Pequena “Enciclopédia” Sobre Board Games de Horror – Parte 2

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PEQUENA “ENCICLOPÉDIA” SOBRE BOARD GAMES DE HORROR PARTE 2

Esse texto “Pequena Enciclopédia sobre Board Games de Horror Parte 2” dá sequência à pequena “enciclopédia” sobre o tema horror nos board games. Dessa vez o assunto são os jogos com mansões assombradas, zumbis, e com o elemento jogador/traidor. Esses temas são uma parte fundamental dos jogos do gênero horror/terror.

Para aqueles que ainda não leram o primeiro texto, é muito recomendável que o façam, porque ele trata dos jogos no universo lovecraftiano. Além disso, no texto anterior há uma introdução, que esclarece diversos aspectos desse tipo de jogo de tabuleiro. O link é o seguinte:

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https://maxiverso.com.br/blog/2022/12/01/pequena-enciclopedia-sobre-board-games-de-horror-parte-1/

Os board games são os seguintes:

 

11) BETRAYAL AT HOUSE ON THE HILL

O Betrayal at House on the Hill é um jogo cooperativo, para 2 a 5 jogadores de 2014 dos designers Jonathan Gilmour e Isaac Veja, e a arte é de David Richards, Fernanda Suárez e Peter Wocken. As partidas têm duração de 60 a 120 minutos, e o peso do jogo no BGG é 3.01. Sua posição no ranking geral é 169 (161 no Ludopedia). As principais mecânicas do jogo são rolagem de dados, diferentes habilidades, tabuleiro modular e jogador/traidor.

Esse jogo é excelente e muito recomendado, para os apreciadores do tema horror. Ele também utiliza o elemento jogador/traidor. Dessa maneira, os personagens têm de explorar uma mansão mal-assombrada, e em dado momento, um deles se transforma no vilão, que os jogadores precisam derrotar. Nesse momento o jogo passa de cooperativo para “todos contra um”.

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Imagem: BGG – Betrayal at House on the Hill

A arte do jogo é muito bonita, os cenários também são muito bons, e ele vem com miniaturas dos personagens pintadas de fábrica, o que é raro em jogos com esse recurso. As outras que acompanham o jogo são monocromáticas. Infelizmente essas miniaturas pintadas são bem pequenas.

Um destaque que comprova o quanto o jogo é bom, é que ele possui duas reimplementações baseadas no célebre jogo eletrônico Baldur’s Gate (Betrayal at Baldur’s Gate de 2017), e no universo do personagem Scooby-Doo (Betrayal at Mystery Mansion 2020). O jogo também possui uma versão legacy, de 2018, em que o resultado de uma partida influencia diretamente nas partidas seguintes.

Infelizmente, até hoje nenhuma editora lançou o jogo no Brasil. Por isso há uma imensa torcida para que as novas versões despertem o interesse pelo jogo, que possui muitos fãs. Para piorar, um fator que dificulta a sua importação é a alta dependência de idioma. Isso porque há muito texto para ler, e o no caso do traidor só ele pode fazer isso. Portanto, se o grupo de jogo não estiver “com o CCAA em dia”, jogar fica complicado. Mesmo com as boas traduções, feitas pelos usuários do Ludopedia, adaptar todo esse material, com paste-up das cartas e impressão dos livros, requer algum esforço e muita boa vontade.

No entanto, saiu uma nova edição internacional do jogo em 2022, mas nenhuma editora nacional ainda anunciou um eventual lançamento nacional. Porém, é bem possível que isso ocorra, na medida em que o jogo é realmente muito bom.

Os links de vídeos de jogatina são os seguintes:

Betrayal at House on the Hill – Gameplay – CasaNerdlol:

https://www.youtube.com/watch?v=bM6iL2kzFtY&t=222s – 1/2

https://www.youtube.com/watch?v=RjvW6ahqUzM&t=1s – 2/2

 

12) MANSIONS OF MADNESS

O Mansions of Madness é um jogo cooperativo com belas miniaturas, baseado no universo lovecraftiano dos Arkham Files, para 2 a 5 jogadores de 2016 (2ª Edição). O designer da versão original é um dos grandes criadores de jogos (certamente um dos top 10), Corey Konieczka, e a 2ª edição é de Nikki Valens. A arte dessa 2ª edição é de Cristi Balanescu, Yoann Boissonnet, Anders Finer, entre outros. As partidas têm duração de 120 a 160 minutos (e valem cada minuto), e o peso do jogo no BGG é 2.67. O jogo utiliza como principais mecânicas rolagem de dados, tabuleiro modular, diferentes habilidades, jogador/traidor e movimento de área.

