência emocional enquanto eles se relacionavam com E.T., tornando as sequências de quarentena mais emocionantes.

Spielberg garantiu que os marionetistas fossem mantidos longe do set para manter a ilusão de um alienígena real. Pela primeira vez em sua carreira, Spielberg não fez o storyboard da maior parte do filme, para facilitar a espontaneidade nas performances. O filme foi filmado para que os adultos, exceto Dee Wallace, nunca sejam vistos da cintura para cima em sua primeira metade, como uma homenagem aos desenhos de Tex Avery. De acordo com Spielberg, a cena em que E.T. se disfarça como um bicho de pelúcia no armário de Elliott foi sugerido pelo amigo, o diretor Robert Zemeckis, depois que ele leu um rascunho do roteiro que Spielberg havia enviado a ele. As filmagens foram concluídas em 61 dias, quatro antes do previsto.

 

Música:

et3-300x169 Análise: E.T. - O Extraterrestre completa 40 anos (história e curiosidades)Colaborador de longa data de Spielberg, o Maestro John Williams (Tubarão, Contatos Imediatos do 3° e Caçadores da Arca Perdida), compôs a trilha do filme, com o desafio de criar uma música que gerasse simpatia por uma criatura tão estranha. Spielberg gostou de todos os temas que Williams compôs e usou todos eles no filme. A música final de perseguição da bicicletas voadoras gerou uma emoção tão forte no diretor, que ele reeditou a cena para adequar perfeitamente à música.

Williams adotou uma abordagem modernista, especialmente com o uso da politonalidade, que se refere ao som de duas teclas diferentes tocadas simultaneamente. O modo lídio também pode ser usado de forma politonal. Williams combinou a politonalidade e o modo lídio para expressar uma qualidade mística, onírica e heróica. Este tema tema, enfatizando instrumentos colorísticos como harpa, piano, celesta e outros teclados, além de percussão, sugere a natureza infantil de E.T.

A trilha é considerada uma das mais belas e reconhecidas da História do cinema, uma verdaeira obra-prima, deu a Williams o quarto Oscar na carreira e ajudou a fazer dele o ser humano mais indicado à premiação da Academia, excluindo-se Walt Disney (indicado pelo estúdio).

 

Pós- produção e efeitos especiais:

Não restava dúvidas que a equipe de efeitos especiais que Spielberg iria utilizar em E.T. era a do amigo George Lucas, ILM (Industrial Light & Magic), na qual havia trabalhado recentemente em Caçadores da Arca Perdida. A supervisão dos efeitos ficou a cargo do veterano da ILM, Dennis Muren em Marin County, Califórnia. E ao contrário de Spielberg – que evitou storyboards na produção, Muren recorreu bastante a eles. Assim, Spielberg entregou à ILM 45 storyboards das principais cenas e ainda conseguiu diminuir o custo da produção. Segundo Spielberg: “Dennis Muren é um artista e também um técnico, e ele tem uma maneira de dar sabor a cada foto para que você tenha mais do que o originalmente imaginado. Dennis sempre adicionava muito mais a cada conceito para fazer as fotos realmente ganharem vida. Você sabe, conceito é apenas um plano de batalha, mas há um esforço individual dado por todos que trabalham nos efeitos especiais. Eles são dedicados, e seu amor mostra.”

Em uma época que não havia CGI, os efeitos do filme foram produzidos usando efeitos práticos e miniaturas, assim como pinturas de fundo. Spielberg queria sangue novo para editar o filme, assim trabalhou com uma nova editora chamada Carol Littleton, que fez inúmeras contribuições fantásticas na pós-produção para a montagem de E.T. Ela adicionou músicas temporárias em cada cena antes das músicas terminadas de John Williams estivessem prontas. Segundo Spielberg, “Carol é apenas uma das melhores experiências que tive na sala de edição. Sinto-me muito, muito honrado por agora ter trabalhado com três dos melhores editores de filmes do ramo: Verna Field, Michael Kahn e Carol Littleton.”

