Em 1984 os cinemas estavam bastante agitados com vários lançamentos interessantes que se tornariam campeões de bilheteria e cults: Gremlins, Os Caça-Fantasmas, Um Tira da Pesada, Indiana Jones e o Templo da Perdição, entre entre outros.
Mas um dos filmes que ninguém esperava muito, pois seu diretor/roteirista era pouco conhecido e vinha de produções ‘B’s (como… Piranha II) no currículo, chegou aos poucos sem querer muito espaço e foi crescendo a ponto de alguns meses depois já ter lucrado 10 vezes o valor de seu orçamento, tornando-se cult e gerando uma franquia lucrativa com continuações muito esperadas, além de se tornar um dos maiores marcos da História do cinema.
Esse filme pouco ambicioso, O Exterminador do Futuro (The Terminator) falava sobre os perigos da robótica, as inteligências artificiais e paradoxos temporais, em uma época em que o público ainda tinha poucas informações ou nem noção certas sobre esses assuntos (até então restritos aos nichos de fãs de ficção científica hardcore e quadrinhos). O longa ainda serviu de alerta sobre as novas tecnologias que nas mãos de pessoas inescrupulosas poderiam colocar em risco a humanidade…
Na sinopse do filme: Em um futuro próximo, a guerra entre humanos e máquinas foi deflagrada. Com a tecnologia a seu dispor, um plano inusitado é arquitetado pelas máquinas ao enviar para o passado um androide (Arnold Schwarzenegger) com a missão de matar a mãe (Linda Hamilton) daquele que viria a se transformar no futuro líder da resistência e seu pior inimigo. Contudo, os humanos também conseguem enviar um representante (Michael Biehn) para proteger a mulher e tentar garantir o futuro da humanidade.
Surge James Cameron
O cineasta canadense James Cameron, quando jovem no início dos anos 70, havia se mudado para os EUA com sua família, onde iniciou estudos em física pela Universidade do Estado da Califórnia, mudando posteriormente para o curso de língua inglesa e novamente para filosofia, mas nunca completou nenhum curso. O que ele gostava na faculdade era de visitar o acervo do arquivo de filmes da universidade.
Ao ver aquele filme, Cameron abandonou o emprego de caminhoneiro e passou a se dedicar em tempo integral à indústria cinematográfica de alguma forma. Cameron conheceu o cineasta Roger Corman, conhecido como “Rei dos Filmes B’s” e continuou aprendendo novas técnicas de filmagem e começou a inventar um modelo de uma mini câmera no Roger Corman Studios. Com pouco orçamento, aprendeu a trabalhar de forma rápida e eficaz e logo produziu seu primeiro filme, Battle Beyond the Stars (dirigido por Corman) em 1980. Um ano mais tarde, trabalhou nos efeitos especiais do cult Fuga de Nova Iorque (Escape from New York) dirigido por John Carpenter (da obra prima Enigma de Outro Mundo) e no mesmo ano serviu de designer de produção do filme Galáxia do Terror (Galaxy of Terror). Como tinha trabalhado nos estúdios de Corman como assistente de Efeitos Especiais em Piranha (1978), foi convidado para sua estreia como diretor na continuação, Piranha 2: Assassinas Voadoras (1982), assim sua carreira começou a ficar consolidada, mesmo só tendo trabalhado em produções de baixo orçamento.
O Exterminador começa a nascer
Em 1982, inspirado pelo filme de terror Halloween – A Noite do Terror (1978) de John Carpenter, bem como por um pesadelo sobre um assassino robô invencível enviado do futuro para assassiná-lo, durante uma noite horrível e febril que Cameron teve durante a premier de seu primeiro filme, Piranha II, em Roma, Itália, ele então começou a colocar uma ideia no papel para seu futuro filme.
Acontece que o agente de Cameron não gostou do conceito inicial do filme de terror e solicitou que ele trabalhasse em outra coisa. Depois disso, Cameron dispensou seu agente. Após isto, o cineasta voltou para Pomona, Califórnia, e ficou na casa do escritor de ficção científica Randall Frakes, onde escreveu o rascunho do filme que se tornaria O Exterminador do Futuro.