O jogo ocupa a incrível posição 47 no ranking geral do BGG (25 no Ludopedia). Isso quer dizer que ele está entre os 50 melhores jogos de todos os tempos, no BGG, que abrange jogos produzidos no mundo todo, desde os primórdios até hoje. Essa é uma prova da incontestável e altíssima qualidade do jogo, que dispensa maiores comentários. Alguém pode até não gostar do Mansions of Madness, mas tem que respeitar.

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Imagem: BGG – Mansion of Madness

O Mansions of Madness também se baseia na exploração de uma mansão, como o Betrayal at House on the Hill, mas sem o traidor vira-casaca. Um personagem pode até enlouquecer e atrapalhar, mas não se torna o vilão a ser batido. Apesar do Betrayal at House on the Hill ser excelente (tirando a questão do idioma), ainda assim o Mansion of Madness é um jogo melhor. Isso porque ele é mais sólido, tem melhores cenários e melhores regras, tem mais expansões (algumas com versão nacional), e tem mais estrutura. Além disso, o jogo também trás miniaturas muito bonitas e com bom nível de detalhamento, apesar de monocromáticas, mas que têm problemas para encaixar na base de suporte. Por esse motivo, o preço é bem salgado, mas vale a pena cada centavo.

O único (e mínimo) “porém” do Mansion of Madness, é que com apenas 3 pessoas o jogo fica muito difícil, e alguém fatalmente acabará morrendo. Porém, jogar com 4 pessoas facilita um pouco a vidas dos jogadores (apenas um pouco, porque o jogo é difícil), mas aumenta muito o tempo de partida. Além disso, as partidas não são tão longas, quanto o Arkham Horror, mas também não são curtas. Um fator positivo é que o jogo tem versão nacional e até mesmo algumas ótimas expansões já foram lançadas nacionalmente. Entre essas expansões o destaque fica com “Ruas de Arkham”, que acrescenta muito ao jogo.

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Imagem: Ludopedia – Ruas de Arkham

Esse jogo foi um dos que melhor aproveitou o uso de recursos digitais, muito em moda ultimamente. Na primeira edição, era necessário fazer uma preparação inicial (set-up) muito demorada, e um pequeno erro poderia levar a partida a um beco sem saída. E o pior é que esse problema só seria descoberto após horas de partida, estragando totalmente a experiência. Por conta disso, a segunda edição passou a usar um aplicativo, que facilita muito o andamento da jogatina. Esse recurso ainda contribui com uma trilha sonora temática muito legal, que aumenta muito mais a imersão das pessoas durante o jogo.

O Mansions of Madness também conta com uma comunidade muito ativa na Internet que está sempre produzindo suas próprias aventuras através do aplicativo Valkyrie. Porém, vale destacar que boa parte desse material não-oficial depende da expansão “Ruas de Arkham”, o que a torna muito necessária.

Vale destacar que o Mansion of Madness é tão bom que até mesmo o famoso RPG de horror Call of Cthulhu possui uma expansão específica do jogo. Assim sendo, por todos os seus méritos, o Mansion of Madness talvez seja, sem nenhum exagero, o melhor board game de horror já feito até hoje.

Os links de vídeos de jogatina são os seguintes:

Mansions of Madness – Gameplay – Covil dos Jogos:

https://www.youtube.com/watch?v=RmMCP7NgCEw&t=7s – 1/2

https://www.youtube.com/watch?v=McVKWSAkcSw&t=10s – 2/2

 

13) ZOMBICIDE

O Zombicide é um jogo, para 1 a 6 jogadores de 2012 (1ª Edição) dos designers Raphael Guiton, Jean-Baptiste Lullien e Nicols Raoult, com arte do aclamado Miguel Coimbra, Nicolas Fructus, Édouard Guiton, entre outros. O tempo de partida é por volta de 150 minutos. O peso do jogo no BGG é 2.54 e sua posição no ranking geral é 579 (252 no Ludopedia). As principais mecânicas do jogo são rolagem de dados, diferentes habilidades, tabuleiro modular e gerenciamento de mão.

