A modernização de Hercule Poirot e Sherlock Holmes
Não há nenhuma dúvida de que no imaginário popular, Sherlock Homes de Conan Doyle é verdadeiramente o arquétipo do conceito de detetive. No entanto, tirando esse exemplo hors concours, nenhum outro personagem representa tão bem a figura do detetive quanto o Hercule Poirot de Agatha Christie.
Os dois personagens são muito distintos e praticamente opostos. Sherlock Holmes é inglês, alto, magro, têm cabelo, não usa bigode, e é predominantemente físico. Seu método investigativo se baseia na busca por evidências físicas. Por outro lado, Hercule Poirot é belga, baixo, obeso, calvo, usa um enorme bigode, e é predominantemente intelectual. Seu método investigativo se baseia no raciocínio e no uso das famosas “células cinzentas”. Resumindo, Sherlock Holmes é um herói de filmes de ação e Hercule Poirot é um herói de filmes de drama.
A própria técnica literária dos dois escritores é diferente, e muito influenciada pelo fato de Hercule Poirot que surgiu em 1921, ser mais moderno que Sherlock Holmes, cuja primeira aparição é de 1887.
O grande poder de dedução de Sherlock Holmes se mostra no meio da trama (especialmente nas adaptações para o cinema e as séries). Quando o detetive inglês encontra uma pessoa pela primeira vez, ele já sabe quase tudo a respeito dela. E isso antes mesmo que a pessoa diga uma única palavra.
Albert Finey e Basil Rathbone
Hercule Poirot, por ouro lado, vai coletando as pistas durante toda a narrativa e ao final reúne todos os personagens em uma sala e soluciona o mistério. Inclusive essa é uma das coisas mais divertidas nos romances de Agatha Christie. Na maioria dos livros (não todos), as pistas necessárias para a solução do caso são reveladas ao longo de toda a história. Mas isso é feito de tal maneira, que dificilmente alguém consegue notar essas pistas e incongruências durante a leitura. As pistas ficam escondidas à vista de todos, e talvez por isso, sejam tão difíceis de enxergar. Essa é uma das provas da genialidade da escritora britânica. Como não poderia deixar de ser, ao final do livro acontece uma reviravolta na história, e o culpado é o personagem de quem menos se desconfiava.
Com isso, as histórias de Poirot são mais adequadas a um público mais moderno, acostumado com histórias de detetive, no qual o mistério só é revelado no clímax final. Isso é até compreensível porque mesmo não sendo tão grande a distância entre o surgimento dos dois personagens (apenas 34 anos de separação), o mundo e a sociedade passaram por enormes transformações nesse período. Só para citar algumas, vale destacar o fim da Era Vitoriana, a Belle Epoque, a 1ª Guerra Mundial, a Revolução Russa, o fim dos Impérios Otomano e Austro-Húngaro e o surgimento do Nazismo e do Fascismo. Assim, o grande sucesso comercial dos livros de Agatha Christie, ao longo de todo o século XX, certamente foi uma grande influência na forma como funcionam as histórias e filmes de mistério moderno.
Peter Ustinov em “Morte Sobre O Nilo” (1978)
Atualmente, ambos, Sherlock Holmes e Poirot têm passado por um processo de modernização, que inclusive tem alterado a própria essência desses dois personagens. O objetivo disso foi torná-los mais vendáveis, para as novas audiências. Algo nesse sentido foi tentado, no caso de Hercule Poirot, nos anos 80, em filmes sofríveis diretamente para a TV, estrelados por Peter Ustinov (“Tragédia em Três Atos”, “Treze à Mesa” e “Extravagância do Morto”). Essa foi uma tentativa de aproveitar o sucesso dos excelentes “Morte Sobre O Nilo” de 1978 (imdb: https://www.imdb.com/title/tt0077413/?ref_=nv_sr_srsg_0) e “Assassinato Num Dia de Sol” de 1982 (imdb: https://www.imdb.com/title/tt0083908/?ref_=nm_flmg_t_29_act).
A tentativa de transportar para os anos 80, histórias (e um personagem) ambientadas originalmente nos anos 20/30, e adequados à sociedade da época, foi um retumbante fracasso. Tanto que o filme seguinte “Encontro Marcado com a Morte” (1988), também com Peter Ustinov, voltou a ser ambientado nos anos 20/30. Além disso, esse filme foi lançado nos cinemas, e não diretamente para a TV.