Anúncios
No seu rascunho, entre as várias influências de Cameron incluíam filmes de ficção científica dos anos 1950, a série de televisão de fantasia dos anos 1960 The Outer Limits e filmes contemporâneos como The Driver (1978) e Mad Max 2 (1981). Para traduzir o rascunho em um roteiro, Cameron convocou seu amigo Bill Wisher, que tinha uma abordagem semelhante para contar histórias. Cameron deu a Wisher cenas envolvendo Sarah Connor e o departamento de polícia para escrever. Como Wisher morava longe de Cameron, os dois comunicavam ideias ligando um para o outro e gravando ligações deles lendo novas cenas. O esboço inicial do roteiro envolvia dois Exterminadores sendo enviados ao passado. O primeiro era semelhante ao Exterminador do filme (o T-800), enquanto o segundo era feito de metal líquido e não podia ser destruído com armamento convencional. Cameron sentiu que a tecnologia da época era incapaz de criar o Exterminador líquido e arquivou a ideia (que renasceu no aparecimento do personagem T-1000 em Terminator 2: Judgment Day, a continuação de 1991).
Gale Anne Hurd, que havia trabalhado na New World Pictures como assistente de Roger Corman, demonstrou interesse no projeto. Cameron vendeu os direitos de O Exterminador do Futuro para Hurd por um dólar com a promessa de que ela o produziria apenas se Cameron o dirigisse. Hurd sugeriu edições no roteiro e recebeu créditos de roteiro no filme, embora Cameron tenha declarado que ela “não escreveu nada de fato”. Ele mais tarde se arrependeria da decisão de vender os direitos por um dólar. Cameron e Hurd tinham amigos que trabalharam com Corman anteriormente e que estavam trabalhando na Orion Pictures. A Orion concordou em distribuir o filme se Cameron pudesse obter apoio financeiro em outro lugar. O roteiro foi escolhido por John Daly, presidente do conselho e presidente da Hemdale Film Corporation. Daly e seu vice-presidente executivo e chefe de produção Derek Gibson se tornaram produtores executivos do projeto.
Pra impressionar os executivos, Cameron levou na reunião ao estúdio o seu amigo, o ator Lance Henriksen, que apareceu vestido e agindo como o Exterminador do Futuro. O ator vestia uma jaqueta de couro, cortes falsos no rosto e folha de ouro nos dentes, chegou cedo na reunião, chutou a porta do escritório e sentou-se em uma cadeira. Cameron chegou logo e então dispensou a equipe do ato de Henriksen. John Daly ficou impressionado com o roteiro e os esboços de Cameron e sua paixão pelo filme. No final de 1982, Daly concordou em apoiar o filme com a ajuda da HBO e da Orion. O Exterminador do Futuro foi originalmente orçado em US$ 4 milhões e posteriormente aumentado para US$ 6,5 milhões. Além da Hemdale, a Pacific Western Productions, a Euro Film Funding e a Cinema’84 foram creditadas como produtoras após o lançamento do filme.
Montando o elenco
Para o papel de Kyle Reese, a Orion queria uma estrela cuja popularidade estivesse crescendo nos Estados Unidos, mas que também tivesse apelo estrangeiro. O cofundador da Orion, Mike Medavoy, conhecia o ator fisiculturista austríaco, Arnold Schwarzenegger e enviou ao seu agente o roteiro de O Exterminador do Futuro. Cameron estava incerto sobre escalar Schwarzenegger como Reese, pois sentia que precisaria de alguém ainda mais famoso para interpretar o Exterminador do Futuro. Sylvester Stallone e Mel Gibson recusaram o papel. O executivo do estúdio Mike Medavoy sugeriu O. J. Simpson, mas Cameron não sentiu que Simpson, naquela época, seria crível como um assassino (quem diria!).
Cameron concordou em se encontrar com Schwarzenegger e traçou um plano para evitar escalá-lo; ele arranjaria uma briga com ele e voltaria para Hemdale e o consideraria inadequado para o papel. No entanto, Cameron foi entretido por Schwarzenegger, que falaria sobre como o vilão deveria ser interpretado. Cameron começou a desenhar seu rosto em um bloco de notas e pediu a Schwarzenegger que parasse de falar e ficasse quieto. Após a reunião, Cameron voltou para Daly dizendo que Schwarzenegger não interpretaria Reese, mas que “ele seria um exterminador do inferno”!