Como o nome já diz, Zombicide é um jogo em que os jogadores atuam em equipe, para tentar sobreviver a um verdadeiro apocalipse zumbi. Dessa maneira, ele é um jogo cooperativo, no estilo dungeon crawler, ou jogo de exploração de masmorras (muito embora muita gente discuta isso), e o tabuleiro tem formato de labirinto. Isso faz com que os jogadores tenham de percorrer os corredores (matando ou fugindo dos zumbis no processo), para cumprir missões e assim ganhar o jogo.

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Imagem: BGG – Zombicide

Apesar do tema, esse jogo talvez se encaixe mais no gênero ação/aventura, ou até comédia, do que propriamente no gênero terror. Isso porque o “Zombicide” não é um jogo sério de horror, e deve ser encarado de forma mais leve e na base da palhaçada, como os filmes trash do Ed Wood. O motivo disso é que aqui o objetivo é acima de tudo a diversão, e a estratégia até conta um pouco, mas não é o foco do jogo. Aliado a isso, o Zombicide também envolve muita rolagem de dados, e tudo isso afasta os jogadores mais “sérios”, cerebrais e estratégicos.

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Imagem: Ludopedia – Zombicide 2ª Edição

Um ponto alto do jogo é que ele utiliza uma grande quantidade de miniaturas, que é um grande diferencial para quem aprecia esse recurso. O Zombicide foi e ainda é um enorme sucesso, tendo uma verdadeira legião de fãs no Brasil, e no mundo. Basta dizer que, salvo engano, o Zombicide foi o primeiro jogo a arrecadar um milhão de dólares em um sistema de financiamento coletivo.

Como não poderia deixar de ser, o Zombicide gerou diversas continuações, também chamadas de temporadas ou “seasons”, também ambientadas na época atual, onde se passa o jogo original. Além disso, existem versões ambientadas na Idade Média (Black Plague e Green Horde, que dão uma ótima sensação de partida de RPG) e em um cenário futurista (Invader e Black Ops), no qual os zumbis são substituídos por alienígenas. O jogo também tem uma versão temática, baseada no “cult movie” Night of the Living Dead de George Romero.

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Imagem: BGG – Zombicide Black Plague (portas e mobília não incluída no jogo)

O jogo é um dos que mais teve expansões e material auxiliar, com lançamento nacional. No geral o Zombicide é um jogo excelente, muito divertido e com partidas com boa duração (nem muito curta, nem muito longa). O jogo já foi mais caro, e as versões temáticas ainda são bem caras. Porém, o preço da 1ª edição do jogo original está baixando, com o recente lançamento da 2ª Edição. Além disso, mesmo havendo uma boa quantidade de pessoas que não gosta do jogo, Zombicide é, sem dúvida, uma excelente indicação, tanto para quem curte jogos de horror, quanto para quem curte jogos em geral. Isso sem falar que, aparentemente, a quantidade de pessoas que não curte o jogo é muito menor, do que daquelas o apreciam.

Os links de vídeos de jogatina são os seguintes:

Zombicide (Black Plague) –Gameplay – Covil dos Jogos:

https://www.youtube.com/watch?v=m48lD2jmDaw

 

14) LAST NIGHT ON EARTH

O Last Night on Earth é um jogo, para 2 a 6 jogadores de 2007 do designer Jason C. Hill, com arte de Jack Scott Hill. Seu tempo de partida fica entre 60 e 90 minutos. O peso do jogo no BGG é 2.29 e sua posição no ranking geral é 839 (692 no Ludopedia). As principais mecânicas e características do jogo são gerenciamento de mão, diferentes habilidades, rolagem de dados e tabuleiro modular.

Nem todos sabem, mas o Last Night on Earth é um “irmão mais velho” do Zombicide, que também explora esse universo do apocalipse zumbi. Ele também tende um pouco para o lado comédia, explorando diversos clichês dos filmes do gênero. Sem sombra de dúvida o Last Night on Earth foi uma grande influência na criação do Zombicide. Isso porque, além de explorar a questão da sobrevivência em mundo dominado por zumbis, ambos também usam miniaturas, e se baseiam na coleta de itens e cumprimento de missões, em um mapa no estilo labirinto.