Agatha Christie’s Poirot com David Suchet
Essa “volta às origens” também ocorreu na série britânica de enorme sucesso “Agatha Christie’s Poirot”, estrelada por David Suchet. Muitos consideram essa série e suas histórias, com toda a razão, como a melhor adaptação e personificação do famoso detetive belga, mesmo sem ser exclusivamente baseada nos livros canônicos.
O Sherlock Holmes dos filmes de Roberto Downey Jr. e da série de Benedict Cumberbatch é praticamente um “Jason Bourne” ou “James Bond” do mundo da investigação. Nos dois casos Sherlock Holmes é basicamente um herói de ação, no melhor estilo “testosterona oitentista”. Basta citar a cena em que Robert Downey Jr. participa de uma luta de boxe clandestina no submundo. Merece destaque também a passagem de Benedict Cumberbatch por uma prisão russa.
Sherlock Holmes de Robert Downey Jr.
Claro que no “background” do personagem consta a sua proficiência em boxe, e isso é utilizado como justificativa para retratá-lo de forma tão “aventureira”. Além disso, o personagem também é conhecido pelos contatos no submundo e pelo uso de disfarces. Mas ele é antes de tudo um cavalheiro profundamente vitoriano. E isso definitivamente não combina com a técnica de “resolver no braço”, utilizada principalmente por Robert Downey Jr.
Sherlock Holmes de Benedict Cumberbatch
Se esse “background” de Sherlock Holmes serve como justificativa para a sua transformação em um herói de ação, no caso de Hercule Poirot não há a menor desculpa para isso.
Em seus dois filmes mais recentes, Kenneth Branagh retrata Poirot perseguindo um suspeito, em cima do trem (Assassinato no Expresso do Oriente), e no convés do navio (Morte Sobre o Nilo). E pior ainda, ele suja deliberadamente um de seus sapatos em bosta de cavalo, só para combinar com o outro, sujado não intencionalmente. Isso é totalmente incompatível com um “dândi” como Poirot. Além disso, em “Morte Sobre o Nilo” de Branagh, Poirot dispara um revólver para o alto para chamar a atenção dos demais protagonistas. Essas discrepâncias prejudicaram muito o resultado final dos filmes e acarretaram uma avalanche de críticas, principalmente daqueles que assistiram as adaptações mais antigas.
Hercule Poirot de Kenneth Branagh
No mais recente sucesso da Netflix, “Glass Onion”, o personagem principal, de Daniel Craig não é uma representação direta de Poirot, mas apresenta semelhanças inacreditáveis, com o detetive belga. Essa semelhança não ficou tão marcada no filme anterior “Entre Facas e Segredos”, mas no “Glass Onion” ela é mais evidente. Isso porque os dois têm um estilo de vestuário exagerado (camisa de botão e lenço no pescoço, dentro de uma piscina!!!). Ambos possuem nomes afrancesados. A soberba dos dois também é marcante, vez que ambos se consideram os maiores detetives do mundo. Isso para não falar do ar exageradamente afetado dos dois personagens. Da mesma maneira, Benoit Blanc usa o mesmo recurso da reunião final dos protagonistas, para explicar e desvendar a trama. Aos interessados vale uma olhada na excelente crítica desse seriado aqui no Maxiverso: https://maxiverso.com.br/blog/2023/01/10/critica-glass-onion-um-misterio-knives-out/
Glass Onion da Netflix
Entretanto as semelhanças param por aí. Isso porque fisicamente Daniel Craig não tem absolutamente nada de sedentário. Apesar de já estar velho demais para papel do famoso espião, Daniel Craig continua tendo uma figura fisicamente muito mais próxima de James Bond, do que de Hercule Poirot. Isso sem mencionar o quão inconcebível seria imaginar Hercule Poirot estapeando outro personagem da trama. Por conta disso, e apesar das semelhanças apontadas anteriormente, muito provavelmente o Benoit Blanc de Glass Onion, é acima de tudo uma “homenagem”, decorrente da forte influência da obra de Agatha Christie. O mesmo não se pode dizer do Poirot de Kenneth Branagh que é uma releitura dos filmes setentistas, com Peter Ustinov e Albert Finney.
Nesse processo de modernização, sem sombra de dúvida, os filmes de Sherlock Holmes de Robert Downey Jr. resultaram em um produto muito melhor que os filmes de Poirot de Kenneth Branagh.
Já no caso dos seriados (Sherlock e Poirot), apesar do resultado de ambos serem muito bons, nesse caso, a balança pende para Poirot.