O próprio Schwarzenegger não ficou animado com o papel de vilão. Ele pensou que interpretar um robô em um filme contemporâneo seria uma mudança desafiadora de ritmo comparado a Conan – O Bárbaro e que o filme era discreto o suficiente para não prejudicar sua carreira caso não fizesse sucesso. Para se preparar para o papel, Schwarzenegger passou três meses treinando com armas para ser capaz de usá-las e se sentir confortável perto delas. Schwarzenegger falava apenas dezessete frases no filme e menos de cem palavras. Cameron disse: “De alguma forma, até seu sotaque funcionou… Ele tinha uma estranha qualidade sintetizada, como se ele não tivesse um sotaque”.
Após continuar a procura por Kyle Reese, Cameron acabou escolhendo Michael Biehn. Biehn, que tinha visto Taxi Driver recentemente e tinha aspirações em atuar ao lado de nomes como Al Pacino, Robert De Niro e Robert Redford, estava inicialmente cético, achando que o filme era bobo. Depois de se encontrar com Cameron, Biehn mudou de ideia. Hurd afirmou que escolher os atores para Sarah Connor e Kyle Reese foi difícil pois “[Kyle e Sarah] têm muito pouco tempo para se apaixonar [no filme]. Muitas pessoas fizeram as audições [para os papéis] e simplesmente não conseguiram nos convencer”. Para entrar no personagem de Reese, Biehn estudou o movimento de resistência polonês na Segunda Guerra Mundial.
Agora era hora de encontrar a heroína do filme. Nas primeiras páginas do roteiro, Sarah Connor é descrita como tendo “dezenove anos, traços pequenos e delicados. Bonita de uma forma imperfeita e simpática. Sua vulnerabilidade mascara uma força que nem ela sabe que existe”. Cameron escalou Linda Hamilton, que tinha acabado de filmar Children of the Corn. Rosanna Arquette havia feito o teste anteriormente. Cameron encontrou um papel para Lance Henriksen como Vukovich, já que Henriksen tinha sido essencial para encontrar financiamento para o filme.
Produção
Para as tomadas de efeitos especiais, Cameron queria Dick Smith, que havia trabalhado em O Poderoso Chefão e Taxi Driver; Smith não aceitou a oferta de Cameron e sugeriu seu amigo Stan Winston.
As filmagens do filme estavam programadas para começar no início de 1983 em Toronto, mas foram interrompidas quando o produtor Dino De Laurentis aplicou uma opção no contrato de Schwarzenegger que o tornaria indisponível por nove meses enquanto ele filmava Conan – O Destruidor. Durante o período de espera, Cameron foi contratado para escrever o roteiro de Rambo II – A Missão, refinou o roteiro de Exterminador do Futuro e se reuniu com os produtores David Giler e Walter Hill para discutir uma sequência de Alien, o Oitavo Passageiro, que se tornou Aliens – O Resgate, lançado em 1986.
Houve uma interferência limitada da Orion Pictures. Duas sugestões apresentadas pelo estúdio incluíam a adição de um androide canino para Reese, que Cameron recusou, e para fortalecer o interesse amoroso entre Sarah e Reese, que Cameron aceitou. Para criar o visual do Exterminador, Winston e Cameron passaram os esboços de um lado para outro, eventualmente decidindo por um design quase idêntico ao desenho original de Cameron em Roma. Winston teve uma equipe de sete artistas que trabalharam por seis meses para criar um fantoche do Exterminador; foi primeiro moldado em argila, depois em gesso reforçado com nervuras de aço. Essas peças foram lixadas, pintadas e cromadas. Winston esculpiu a reprodução do rosto de Schwarzenegger em várias poses de silicone, argila e gesso.
As sequências ambientadas em 2029 e as cenas de stop-motion foram desenvolvidas pela Fantasy II, uma empresa de efeitos especiais chefiada por Gene Warren Jr. Um modelo de stop-motion é usado em várias cenas do filme envolvendo a estrutura do esqueleto do Exterminador. Cameron queria convencer o público de que o modelo da estrutura era capaz de fazer o que eles viam Schwarzenegger fazer. Para permitir isso, uma cena foi filmada de Schwarzenegger ferido e mancando; esse mancar tornou mais fácil para o modelo imitar Schwarzenegger.