Para cada missão, tanto os jogadores quanto os zumbis têm objetivos e condições de vitória diferentes.

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Imagem: Ludopedia – Last Night on Earth

O jogo é da editora Flying Frog e, como quase todos os jogos da editora, o Last Night on Earth utiliza fotos de atores reais, nas cartas, ao invés de ilustrações. O resultado é muito legal, e como esse é um recurso muito pouco usual, em jogos de board games, ele dá um toque de originalidade aos jogos da editora.

Infelizmente a chance de um lançamento nacional do Last Night on Earth é praticamente nula, até pela idade do jogo, que já tem 15 anos. Havia até uma expectativa de lançamento durante a era dos jogos de zumbi em 2012/2014. Mas nessa época o mercado nacional ainda era praticamente inexistente. Além disso, o Zombicide acabou dominando esse período, o que dificultou o lançamento de outro jogo de zumbi, com miniaturas, e com uma levada mais cômica.

O link do vídeo de jogatina é o seguinte:

Last Night on Earth – Gameplay – Jack Explicador:

https://www.youtube.com/watch?v=7U7PdlbqHIw

 

15) TINY EPIC ZOMBIES

O Tiny Epic Zombies é um jogo para 1 a 5 jogadores, de 2013, do designer Scott Almes e com arte do famoso artista de jogos Miguel Coimbra juntamente com Benjamin Shulman. As partidas têm duração indicada entre 30 e 45 minutos. O peso do jogo no BGG é 2.47 e sua posição no ranking geral é 1.137 (404 no Ludopedia). As principais mecânicas são controle de área, diferentes habilidades, force a sua sorte, tabuleiro modular, rolagem de dados e pegar e entregar.

Os jogadores estão presos dentro de um shopping, e precisam cumprir 3 objetivos. Para isso os personagens precisam vasculhar os diversos cômodos, para achar armas e outros itens, que auxiliem na missão. Eventualmente os personagens podem dar de cara com um zumbi e é preciso matá-lo. Matar um zumbi não é muito difícil. Mas a dificuldade é que os zumbis continuam surgindo o tempo todo.  Por sua vez, o objetivo dos zumbis é evidentemente matar todo mundo.

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Imagem: Ludopedia – Tiny Epic Zombies

Uma das coisas mais divertidas no Tiny Epic Zombies é que ele possui 5 modos de jogo:

1º Modo Cooperativo – O jogo controla os zumbis;

2º Modo “Um Contra todos” – Um dos jogadores controla os zumbis;

3º Modo Competitivo Livre – O jogo controla os zumbis;

4º Modo Competitivo Livre – Um dos jogadores controla os zumbis;

5º Modo Solo.

Portanto, no Tiny Epic Zombies é possível jogar tanto de forma cooperativa, quanto de forma competitiva, bem como utilizar tanto os personagens quanto os Zumbis. Isso gera um mar de possibilidades, e muita diversão, de modo que a rejogabilidade é bem alta.

A produção do jogo é fantástica, com destaque para as armas, a moto e o carro de polícia, feitos de um modo muito inteligente. Os Meeples conseguem encaixar nos veículos e as armas se encaixam nas suas “nas mãos”.

Os links de vídeos de jogatina são os seguintes:

Tiny Epic Zombies– Gameplay – Jack Explicador:

https://www.youtube.com/watch?v=1bMVV3a2wqM

16) CARNIVAL ZOMBIE

O Carnival Zombie é um jogo cooperativo para 1 a 6 jogadores, originariamente de 2013, mas que somente chegou ao Brasil na sua segunda edição em 2022. O designer é Matteo Santus e a arte de Jocularis. O tempo de partida é por volta de 120 minutos. O peso do jogo no BGG é 3.11 e sua posição no ranking geral é 3.618 (1.203 no Ludopedia). Dentre as principais mecânicas utilizadas o destaque vai para movimento programado, pontos de ação, movimento ponto-a-ponto, diferentes habilidades e movimento de área.