Sherlock Holmes de Peter Cushing
Claro que as novas audiências talvez achem as novas versões excelentes. Isso é especialmente verdade, para aqueles que não assistiram nem os filmes de Poirot dos anos 70, ou o seriado dos anos 80, nem os filmes de Sherlock com Basil Rathbone dos anos 40 ou o seriado dos anos 60 com Peter Cushing. Mas para quem teve a sorte de assistir essas obras mais antigas, as versões “modernizadas” ficam um pouco aquém do esperado.
Assim sendo, vale a pena, embora trabalhoso, utilizar a poderosa ferramenta que é a Internet para conferir as versões mais antigas (e melhores), como os dois mais famosos detetives da história.
Um forte abraço e boas jogatinas!
Iuri Buscácio
Iuri Buscácio
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Comecei a ler Sherlock Holmes, por volta de 1987, exatamente 100 anos que o personagem foi lançado. A editora Círculo do Livro, começou a lançar a coleção, em 7 volumes com os romances e contos. Eu devia ter 15 anos e já gostava do personagem, pela mídia tipo filmes, séries, quadrinhos, etc, mas nunca tinha lido os livros. Então foi uma verdadeira paixão. Mas depois fiquei decepcionado, pois esta série da Círculo do Livro, era editada, isto é, os textos, pareciam ser íntegros, mas na verdade, eles foram editados , para suavizar os crimes ou as citações as drogas, que desaparecem na leitura…então eu acabei comprando, mas perdi a vontade de ver os dois últimos volumes….Hoje estou refazendo a biblioteca, com versões melhores dos livros, estou comprando as edições da Zahar, que possuem inclusive textos explicativos , referências, verbetes interessantes sobre lugares e costumes do período victoriano.
Ao longo dos anos, assisti a vários filmes, séries e outros dedicados a Sherlock. Algumas eu cheguei a abominar. A minha série de TV querida, e uma que mais chegou perto dos romances originais, sem criar novas estórias, mas ser as versões quase fieis ao que foi escrito, foi a série da TV Granada exibida entre 1984 a 1994. E pra mim, o ator Jeremy Brett , foi a melhro encarnação de Holmes já feita. Eu mesmo escrevi um texto bacana aqui:
https://maxiverso.com.br/blog/2018/10/11/sherlock-holmes-1984-1994/
mas gosto também do filme “O Cão de Basquerville” do Cushing, A Vida Privada de Sherlock Holmes e Visões de Sherlock Holmes….e também aquele filme que o Spielberg produziu, “O Enigma da Pirâmide”. Exitem vários outros filmes e série boas também, acho que a série moderna da BBC , é interessante …e os filmes do Robert Downey Jr, são divertidos…e só.
Não posso opinar sobre o Poirot, pois não gosto de Agatha Christie.
se o autor me permite, eu discordo da definição que ele dá no início… Holmes nunca foi um personagem físico, mesmo sendo lutador de boxe… isso é uma ideia que os filmes do Homem de Ferro acabaram transmitindo, mas ele nunca foi assim, vc conta nos dedos algum momento de “ação” nos contos e novelas que tem o Holmes… e o Poirot ja definiu várias vezes ele mesmo seu método de investigação: ele conversa com as pessoas e deixa elas falarem a vontade, vai dando corda pra elas se enforcarem, ate que acabam falando algo que nao devia e assim ele vai montando o quebra cabeças… resumindo: é um conversador e estimulador de fofoca kkk inclusive em um dos livros o Poirot cita o Sherlock Holmes dizendo que jamais tiraria da cartola uma dedução “a la Sherlock Holmes” pq aquilo era impossível, em uma espezinhada da autora para com o maior dos detetives… Holmes não baseia sua investigação em indícios físicos, ele observa e deduz, com inteligência, ou ouve e deduz, com mais inteligência ainda, chegando ao resultado sempre correto… Poirot usa muito menos o intelecto, ele praticamente usa o método da conversa e vai coletando as informações até ter o quadro geral do caso, já Holmes, esse sim usa o intelecto (que em momentos de ócio chega a ficar tão insuportável que ele precisa usar cocaína pra dar uma “desligada”)… Holmes ouve e vê, analisa e deduz a resposta do problema… Poirot vai ouvindo as pessoas contarem os fatos pra ele até que consegue montar o quadro completo do problema… como curiosidade eu cito uma serie recente do Poirot chamada Os Crimes ABC, baseada o livro de mesmo nome e com o ator John Malkovic, a série é um lixo completo, uma aberração, Poirot parece um debilmental nela, não assistam jamais
Caro Evileno Magrini
Talvez o meu ponto não tenha ficado muito claro. Não é que eu ache que o Sherlock Holmes não use o intelecto, muito pelo contrário, ele usa bastante. Porém, na comparação com o Poirot, o detetive inglês está muito mais próximo de um herói de ação do que o detetive belga.