Uma das armas vistas no filme e no pôster do filme era uma pistola AMT Longslide modificada por Ed Reynolds da SureFire para incluir uma mira laser. Versões não funcionais e funcionais do acessório foram criadas. Na época em que o filme foi feito, lasers de diodo não estavam disponíveis; devido à alta necessidade de energia, o laser de hélio-neon na mira usava uma fonte de alimentação externa que Schwarzenegger tinha que ativar manualmente. Reynolds afirma que sua única compensação pelo projeto foi o material promocional para o filme.
Filmagens
Em março de 1984, o filme começou a ser produzido em Los Angeles. Cameron sentiu que com Schwarzenegger no set, o estilo do filme mudou, explicando que “o filme assumiu um brilho maior que a vida. Eu simplesmente me vi no set fazendo coisas que não pensei que faria – cenas que eram puramente horríveis que simplesmente não podiam ser, porque agora eram muito extravagantes.” A maioria das cenas de ação de O Exterminador do Futuro foram filmadas à noite, o que levou a cronogramas de filmagem apertados antes do nascer do sol. Uma semana antes do início das filmagens, Linda Hamilton torceu o tornozelo, levando a uma mudança de produção em que as cenas em que Hamilton precisava correr ocorreram tão tarde quanto o cronograma de filmagem permitia. O tornozelo de Hamilton era enfaixado todos os dias e ela passou a maior parte da produção do filme com dor.
Schwarzenegger tentou mudar a icônica fala “I’ll be back” porque ele tinha dificuldade em pronunciar a palavra I’ll. Cameron se recusou a mudar a fala para “I will be back”, então Schwarzenegger trabalhou para dizer a fala como escrita da melhor forma que pôde. Mais tarde, ele diria a fala em vários filmes ao longo de sua carreira.
Após o término da produção de O Exterminador do Futuro, algumas tomadas de pós-produção foram necessárias. Isso incluía cenas mostrando o Terminator do lado de fora do apartamento de Sarah Connor, Reese sendo colocado em um saco para cadáveres e a cabeça do Terminator sendo esmagada em uma prensa. A cena final em que Sarah está dirigindo em uma rodovia foi filmada sem permissão. Cameron e Hurd convenceram um policial que os confrontou de que estavam fazendo um filme de estudante da UCLA.
Trilha Sonora
A trilha sonora do filme foi composta e tocada em sintetizador por Brad Fiedel. Fiedel estava na Agência Gorfaine/Schwartz, onde uma nova agente, Beth Donahue, descobriu que Cameron estava trabalhando em O Exterminador do Futuro e lhe enviou uma fita cassete com a música de Fiedel .O compositor foi convidado para uma exibição do filme com Cameron e Hurd. O segundo não tinha certeza sobre ter Fiedel compondo a trilha sonora, pois ele só havia trabalhado na televisão, não em filmes de cinema. Fiedel convenceu os dois mostrando a eles uma peça experimental na qual havia trabalhado, pensando que “Sabe, vou tocar isso para ele porque é muito sombrio e acho que é interessante para ele.” A música convenceu Hurd e Cameron a contratá-lo.
Fiedel disse que sua trilha sonora refletia “um homem mecânico e seu batimento cardíaco”. Quase toda a música foi tocada ao vivo. O tema do Exterminador do Futuro é usado nos créditos de abertura e aparece em vários pontos, como uma versão mais lenta quando Reese morre, e uma versão para piano durante a cena de amor. Foi descrito como “assombroso“, com uma melodia “enganosamente simples” gravada em um sintetizador Prophet-10. Está na assinatura de tempo incomum de 13 16, que surgiu quando Fiedel experimentou ritmos e acidentalmente criou um loop incompleto em seu sequenciador. Fiedel criou uma música para quando Reese e Connor escapam da delegacia de polícia que seria apropriada para um “momento heroico”. Cameron recusou este tema, pois acreditava que perderia a excitação do público.