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Imagem: BGG – Carnival Zombie 2ª Edição

O jogo se passa em Veneza, durante o seu tradicional carnaval, e daí o seu nome. O problema é que a cidade está localizada bem em cima, do monstro mítico Leviatã. Os alicerces da cidade prendem o monstro no lodo no fundo da lagoa, onde ela se localiza. Porém, em breve ele vai se libertar, arrastando a tudo e a todos para o fundo da lagoa.

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Imagem: Ludopedia – Carnival Zombie -Tabuleiro

Os jogadores precisam encontrar uma rota segura e fugirem, para não perecerem junto com a cidade. O problema é que Veneza está infestada de zumbis. Desse modo, os jogadores precisam lutar contra esses zumbis durante a noite, procurar itens, descansar, e tentar fugir durante o dia.

A arte do jogo é bonita, e há um “rondel” para a marcação dos períodos de dia e noite. Entretanto, para dar um ar bem sombrio ao jogo, o tabuleiro ficou muito escuro. Isso também se aplica ás miniaturas e aos cubos. Essa é uma contradição em relação ao tema do jogo. Isso porque o carnaval de Veneza é justamente caracterizado pelo seu colorido, tanto quanto por suas máscaras. Mas esse é apenas um detalhe.

O link do vídeo de jogatina é o seguinte:

Carnival Zombie – Gameplay – Covil dos Jogos:

https://www.youtube.com/watch?v=J483nMBT-f0

 

17) DEAD OF WINTER

O Dead of Winter é um jogo cooperativo, para 2 a 5 jogadores de 2014 dos designers Jonathan Gilmour e Isaac Veja, e a arte é de David Richards, Fernanda Suárez e Peter Wocken. As partidas têm duração de 60 a 120 minutos, e o peso do jogo no BGG é 3.01. Sua posição no ranking geral é 169 (161 no Ludopedia). As principais mecânicas são rolagem de dados, votação, pontos de ação, gerenciamento de mãos e movimento de área.

O Dead of Winter é outro jogo de zumbi, que utiliza um sistema de jogador/traidor, e que funciona de forma diametralmente oposta ao Zombicide. Enquanto neste a proposta é jogar de forma divertida, descompromissada e na base da zoação, no Dead of Winter a coisa fica muito mais séria, a começar pelo subtítulo (um jogo de encruzilhadas). Assim, no Dead of Winter, além de tentar sobreviver a um inverno rigorosíssimo, com temperaturas capazes de congelar os personagens, eles também têm de lidar com dilemas morais bem sérios.

Após a apresentação do dilema ou encruzilhada é feita uma votação e a maioria do grupo decide por agir de uma forma ou de outra. Um exemplo, desse tipo de questão, acontece quando um grupo de sobreviventes bate às portas da colônia. Nesse momento os jogadores têm duas escolhas e devem decidir por uma delas. A primeira é deixar essas pessoas entrarem, e diminuir a cota pessoal do pouco alimento existente (essas pessoas são dependentes de modo que só consomem e não contribuem com nada). A outra opção é negar a entrada e deixar essas pessoas à própria sorte, e desse modo praticamente condenar todos à  morte. Portanto, definitivamente não é um jogo para crianças.

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Imagem: BGG – Dead of Winter

Os jogadores têm de lidar também com problemas reais que uma colônia teria na luta pela sobrevivência. Dessa maneira, são abordadas questões como alimentação, suprimentos, segurança, a limpeza do lixo, traição, sabotagem, etc. Há também a questão da queda do “moral” da colônia, que se baixar muito determina o fim do jogo, com a derrota dos jogadores. Existe ainda outra diferença do Dead of Winter para o Zombicide, do ponto de vista da produção. Isso porque o primeiro utiliza stands de papelão, para representar os personagens e os zumbis, e o segundo usa miniaturas plásticas.

O jogo teve duas boas, e bem grandes, expansões grandes lançadas nacionalmente. A primeira é a “Noite Sem Fim”, que funciona tanto como expansão, quanto como jogo independente. A segunda expansão é a “Colônias em Guerras”, em que duas colônias disputam os recursos existentes, batalhando uma contra a outra. Essa expansão tem a vantagem de elevar a quantidade de jogadores para 11, mas a desvantagem de exigir não apenas o jogo base como também a expansão “Noite Sem Fim”.