 

Lançamento e legado:

O filme foi lançado no Festival de Cinema em Cannes em 26 de maio de 1982, na noite de encerramento. Jornalistas e críticos especializados, começaram a gerar um burburinho do filme extremamente positivo. Richard Corliss delirou na revista Time: “[ E.T.] é uma mistura perfeitamente equilibrada de doce comédia e melodrama de alta velocidade, de morte e ressurreição, de uma amizade tão pura e poderosa que parece um amor idealizado”. A Time também incluiu o alienígena fictício em sua lista de candidatos a Homem do Ano – o primeiro personagem de filme a receber essa honra. O crítico de cinema Roger Ebert deu ao filme quatro estrelas e escreveu: “Este não é simplesmente um bom filme. É um daqueles filmes que afastam nossas advertências e conquistam nossos corações”, tempos depois Ebert adicionou E.T.: O Extraterrestre à sua lista de melhores filmes, estruturando o ensaio como uma carta aos seus netos sobre a primeira vez que eles assistiram.

Após Cannes, o filme teve sua estreia oficial nos Estados Unidos em 11 de junho de 1982, e logo começou a gerar uma comoção por todo o país, e posteriormente pelo mundo. As filas de cinema, semanas após semanas, não paravam de aumentar. Spielberg realizou prévias pessoais para seus amigos e colegas, como o cineasta George Lucas, e também foi convidado a exibir o filme na Casa Branca para o então presidente Ronald Reagan e a primeira-dama, Nancy Reagan. O diretor lembrou-se de estar sentado ao lado do presidente para o filme, e até pensou ter visto Reagan derramar uma ou duas lágrimas.

Na premier de Londres, quando o filme foi exibido para os recém-casados Príncipe Charles e Princesa Diana, Spielberg e as estrelas presentes foram estranhamente levados aos bastidores no momento em que o filme terminou. Aparentemente, Diana chorou tanto que sua maquiagem certinha e adequada estava acabada, fazendo com que os guardas reais a levassem para refazer a maquiagem antes de realizar uma reunião informal a pedido da Princesa.

O filme levou a uma nova onda de merchandising que vão desde brinquedos, bonecos, jogos, videogames, camisetas, até cereais, lanches etc. Um dos itens mais procurados neste período foram as máscaras de látex do personagem (lembrando que naquela época a cultura pop mundial já vivia a onda do licenciamento de produtos, inaugurada por Star Wars em 1977).

O filme foi lançado no Brasil em 25 de dezembro de 1982, também fazendo um grande sucesso e sendo campeão de bilheterias. Também tivemos uma onda de produtos lançados, que iam desde materiais escolares, brinquedos e até o popular álbum de figurinhas do filme.

Ao custo de US$ 10,5 milhões, a arrecadação final mundial do longa (incluindo relançamentos feitos até hoje), ficou registrado em US$ 792.910.554,00 (para os valores da época), fazendo o filme ultrapassar Star Wars – Uma Nova Esperança (1977) do amigo Lucas e se tornar a maior bilheteria de época de todos os tempos, até o feito ser ultrapassado pelo próprio Spielberg quando lançou Jurassic Park – O Parque dos Dinossauros (1993). Atualmente, o filme ainda está em 7º lugar na lista de filmes de maior bilheteria de todos os tempos, ajustadas pela inflação.

 

Premiação:

O filme foi indicado a 9 Oscars em 1983, incluindo melhor filme e melhor diretor para Steven Spielberg, mas ganhou apenas 4 Oscars técnicos (Melhor Trilha Sonora para John Williams, Melhor Som, Melhor Efeitos Sonoros e Melhor Efeitos Especiais). Muita gente não se conformou do filme ter perdido os principais prêmios para Gandhi dirigido por Richard Attenborough (que posteriormente trabalhou como ator na Saga Jurassic Park do próprio Spielberg).

O filme também ganhou prêmios como 2 Golden Globe (Melhor Filme drama e Melhor Trilha Sonora), além de prêmios da Los Angeles Film Critics Association, Young Artist Awards (para o trio mirim de atores) Saturn Awards, Blue Ribbon Awards (Japão), César Awards (França) e David di Donatello (Itália). O Maestro John Williams, ainda ganhou 2 Grammy Awards e um BAFTA (Reino Unido), pela trilha sonora.