Poirot não se importa tanto em visitar o local do crime, nem de colher evidências físicas, como Holmes. O método de Poirot é entrevistar as pessoas, ver os que elas dizem e analisar de forma muito racional e muito meticulosa os seu relatos, em comparação com o aquilo que ele sabe. É o uso das células cinzentas.
Holmes, por outro lado, também faz um uso absurdo de sua capacidade intelectual, mas além disso, a ação também está presente nos seus métodos investigativos. É por isso que os filmes de Robert Downey Jr., não causam tanta estranheza quanto os filmes do Kenneth Branagh, para quem está devidamente familiarizado com as obras de Arthur Conan Doyle e de Agatha Christie. Holmes é intelecto e racionalidade, mas a ação também está lá, enquanto que Poirot não tem nada de ação. O próprio tipo físico demonstra isso. Poirot já é um senhor, um policial aposentado, um pouco obeso, enquanto que Holmes é mais jovem, mais magro e mais atlético.
Independente disso, não há dúvida de que Holmes usa tanto o intelecto quanto Poirot, a ação no caso de Holmes é apenas um “algo a mais”.
Um abraço.
Iuri Buscácio
nao achei os filmes do Branagh ruins nao, tem uma ou outra coisa ruim neles, mas os filmes sao bons, nao confunda minha mente kkkkkkkkkkkkkkkkkk pq sempre que vao adaptar Agatha Cristie começam com Morte no Nilo e Assassinato no Expresso do Oriente? tam algum lance de direitos autorais diferente nessas duas obras?
verdade, do mesmo jeito que modernizaram o Sherlock e fizeram ele ser um personagem de ação, modernizaram o Poirot e fizeram ele tb ter mais ação nos filmes, normal, nao é so por isso que os filmes sao ruins nao, sao otimos filmes
Caro Beni Slide
Na verdade, não há nenhum problema de direitos autorais com o “Morte no Nilo” e o “Assassinato no Expresso do Oriente”, a opção do Kenneth Branagh por adaptar esses dois filmes provavelmente se deve ao fato dos dois serem as melhores adaptações cinematográficas, e de maior sucesso comercial, da Agatha Christie. E esse é justamente o problema dos filmes do Kenneth Branagh.
Agatha Christie publicou Assassinato no Expresso do Oriente em 1934 e Morte no Nilo em 1937. Nessa época, o mundo era outro e a sociedade era outra. Tanto mulheres, quanto pessoas não-caucasianas eram cidadãos de segunda classe, e essa era a normalidade da época. Obviamente isso está errado aos olhos de hoje, mas era o correto nos anos 30. Já os filmes foram feitos nos anos 70, quando, apesar de muita coisa já ter mudado na América (movimentos pelos direitos civis, revogação das leis Jim Crow, e luta pela emancipação feminina), ainda não havia no cinema, essa noção da necessidade de aumentar a representatividade.
Quando a pessoa pega uma obra que foi produzida nessa realidade social e tenta modificá-la para atender às exigências comerciais da sociedade atual, imediatamente surgem situações que não fazem o menor sentido. Sem querer dar spoilers, mas, nos anos 30, a alta sociedade europeia não aceitaria nem mesmo um garçom negro na primeira classe, imagina se aceitaria um passageiro, mesmo que fosse um médico. Um casal inter-racial então, seria totalmente impensável. Do mesmo modo, nenhuma escola para moças de prestígio aceitaria uma estudante negra, mesmo que a família fosse milionária (o que não é o caso no filme), e também nem mesmo as mais libertinas das mulheres seria vista em público dançando de forma tão erótica.
Mas o pior dos filmes do Kenneth Branagh não é nem isso. O que eles têm de ruim é que tentam de todas as formas possíveis desvirtuar o Poirot, para caber naquilo que o diretor e os produtores acreditam ser o que mais agradará ao público.
É por isso que eu digo que para as novas audiências, que não leram os livros, nem viram os filmes dos anos 70, as versões do Kenneth Branagh talvez até sejam bons filmes. Mas para quem conhece a obra da Agatha Christie, e viu as adaptações dos anos 70, que são muito mais fiéis aos livros, não tem a menor comparação.