Lançamento e sucesso
Tratado como filme ‘B’ pela Orion Studio, que não acreditava no potencial do longa e temia críticas pesadas (inclusive, a produtora escondeu o filme de jornalistas e fez apenas uma exibição com imprensa escolhida a dedo dias antes da estreia), a Orion foi surpreendida com a boa recepção nas bilheterias. O filme estreou em 26 de outubro de 1984. Em sua semana de estreia, O Exterminador do Futuro foi exibido em 1.005 cinemas e arrecadou US$ 4 milhões, tornando-se o número 1 nas bilheterias. O filme permaneceu em primeiro lugar em sua segunda semana, perdendo o posto na terceira semana para Oh, God! You Devil. James Cameron observou que o filme foi um sucesso “em relação ao seu mercado, que fica entre o verão e os sucessos de bilheteria do Natal. Mas é melhor ser um peixe grande em um pequeno lago do que o contrário”. No final o filme arrecadou US$ 38,3 milhões nos Estados Unidos e Canadá e US$ 40 milhões em outros territórios para um total mundial de US$ 78,3 milhões (de um orçamento de US$ 6,4 milhões), arrecadando 12 vezes o valor investido.
A crítica em geral foi mista. A Variety elogiou o filme, chamando-o de uma “história em quadrinhos cinematográfica resplandecente, cheia de virtuosismo na produção de filmes, impulso incrível, performances sólidas e uma história envolvente”, completando que “Schwarzenegger é perfeitamente escalado em um retrato mecânico que requer apenas algumas linhas de diálogo”. Los Angeles Times chamou o filme de “um thriller cheio de todos os tipos de guloseimas sangrentas, carregado de cenas de perseguição com injeção de combustível, efeitos especiais inteligentes e um humor astuto”. Milwaukee Journal deu ao filme três estrelas, chamando-o de “o terror de ficção científica mais assustador desde Alien – O Oitavo Passageiro”. The New York Times opinou que o filme era um “filme B talentoso, que tem suspense e personalidade, mas o seu caos consequente torna-se monótono. Há muito deste último, na forma de perseguições de carro, tiroteios confusos e o Sr. Schwarzenegger batendo brutalmente em qualquer coisa que fique em seu caminho”. Newhouse News Service chamou o filme de “uma palhaçada chocante, violenta e pretensiosa”. Não havia uma unanimidade sobre o filme.
O certo é que após sua exibição nos cinemas, o filme tornou-se bastante disputado no mercado de home vídeo, elevando ainda mais seu status cult para fãs do gênero da ficção científica. As portas de Hollywood se abriram para o astro austríaco fisiculturista que mal conseguia falar inglês direito, Arnold Schwarzenegger, e também para seu diretor, James Cameron. Logo ambos passaram a receber propostas de produções cada vez mais milionárias e campeãs de bilheterias, fato que permanece ainda hoje, passados 40 anos.
Legado e Sequências
O filme O Exterminador do Futuro, deixou um legado enorme ao longo das décadas. Se em 1984, eram novidade histórias sobre paradoxos temporais, ameaças da A. I. (inteligência artificial) e resistência às distopias, hoje já são fatos consumados no dia a dia e na cultura planetária.
A Inteligência Artificial, por exemplo, já é uma realidade devido a vivência diária em vários campos e áreas da sociedade humana. O filme, assim como 2001 – Uma Odisseia no Espaço(1968) havia feito algumas décadas antes, descreveu o perigo das A.I. na ordem do dia. O filme feito com poucos recursos se transformou em grande sucesso. Mesmo não estando entre os 10 primeiros filmes em bilheterias de 1984, ano marcado por grandes produções como Indiana Jones e o Templo da Perdição, Caça Fantasmas, Gremlins, Um Tira da Pesada, Jornada Nas Estrelas III…, rendeu bastante para o estúdio por causa de seu custo reduzido, e nos anos seguintes, virou o grande campeão das locadoras de vídeo, um verdadeiro fenômeno de vendas e locações de fitas VHS e, posteriormente, DVDs.
O diretor James Cameron viu sua vida virar do avesso, de um desconhecido técnico de filmes ‘B’s para um dos maiores cineastas da atualidade juntando-se ao panteão dos midas cinematográficos na qual já se encontravam Steven Spielberg e George Lucas. Pouco depois ele ainda iria trazer à vida a esperada continuação de Alien – O Oitavo Passageiro no filme Aliens – O Resgate (1986), considerado por muitos superior ao original, além de escrever o roteiro de Rambo II – A Missão (1985) e a partir daí trilhar um caminho de obras que o deixaria no topo por vários anos como O Segredo do Abismo (1989), Titanic (1997) e a cinessérie Avatar (2009).