Em votação no American Film Institute, o filme é considerado o 24° melhor filme de todos os tempos, e ainda hoje, E.T. causa emoção e alegria a milhares de pessoas que continuam assistindo suas reprises na TV, cinema, home video e streaming.

 

Versão 2002 – Edição de 20 anos

Para celebrar os 20 anos de lançamento do filme, o diretor Steven Spielberg preparou um grande relançamento nos cinemas em 2002, na qual foram incluídas algumas cenas extras e remasterização de som e cenas. A chamada “Edição Especial” foi bastante polêmica, pois as cenas de animatronics foram substituídas por CGI, fornecidas pela Industrial Light & Magic (ILM), diálogos foram refeitos (remoção de alguns palavrões) e o mais polêmico… uma famosa cena de perseguição teve as armas dos agentes do governo trocadas por… walkie-talkies!

Esta nova versão teve sua premier com todo elenco, agora adulto, no Shrine Auditorium em Los Angeles em 16 de março de 2002; foi lançado na mídia doméstica seis dias depois. Após críticas de fãs e críticos, o próprio Spielberg admitiu que errou nesta edição especial, e a mesma foi descartada nos futuros lançamentos, deixando apenas a edição original de 1982 como “oficial”. Em uma entrevista de junho de 2011, Spielberg disse:

“Não haverá mais [no futuro] melhorias ou acréscimos digitais aplicadas em qualquer filme que eu dirigi… Quando as pessoas me perguntam qual versão de E.T. elas devem assistir, eu sempre digo a elas para verem a versão original de 1982. Se você notar, quando nós colocamos E.T. para ser lançado em DVD em 2002 nós incluímos as duas versões… Nós oferecemos a versão digitalmente aprimorada com as cenas adicionais e, sem nenhum dinheiro extra, no mesmo box, lançamos a versão original de 1982. Eu sempre digo às pessoas para preferirem a versão de 1982”.

 

Curiosidades:

et-228x300 Análise: E.T. - O Extraterrestre completa 40 anos (história e curiosidades)– O doce que Elliot usa para chamar o E.T. é um Reese’s Pieces. Inicialmente a produtora Amblin Entertainment procurou a fabricante de doces Mars Inc para usar os famosos M&M na cena, mas a empresa recusou, pois achou que não valia a pena investir no filme, pois achou o roteiro fraco e não queria associar os doces a um ser de outro planeta. Então a Amblin procurou a fabricante de doces concorrente, a Hershey, que aceitou o acordo logo de cara, sem ao menos conhecer a oferta final da produtora. Após o lançamento do filme, as vendas dos doces Reese’s Pieces da Hershey subiram mais de 85%!

– Tanto o ator Harrison Ford quanto sua esposa, a roteirista do filme Melissa Mathison, foram convidados para fazer pontas que acabaram não entrando na versão final. Ford interpreta o diretor da escola onde Elliot apronta os seus problemas após o contato telepático com E.T. e Melissa Mathison interpreta uma enfermeira.

– Uma continuação para o filme chegou a ter um esboço de roteiro escrito pela roteirista original, Melissa Mathison: E.T. II: Nocturnal Fears. Ela mostrava Elliot e seus amigos sendo sequestrados por alienígenas do mal e tentando entrar em contato com E.T. para ajuda. Spielberg decidiu não prosseguir com isto, sentindo que “não faria nada além de roubar a pureza do original. E.T. não é sobre voltar ao planeta” disse ele na época.

– A novelização do filme foi escrita pelo escritor William Kotzwinkle, que posteriormente teve autorização para escrever uma continuação em um segundo livro: E.T.: O Livro do Planeta Verde, que foi publicado em 1985. No segundo romance, E.T. retorna ao planeta Brodo Asogi mas é posteriormente rebaixado e enviado para o exílio. Ele tenta retornar à Terra, quebrando efetivamente todas as leis do seu planeta natal, o que causa vários problemas. Ambos os livros foram publicados no Brasil pela Editora Record.