No cômputo geral, o Dead of Winter é um jogo também muito bom, que é mais sério, e explora mais profundamente a questão do relacionamento interpessoal dos jogadores, bem com a gestão de crises, e dilemas morais.

Os links de vídeos de jogatina são os seguintes:

Dead of Winter – Gameplay – Jack Explicador:

https://www.youtube.com/watch?v=WnuvP2dlNAI

 

18) INSONDÁVEL

O Insondável é um jogo cooperativo de 2021, para 3 a 6 jogadores, dos aclamado designer Corey Konieczka (o mesmo do Battlestar Galactica) e a arte é de Henning Ludvigsen. O tempo de partida é bem longo ficando em média em 240 minutos, seu peso no BGG é 2.98 e sua posição no ranking geral é 652 (721 no Ludopedia). O jogo utiliza principalmente as mecânicas diferentes habilidades, gerenciamento de mão e movimento de área.

Esse é outro que esteve em destaque em 2022, por ser uma adaptação do famoso, e lendário, Battlestar Galactica, também do designer Corey Konieczka. O Battlestar Galactica é considerado o melhor jogo envolvendo o elemento jogador/traidor, da história dos jogos modernos. Infelizmente se tornou inviável uma nova tiragem do jogo. Isso se deve, principalmente devido a dificuldades com direitos autorais da série e com os direitos de imagem de seus atores e atrizes. Desse modo, a editora optou por relançar o jogo com uma nova roupagem, ambientada no universo lovecraftiano, e com regras atualizadas.

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Imagem: Ludopedia – Insondável

O jogo é muito sólido e se passa nos anos 20/30, durante uma viagem do barco “SS Atlantica”. O objetivo dos jogadores é sobreviver ao ataque de seres das profundezas, e chegar sãos e salvos ao seu destino. O problema é que um dos jogadores na verdade é um agente infiltrado, cujo objetivo é sabotar a viagem e fazer com que os jogadores percam.

Esse jogo já esteve mais caro, mas o preço está baixando. O único problema é que as partidas também são muito longas, mas também verdadeiramente épicas, com todo bom “jogo evento”.

Os links de vídeos de jogatina são os seguintes:

Insondável – Regras e Gameplay – Covil dos Jogos:

https://www.youtube.com/watch?v=glaRyzRNJLM&t=241s

 

19) THE THING: THE BOARD GAME

O The Thing: The Board Game é um jogo cooperativo, para 2 a 8 jogadores de 2022 dos designers Giuseppe Cícero e Andrea Crespi, e a arte de David Corsi e Riccardo Crosa. As partidas têm duração indicada de 90 minutos, mas na realidade elas são bem mais longas. Entretanto, esse é um caso raro entre os board games modernos, de um jogo médio e com muita estrutura, que comporta grupos grandes, sem tornar o tempo de partida inviável. O peso do jogo no BGG é 3.01, e sua posição no ranking geral é 169 (161 no Ludopedia). As principais mecânicas são movimento de área, votação, jogador/traidor e rolagem de dados.

Esse jogo é uma adaptação do clássico de horror de 1982 “O Enigma de Outro Mundo” dirigido pelo fantástico James Carpenter, e estrelado por Kurt Russell e muitos outros. É um jogo mais ou menos no esquema do Insondável, em que os personagens tentam sobreviver e escapar da “Coisa”, uma entidade alienígena, que infectou um dos personagens. Um destaque fica por conta da utilização de stands de papelão para representar os personagens. Essa é uma forma de baratear o preço. Além disso, isso atende àqueles que fazem questão de miniaturas, porque elas podem ser compradas separadamente.

 

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Imagem: BGG – The Thing Board Game

A produção ficou realmente muito caprichada. O tabuleiro do jogo é composto de diversos cômodos, que compõem a base onde os personagens do filme ficam presos junto com a “Coisa”. Só que os jogadores não sabem quem está infectado ou não. Cada personagem possui um mini-tabuleiro próprio, com suas habilidades especiais. O jogo também tem diversos tipos de cartas, representado locais, armas, ações, itens, e se o jogador é um aliem ou um humano.

