Piores filmes do mundo: Cativeiro (Captivity)
Cativeiro
Nome original: Captivity
Direção: Roland Joffé
Roteiro: Larry Cohen e Joseph Tura
Atores principais: Elisha Cuthbert, Daniel Gillies
Produção: EUA – 2007
Duração: 96 minutos
Gênero: Terror, suspense
Sony
Cotação – Piores Filmes do Mundo:
> Crítica (com spoilers):
Cativeiro é um filme que podia dar certo. O fato de contar com Elisha Cuthbert no elenco já seria uma baita ajuda para a produção, além do mote ser até interessante: uma estrela pop é raptada e acorda em uma cela sem saber onde está, o porquê de estar lá e quem a sequestrou.
Na mão de produtores e diretores competentes, poderíamos ter um belíssimo suspense psicológico na trilha de um Cubo (Cube), mas menos “fantástico”, ou então um terror bem bacana como um Jogos Mortais (Saw). Mas Larry Cohen (do ótimo Por um Fio, com Colin Farrel e Kiefer Sutherland, e do bom Celular – Grito de Socorro, com Kim Basinger, Chris Evans e Jason Statham), definitivamente, pisou feio na bola desta vez.
Assim, é uma pena que Cativeiro não passe de mais um (sofrível) filme de terror clichezão, com diálogos ruins, algumas interpretações pífias, roteiro falho e desconjuntado. Não chega a ser inassistível, mas, infelizmente, entrou na classificação do Piores Filmes do Mundo, não sendo recomendado a ninguém, a menos que só tenha sobrado na prateleira da locadora, como concorrentes, as refilmagens dos terrores japoneses ou a série “Alguma-Coisa-Man” (Snake Man, Shark Man, Moskito Man, Skeleton Man, etc). Isso porque, na TV a cabo, com certeza haverá coisa melhor para assistir…
Mas falemos do longa, onde, no início, mesmo prometendo ser um bom thriller, a obra não escapa de problemas. A maneira como Jenifer Tree (Elisha) é capturada em uma casa noturna é um exemplo disso. Incrível como na hora do rapto ninguém na boate aparece ou vê o que está acontecendo, a não ser a protagonista. O detalhe da câmera no tripé, passando trechos das filmagens do vilão também merece destaque, já que Jenifer está drogada, mal enxerga a tela, e qualquer outra pessoa poderia ir ver do que se tratava a câmera no corredor.
Após ser capturada, Jenifer acorda em uma cela, sem saber o porque de estar lá ou quem a seqüestrou. Logo, passa a sofrer “castigos” do raptor, toda vez que o desafia, negando-se a fazer suas vontades. Entre um castigo e outro, descobre que na cela ao lado está outra vítima, um homem chamado Gary, com quem passa a dividir a esperança da fuga.
O que já era ruim, despenca ladeira abaixo a partir de então, com seqüências ridículas como a do “trote” do raptor, que encena um banho de ácido em Jenifer e ainda a deixa na cela com bandagens (detalhe: sujas de sangue para aumentar o drama!) e uma falsa cicatriz no rosto. Qual o objetivo do bandidão com a encenação? Ou a seqüência, graficamente interessante, foi apenas para assustar o espectador e não foi encontrada explicação plausível para ela estar no filme? Ah, Cohen… não faça isso, meu caro…
Outra cena que não faz sentido é a da tentativa de afogamento da moçoila na areia, que foi pessimamente filmada, perdendo todo o impacto potencial. Além de mal dirigida, tem um final tosco, já que Gary arrebenta (isso mesmo, arrebenta “na mão”) o teto da caixa de vidro dela e a resgata em cima da hora (e de onde – e por onde – vinha toda aquela areia?!). E assim aquela que deveria ser a melhor cena do filme, que foi inclusive usada para o cartaz do longa, mostrou-se, como todo o resto da obra, totalmente decepcionante.
No fim, depois de “darem umazinha” (sim, você não leu errado… Jenifer e seu companheiro fazem sexo no cárcere, sabendo estarem sendo vigiados por diversas câmeras do raptor…), Gary sai da cela, abre um compartimento secreto e sobe até a casa do sequestrador, que descobrimos ser seu irmão e com quem ele já realizou o mesmo “golpe” várias outras vezes, com outras mulheres igualmente raptadas.
Após gabarem-se por terem “traçado” mais uma vítima, a conversa entre ambos descamba em uns poucos segundos e Gary, facilmente demais, revolta-se contra o irmão e a necessidade de matar Jenifer, acabando por esfaqueá-lo. Pouco depois, atira em dois policiais que muito coincidentemente chegam à casa (e numa forçada de barra poucas vezes vista no cinema, vêem na TV dos irmãos um canal com a câmera focalizando Jenifer), para depois descer ao porão das celas e acordá-la, anunciando uma tentativa de fuga.
Desnecessário dizer que toda a inteligência do Gary, demonstrada na arquitetura do plano, na encenação de vítima e etc., desaparece num piscar de olhos, de maneira que Jenifer descobre que ele era um dos seqüestradores. Ela então desanda a fugir pela casa (hermeticamente trancada e lacrada, claro – e a porta por onde entraram os policiais, sumiu?!) sempre escolhendo os piores locais para esconder-se. Destaque para a cena em que Jenifer entra num quarto, tranca a porta e a protege com uma cama, uma cadeira e outros móveis… só que a porta abre para fora do quarto!!! o_O
No final, é evidente, tudo termina bem para Jenifer, pois, como dissemos, Gary deve ter atirado seu cérebro juntamente com as balas que mataram os policiais e facilitou como pôde para que ela conseguisse fugir, com sequências dignas do Zorra Total.
O filme tem outros diversos erros e seqüências idiotas com armadilhas sem sentido, que não foram citados, mas o que conta é que já deu para perceber como a obra pode ser classificada como uma bela bomba que não deve ser alugada, a não ser nos casos citados no início da crítica. Se bem que Snake Man, pelo menos, rende umas boas risadas…
Ralph Luiz Solera
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Elisha tinha potencial para ser uma estrela de cinema. Surgiu na série 24 Horas, e pela beleza logo chamou atenção de Hollywood. Protagonizou alguns filmes medios (escala normal para passar a ser uma das grandes) e tudo levava a crer que ela realmente seria uma das maiores do ramo. Algo aconteceu no entanto, e a carreira dela desandou. Elisha ficou amiga da Paris Hilton e começou a causar em festas e aparições públicas, queimando seu filme com produtores e a alta casta de Hollywood. Junte isso a flopagem do seu ultimo filme, o primeiro em que tentou partir para algo dramaticamente mais exigente (o filme na qual contracena com Cristian Slater) e na qual perceberam que ela era linda mas nao grande atriz. A saida foi voltar às comedinhas bobocas e séries leves e descompromissadas. Uma pena. Um desperdicio.
Tosqueira pura… mas pela atriz vale uma conferida!
que desperdício colocar a Iláicha nesse filmeco podre