– Em dezembro de 1982 a Atari lançou um game baseado no filme para ser jogado no Atari 2600. Ao contrário do filme, o jogo foi um fiasco sendo recebido com muitas críticas negativas e foi considerado um dos piores games já lançados em todos os tempos. Vários cartuchos de Atari do jogo E.T. tiveram que ser enterrados em um deserto na Califórnia.

– O “E.T. Adventure”, localizado no parque temático da Universal na Florida, foi inaugurado em 7 de junho de 1990. A atração foi construída sob o custo de US$ 40 milhões e mostra o personagem-título dizendo adeus aos visitantes, citando seus nomes.

– Por sugestão de Spielberg, George Lucas incluiu membros das espécies do E.T. como personagens de fundo em Star Wars: Episódio I – A Ameaça Fantasma. Os representantes da raça de E.T. podem ser vistos no Senado Galático durante algumas assembleias e sessões.

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– A épica cena de Elliot e E.T. andando de bicicleta em frente à lua cheia foi posteriormente empregada para ser usada como logomarca da produtora Amblin Entertainment, empresa de Steven Spielberg. A cena é considerada uma das mais emblemáticas da História do cinema, e já foi copiada e/ou homenageada em praticamente todas as mídias existentes.

– Em 1998, o filme E.T. foi licenciado para aparecer nos anúncios de serviço público de televisão produzidos pela Progressive Corporation nos Estados Unidos. Os anúncios mostravam sua voz lembrando os motoristas para “apertar os cintos de segurança“; sinais de trânsito retratando um E.T. estilizado usando um cinto foram instalados em algumas estradas ao redor dos Estados Unidos. No ano seguinte, a BT Group lançou a campanha “Stay in Touch“, com E.T. sendo a estrela de vários de seus anúncios; o slogan da campanha foi “B.T. has E.T.”, com “E.T.” também significando “tecnologia extra”.

– Em Novembro de 2019, foi lançado um comercial de quatro minutos, dirigido por Lance Acord, chamando-o de “sequência curta” do filme original, intitulado A Holiday Reunion. O comercial trouxe de volta o ator Henry Thomas, e mostrava Elliot, agora mais velho e pai de família, recebendo novamente o E.T. em sua casa. A repercussão foi incrível e muitas pessoas na época se emocionaram com a peça publicitária, o que gerou até pedidos para que Spielberg produzisse uma continuação. Também na época, a audiência do filme nos stream subiu 67%. O comercial é definido como “fez muito marmanjo chorar como criança… como uma criança de 1982“.

 

Conclusão:

O filme foi um grande sucesso de público e crítica, é considerado um dos melhores de todos os tempos e o filme preferido do próprio cineasta Steven Spielberg, junto com A Lista de Schindler (1993), sendo um conto de fadas da Era Espacial, como foi definido na época do seu lançamento.

O tema universal do ideal de compreensão mútua, que veio da amizade entre uma criança e um ser de outro planeta e uma analogia de como os adversários do mundo real podem aprender a superar suas diferenças. E.T. ainda continua hoje, um dos maiores filmes de todos os tempos.

 


[American Cinematographer / History.com / Hollywood Reporter / Time Magazine / Mojo Box Office]

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Ricardo Melo

Profissional de TI com mais de 10 anos de vivência em informática. Tem como hobby assistir seriados de TV, ir ao cinema e namorar!!! Fã de rock'n'roll, música eletrônica setentista, ficção-científica e estudos relacionados a astronáutica. Quis ser astronauta, mas moro no Brasil... Os anos 80 foram meu playground!

44 thoughts on “Análise: E.T. – O Extraterrestre completa 40 anos (história e curiosidades)

  1. Prezado Ricardo, faz uns 2 anos ja que leio seus textos, adoro! São leituras que deixo para os domingos a tarde com uma caneca de cha na mão e uma música ambiente rolando ao fundo… são assuntos que eu sou apaixonado e sempre termino o texto dizendo pra mim mesmo que foi muito proveitoso o que li. Obrigado!