Outro que se beneficiou do sucesso do filme foi o ator austríaco Arnold Schwarzenegger. Se antes ele só era lembrado por ser várias vezes campeão de concursos de fisiculturismo como o Mr. Universo, depois ele se tornou um dos ícones do cinema testosterona de ação dos anos 80 em filmes como Comando para Matar (1985), Predador (1987), Total Recall (1990), True Lies (1984) – voltando à parceria com Cameron – entre outros campeões de bilheteria.
Mas os fãs se perguntavam, O Exterminador voltaria um dia em uma continuação?
James Cameron e Arnold Schwarzenegger responderam esta pergunta sete anos depois com O Exterminador do Futuro 2 – O Julgamento Final (Terminator 2: Judgment Day). Desta vez o filme contou com uma produção milionária com efeitos especiais revolucionários de primeira realizados pela ILM de George Lucas e pelos estúdios de Stan Winston. Desta vez, Schwarzenegger encarna o exterminador bonzinho que tenta ajudar o ainda jovem John Connor (Edward Furlong) e sua mãe, Sarah Connor a se livrar do vilão T-1000 (Robert Patrick), um exterminador feito de metal líquido. O filme rendeu uma bilheteria fabulosa, de mais de US$ 520.800.000,00, para um custo de produção por volta dos U$ 100 milhões. Cameron havia prometido que este seria o capítulo final da saga iniciada no filme de 1984, mas os estúdios não pensavam bem assim…
Posteriormente, ao longo dos anos, outras continuações foram lançadas com resultados inferiores, alguns logo fracassando. James Cameron que havia vendido os direitos da franquia a um preço simbólico, pra poder produzir o primeiro filme, não retornou mais a cadeira de diretor e ficou apenas como consultor das produções. Em 2003 tivemos: O Exterminador do Futuro 3 – A Rebelião das Máquinas (Terminator 3: Rise of the Machines), numa tentativa de reativar a franquia, já mudando o canon estabelecido nos anteriores, dizendo que os eventos do segundo filme haviam apenas adiado o Dia do Julgamento e que ele iria acontecer de toda maneira. Dirigido por Jonathan Mostow, o filme trouxe outro ator como John Connor (Nick Stahl), com uma nova parceira protagonista, Kate Brewster (Claire Danes), com Arnold Schwarzenegger retornando como o Teminator modelo 101 bonzinho e a vilã, T-X: um terminator de aspecto feminino, interpretada por Kristanna Loken. Nesta história, a personagem Sarah Connor está morta, motivo pelo qual a atriz Linda Hamilton não retorna. Ao contrário dos filmes anteriores, o publico ficou bastante dividido e ao custo de US$ 187,3 milhões, rendeu US$ 433.371.112,00, um pouco abaixo que o estúdio esperava.
Mesmo assim, o estúdio apostou em nova continuação, pois ainda havia lucro, e em 2009, foi a vez de Exterminador do Futuro – A Salvação (Terminator Salvation), que se passa em uma linha de tempo do futuro, onde o agora líder da resistência, John Connor (Christian Bale) tem que aceitar ou não a presença de um exterminador infiltrado vivido por Sam Worthington como o ciborgue Marcus Wright. Dirigido pelo polêmico diretor de video-clips McG, o filme teve um custo de US$ 200 milhões e rendeu ainda menos, US$ 371 353 000,00. Era previsto para que O Exterminador do Futuro: Salvação fosse o início de uma nova trilogia. No entanto, a produção de um quinto filme foi interrompido por problemas legais.
Os direitos da franquia foram adquiridos por outra produtora, e em 2015, O Exterminador do Futuro: Gênesis (Terminator Genisys) foi lançado com o retorno de Schwarzenegger. Neste filme, passado em 2029, John Connor (Jason Clarke) lança uma ofensiva contra a Skynet, e tenta fazer um reboot dos eventos do primeiro filme, com outros atores nos lugares dos originais. Sarah Connor (Emilia Clarke) e Kyle Reese (Jai Courtney). O filme explica sobre universos paralelos toda vez que uma viagem no tempo ocorre, motivando assim um multiverso de filmes diferentes. O filme teve um orçamento de US$ 155 milhões e rendeu por volta dos US$ 440.603.000,00. O filme teve a direção de Alan Taylor e nesta altura do campeonato, os fãs da franquia estavam cada vez mais desconfiados dos rumos que a cinessérie ia tomando.