A cada rodada o líder da vez vai determinar o que cada jogador vai fazer, através de um sistema de cartas de ação. Uma vez realizada a ação, os jogadores voltam a se reunir na área de lazer, onde discutem o desempenho de cada um, comentam a atuação do líder, e trocam acusações entre si, podendo inclusive escolher outro líder. Como todo bom jogo cooperativo, o The Thing é difícil de vencer. Os jogadores vencem se conseguirem fugir, sem levarem junto nenhum infectado e nem deixar nenhum humano para trás, na base. Se alguma dessas duas coisas acontecerem, quem ganha é o jogo, ou, melhor dizendo, os aliens.

Confira aqui uma análise aprofundada do jogo The Thing: The Boardgame.

O jogo está com um preço um pouco mais em conta do que o Insondável, e o tempo de partida é menor. Porém é preciso ter cautela quanto a isso, porque normalmente as partidas dos jogos, principalmente daqueles calcados na narração, costumam duram muito mais tempo do que a caixa indica. Apesar disso, a adaptação do filme para o jogo ficou muito boa. Existe uma ótima resenha do jogo, no site Maxiverso.

Os links de vídeos de jogatina são os seguintes:

The Thing: The Board Game – Gameplay – The Gamefather:

https://www.youtube.com/watch?v=YYIh-j2poaQ

 

20) GHOST STORIES

O Ghost Stories é um jogo cooperativo de 2008, para 1 a 4 jogadores do célebre e premiado designer Antoine Bauza, com arte de Pierô. As partidas são rápidas e têm duração de 60 minutos. O peso do jogo no BGG é 2.90, e sua posição no ranking geral é 328 (515 no Ludopedia). O jogo utiliza as mecânicas diferentes habilidades, tabuleiro modular, rolagem de dados e movimento de área.

Esse é o representante do gênero horror oriental dessa lista. Por conta disso, é preciso esclarecer que no oriente, a relação com os espíritos, principalmente dos ancestrais, é bem diferente daquilo que ocorre no ocidente. No Ghost Stories os jogadores são monges taoistas, que defendem uma vila dos espíritos malignos invocados por um imperador do mal, Wu-Feng, que foi banido para o inferno.

O jogo funciona no estilo “tower defense”, por isso, os jogadores ocupam uma área central que deve ser defendida dos inimigos ao seu redor. O objetivo é matar a atual re-encarnação do próprio imperador do mal em pessoa. O Ghost Stories é um bom jogo e bem difícil de vencer. São várias formas de perder e apenas uma de ganhar.

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Imagem: BGG – Ghost Stories

Uma característica interessante do Ghost Stories é que os quatros monges taoistas estão sempre em jogo, independente do número de jogadores. Desse modo, mesmo que haja apenas dois jogadores, cada um deles controlará dois monges. Isso porque são necessárias as habilidades de todos os monges para vencer o jogo.

Esse é um jogo que dificilmente terá um lançamento nacional, porque ele já tem quase 15 anos de idade, e, portanto, é um jogo antigo. Além disso, já existe outro jogo, bem mais recente, o Last Bastion, do mesmo designer e artista, que reimplementa e atualiza as regras, mas com um tema de fantasia medieval.

Os links de vídeos de jogatina são os seguintes:

Ghost Stories – Gameplay – Jack Explicador

https://www.youtube.com/watch?v=fEZ-fkhPwRs

 

Com isso, chega ao fim essa segunda parte da enciclopédia com alguns dos melhores jogos de tabuleiro de horror, que com certeza agradarão os amantes do gênero.

 

Um forte abraço e boas jogatinas!

 

Iuri Buscácio

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Iuri Buscácio

Leitor voraz de filosofia, teatro, literatura brasileira e estrangeira, suspense, e de romances históricos, de fantasia e ficção científica, além de ser fã de quadrinhos americanos e europeus, desde os tempos da saudosa Ebal, amante do cinema e das séries, e também um grande entusiasta e pesquisador dos jogos de tabuleiro, tanto clássicos quanto modernos, cuja trilha sonora é o bom samba, a MPB de qualidade, black music e música pop dos anos 70 e 80.

10 thoughts on “Pequena “Enciclopédia” Sobre Board Games de Horror – Parte 2

    1. Cara Maria Hill

      Tanto o Insondável quanto o The Thing são jogos excelentes. A única contraindicação é que nos dois casos as partidas demoram muito tempo. Com isso, em uma reunião com os amigos, quase que só dá para jogar uma única partida desses jogos, a menos que o encontro dure o dia ou a noite inteira.