    1. Eu que agradeço aqui a todos que acompanham nosso site. Feito com amor, carinho e dedicação…

  2. senhoras e senhores, apresento-lhes o melhor filme ja feito: para adultos e crianças, ficcao cientifica, drama, suspense, comédia… tem referencias, homenagens, emociona até o mais frio advogado criminalista ou oficial de justiça uhauhauahuahuahuahuahauh alem de tudo é tecnicamente perfeito, a malhor combinacao de qualidades jamais reunidas em uma so obra, meu filme favorito e sempre será

  3. nao me admira que ET tenha batido The Thing na bilheteria como vcs disseram no outro texto sobre o filme do Carpenter, ja que ET é mil vezes melhor nao tem nem comparação

  4. o melhor filme e alienigena ja feito e tem varios problemas cientificos, nao passaria pelo crivo de nenhum fisico, mesmo assim é demais

    1. Sobre a questão científica deixamos de lado…já que o verdadeiro objetivo do filme é ser um conto de fadas….da era espacial e resgate da humanidade entre as pessoas.

  5. dificil imaginar o Spielberg em um filme de terrorzao mesmo… se vc ver, Poltergeist é até bem leve

  6. assisti no cinema em Manaus qd era criança… nunca esquecia a sensação linda que senti naquele dia

  7. acho que o Sadovski plagiou vc kkkkkkkkkkkk to zoando, é que o texto dele tem tudo o que o seu tem, pra vc ver como seu trabalho foi excepcional, o cara é uma dos maiores entendidos de cinema do Brasil

    1. Eu li, realmente tudo que ele pegou, tem disponível também em qualquer lugar na internet, basta pesquisar. Não tem como fugir o lugar comum…

    1. Obrigado pelos comentários. Eu estava lá na fila dos cinemas com 7 ou 8 anos de idade em janeiro de 1983, quando o filme estava em cartaz.

  8. adorei esse artigo… amo ET, acho que foi o primeiro filme que eu vi no cinema na minha vida, nunca vou esquecer a sensação

  9. ET é tão bom que a versão modificada ficou pior… e nunca mais ninguem fez um filme de alien tão bom quanto esse

    1. Sim, o Spielberg se arrependeu do E.T. CGI de 2002, e falou que esta versão não será mais lançada.

    1. Ele está no “Lendas da Paixão” como irmão do Brad Pitt, também participou dos filmes Espírito Selvagem, no papel de “Lacey Rawlins”, juntamente com os atores Matt Damon e Penélope Cruz; Gangues de Nova York no papel de “Johnny Sirocco”, com Leonardo DiCaprio, Cameron Diaz e Daniel Day Lewis; “Samuel Ludlow” e Dead in the Water, em 2002, filmado no Brasil.

      Recentemente no Netflix, ele estava nas séries de terror: A Maldição da Mansão Bly e The Hauting of Hill House.
      Ele ainda fez o jovem Norman Bates em Piscose IV.

  10. um clássico imortal um dos maiores filmes ja feitos, consta na biblioteca do congresso dos EUA onde so os principais filmes feitos podem estar

  11. filme perfeito, o melhor compositor, o melhor diretor, o melhor plot… so podia resultar nessa obra prima

  12. se vc ver o visual do alien do Night Skies é parecido com o ET, so tiraram a expressao de mau dele hahaha

  13. pessoal pegou mal so pq ele tirou os walkie talkies do filme original??? fala serio que mundo chato ta esse qualquer coisa povo chia

    1. O público cresceu assistindo de uma maneira, foi daquela forma que ganhou bilheterias e o povo amou…então o Spielberg, foi lá resolveu mudar…tipo…Da Vinci pode pintar a Mona Lisa moderna ???????

  14. nunca tinha ouvido falar desse Night Sky ai que doidera so de pensar no Spielberg fazendo filme de terror ja é estranho

    1. Então, parte do horror depois foi para o filme Poltergest, que o Spielberg iria dirigir, mas deixou para o Tobe Hope, mas dizem que foi o Spielberg mesmo, pois não saia do set e fica metendo dedo no que o diretor fazia.

    2. Ja ouvi dizer tb que o Spielberg meteu o bedelho em tudo no filme e no fim do Hooper mesmo quase nao tem nada

  15. meu amigo, vc fez esse fã de ET aqui derramar umas lágrimas confesso kkkkkk que leitura deliciosa

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