O filme anterior não conseguiu o suficiente para o estúdio fazer uma sequência, e novamente, a história tomou novo rumo. Assim, James Cameron se interessou em retornar em um novo filme, na qual se ignoraria tudo que veio depois do segundo longa. Em 2019 era lançado O Exterminador do Futuro: Destino Sombrio (Terminator: Dark Fate), com Tim Miller assumindo a direção tendo apenas Cameron na produção-executiva e um dos roteiristas da história. A atriz Linda Hamilton retorna como Sarah Connor e Edward Furlong faz uma ponta rápida como John Connor. Schwarzenegger retornou como Terminator e a atriz Mackenzie Davis interpreta a Exterminadora boazinha Grace enquanto Gabriel Luna interpreta o Exterminador malvado Rev-9. Apesar do retorno de Cameron, o público já estava bastante saturado de uma história com tantos reboots e continuações inferiores. Ao custo entre US$ 185 a 196 Milhões, foi o que menos rendeu, US$ 261.119.000,00, indicando um flop (fracasso).
A pouco tempo, o próprio James Cameron disse que considera um novo filme, mas até o momento nenhuma luz verde foi dada pelo estúdio. Mas a franquia ainda chegou à televisão através da série de TV, O Exterminador do Futuro: As crônicas de Sarah Connor (Terminator: The Sarah Connor Chronicles), produzido por Josh Friedman entre 2008 a 2009, que cria uma nova história alternativa, com a atriz Lena Headey como Sarah Connor, Thomas Dekker como o jovem John Connor e Summer Glau como Cameron, uma androide boazinha do futuro que serve de baba pra Connor. Na segunda temporada temos a presença da vocalista do Garbage, Shirley Manson como Catherine Weaver, uma exterminadora modelo T-1000 de metal líquido com intenções dúbias. A série durou 2 temporadas, teve 31 episódios e foi cancelada sem um final, deixando a trama em aberto.
Entre outras mídias também podemos citar a animação Terminator Salvation: The Machinima Series, uma web serie lançada em 2009, que se passa entre os filme O Exterminador do Futuro 3 – A Rebelião das Máquinas e O Exterminador do Futuro – A Salvação. Além de Terminator Genisys: The YouTube Chronicles, de 2015, que serve de material para O Exterminador do Futuro: Gênesis.
Agora em 2024, fomos surpreendidos pela produção Terminator: Zero, um anime coproduzido pelo estúdio japonês Production I.G (Ghost in the Shell) e a Netflix, cuja primeira temporada foi um grande sucesso, mostrando nova linha alternativa que se passa no Japão poucos dias antes do Dia do Julgamento.
Celebrando seus 40 anos, O Exterminador do Futuro ainda continua sua relevância no mundo da ficção científica, mostrando o embate da humanidade contra as máquinas e a Inteligência Artificial… enquanto aguardamos cenas dos próximos capítulos, não devemos esquecer que tudo começou lá em 1984, em uma produção ‘B’, mas que definitivamente mudou a história do gênero e continua a influenciar até hoje as novas gerações. Podemos ver vários elementos do filme em Hardware – O Destruidor do Futuro (1990), ou em animes como Akira (1991) ou Ghost in the Shell (2005), entre outros, fora citações ao Exterminador (ou às frases icônicas) em centenas de obras da cultura pop em geral, em quase todas as mídias.
Profissional de TI com mais de 10 anos de vivência em informática. Tem como hobby assistir seriados de TV, ir ao cinema e namorar!!! Fã de rock'n'roll, música eletrônica setentista, ficção-científica e estudos relacionados a astronáutica. Quis ser astronauta, mas moro no Brasil... Os anos 80 foram meu playground!
Quando você acessa este site, podem vir a ser coletados alguns dados relacionados ao seu dispositivo, bem como cookies, a fim de que possamos operacionalizar os nossos sistemas e fornecer conteúdos personalizados para você. Para saber mais sobre cookies acesse a nossa Política de Privacidade. Para aceitar, clique no botão "Aceitar Cookies".Aceitar CookiesRecusar CookiesSaiba mais