Por fim não é uma questão de gosto, mas sim de ser fiel à fonte original (os livros) ou não, e nesse quesito as adaptações do Kenneth Branagh pecam muito além do aceitável.
Um abraço.
Iuri Buscácio
Sou leitor de carteirinha dos dois detetives hahaha. Li todos os livros do Doyle e a maioria da Agatha Christie que tem o Poirot. Acho que a melhor adaptação de Sherlock Holmes para as telas é o filme O Cão dos Baskervilles, que além de suspense e mistério tem um belo quê de terror. O filme, a maior produção da mítica Hammer até então, conta com Cushing na pele do detetive e o astro Christopher Lee como o Baskerville principal da história. O sucesso de público e crítica propiciou a famosa série posterior, estrelada pelo mesmo Cushing. Eu tinha esse filme em VHS e assistia sempre com meu pai. Os filmes recentes com o Downey Jr são filmes de ação muito bons, como vc disse, quase filmes do Jason Bourne, o que entendo ser necessário pra aumentar a audiência e cativar públicos novos para o detetive mais famoso da História, porém quase sem apelo comercial nos dias de hj em que a velocidade da edição de um filme e as sequências de luta, perseguição e tiroteios é que atraem o grosso do público.
Caro Ralph
Meu camarada é exatamente assim que eu penso. Tanto o Sherlock Holmes do Robert Downey Jr. e o Poirot do Branagh foram reduzidos a meros heróis de ação, para tornar seus filmes mais “vendáveis”. Veja bem, não tenho absolutamente nada contra heróis e filmes de ação, muito pelo contrário. Só acho que isso não combina com nenhum desses dois personagens.
No mais também adoro “O Cão dos Baskervilles” de 1959, com o Peter Cushing, muito embora, fique muito dividido entre a interpretação dele do Sherlock Holmes e do Basil Rathbone, apesar dos filmes deste serem inferiores.
Um abraço.
Iuri Buscácio
o que vc acha da serie do Holmes com o Cunterbach e o “Bilbo Bolseiro”?
Ale Thea
Eu acho a série Sherlock do Cumberbatch ótima. Porém, essa modernização tem algo que me incomoda.
Uma das maiores características do Sherlock Holmes, é que ele “bate o olho” e já compreende tudo de uma cena de crime ou de uma pessoa. Por outro lado, atualmente, quase tudo é feito no computador, as técnicas forenses são super avançadas, existe coleta de DNA, e etc. ,
Claro que ainda há espaço para a mente dedutiva, afinal o computador por si só não resolve o crime sozinho. Mas a impressão que eu tenho é que essa análise dedutiva das evidências, “no olho”, perdeu um pouco da importância.
Por isso, no que pese a série ser excelente, um Sherlock Holmes nos dias atuais, me parece um tanto o quanto “deslocado”. Mas essa é a penas a minha impressão, evidentemente.
Um abraço.
Iuri Buscácio
Morte no Nilo com Yustinov é bem legal, mas da pra ver um vidro ao lado da cobra qd ela aparece na cabine do Poirot, da pra ver que tem uma vidro separando eles, pq tem reflexo da pia
Caro Dr. Alexandre
Certamente filmar em locação, e em situações reais, tem suas desvantagens. Não dava para colocar um cobra na mesma cena que um ator, sem as devidas medidas de segurança. Aliás, para ser sincero, até acho essa cena desnecessária, porque salvo engano, ela não está no livro, e foi incluída no filme para dar um toque a mais de emoção e ação.
Por outro lado, mesmo com essa limitações, filmar em locação ainda fica muito melhor do que filmar tudo em estúdio e acrescentar os cenários em CGI, como foi feito praticamente em todo o filme do Kenneth Branagh. O resultado foi de uma artificialidade que não tem tamanho.
Claro que alguns filmes não tem jeito. Só para pegar um exemplo, não dá para imaginar produzir um filme “catástrofe” (2012, Impacto Profundo, O Dia Depois de Amanhã), os filmes de ficção científica como Independence Day ou os da série dos Transformers, sem ser com muita computação gráfica pesada. Aliás, essa é uma das maiores críticas a esses filmes, especialmente os do Michael Bay.
Porém, filmes que se desenrolam em situações reais, como é o caso do “Morte no Nilo”, não têm nenhuma ou quase nenhuma necessidade disso, a não ser, talvez, diminuir os custos e o tempo de produção, e aumentar os lucros da produtora. O filme rende mais, mas o resultado não é melhor.
Um abraço.
Iuri Buscácio