      Mas se você e seus amigos têm disposição para passar algumas horas ao redor de um tabuleiro, curtindo um bom jogo de horror, tanto o Insondável quanto o The Thing são ótimas opções.

      Um forte abraço e boas jogatinas!

      Iuri Buscácio

    2. Maria, o Insondavel e o The Thing tem uma pega muito parecida, mas como dito no texto o Insondavel é uma releitura do BSG e isso traz um problema: partidas de 5 horas ou mais, na maioria das vezes. Ja o The Thing é muito mais econômico, vc joga partidas de 2 horas na maioria das vezes, sendo que uma partida excepcionalmente longa do The Thing chega a no maximo 3 horas, mas isso ocorrerá uma vez a cada 20.

    3. Caro Dimm

      No caso do The Thing é preciso considerar que existe uma diferença grande entre jogar com quem já conhece o jogo, e ter de explicar para pessoas que nunca jogaram, nem ele, nem qualquer outro board game. Com isso, o tempo de explicação das regras e de tirada de dúvidas, aumentam muito o tempo de jogatina.
      Também precisa entrar na conta, o tipo de pessoa com quem se vai jogar. Para grupos mais rápidos e objetivos, as partidas duram menos, mas para pessoas que gostam mais de discutir ou mais difíceis de convencer, a partida pode durar muito, mas muito mais. Nesse caso, eu acho recomendável estabelecer um tempo limite para as discussões, se não for possível chegar a um consenso dentro desse tempo, a questão é resolvida por votação ou qualquer outro critério.
      Por isso, em se tratando de uma partida de The Thing com jogadores iniciantes, eu acho mais seguro estabelecer uma média de duração entre três ou três horas e meia. Com um grupo já experiente, a coisa muda de figura e eu acho que dá para jogar em duas horas e meia, mas não muito menos do que isso. Tudo vai depender do grupo com que se joga.

      Um forte abraço e boas jogatinas!

      Iuri Buscácio

  1. Prezaso sr Iuri estou fazendo fichas com essas informações para meu grupo definir quais jogos quer comprar, adorei as comparações entre alguns dos jogos e ate deixo aqui uma sugestão: depois que vc fizer a enciclopedia de ficção cientifica hahaha vc poderia fazer textos comparando dois jogos parecidos e “rivais”, por exemplo, Gaia x Terra Mistica, TI 4 x Ascenção o 2o Despertar, Terraforming Mars x On Mars, tal qual Eldritch x Elder Sign, o que vc acha?

    1. Caro Joy Cômitte

      A ideia de uma lista sobre jogos de ficção científica é muito boa. Infelizmente, apesar de ser muito fã de livros ficção científica (já li muito Asimov, Bradbury, entre outros), paradoxalmente, eu não curto muito, jogos com esse tema.
      Por isso para fazer uma lista assim eu teria de falar de jogos que eu não joguei ou joguei muito pouco. E isso não me agrada muito. Isso sem falar que existe gente muito mais capacitada do que eu, para abordar jogos com essa temática. Mas vou pensar com carinho na sugestão.
      Quanto aos textos comparativos, já existem diversos vídeos no YouTube e no Ludopedia, fazendo exatamente isso, em especial o conteúdo do Paladino Monge.
      Além disso eu prefiro escrever sobre temas mais abrangentes e gerais.
      Por fim, obrigado por prestigiar o meu texto.

      Um forte abraço e boas jogatinas!

      Iuri Buscácio

  2. parabens pela compilação ficou ótima, tb li a resenha do Enigma de Outro Mundo e achei muito boa, vcs estão fazendo um bom trabalho na linha dos jogos, ja estou aguardando novosposts sobre isso

    1. Caro Antoine

      Muito obrigado. Fiquei muito satisfeito que você tenha gostado. Pode aguardar que dentro em breve sairão novos textos sobre board games.

      Um forte abraço e boas jogatinas!

      Iuri Buscácio

    1. Caro Ernesto Alves

      Muito obrigado, camarada. Dentro em breve sai a terceira parte da pequena “enciclopédia”, com os jogos dos monstros clássicos.

      Um forte abraço e boas jogatinas!

      Iuri Buscácio

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