Piores filmes do mundo: Vampiros – Os Mortos
Vampiros – Os Mortos
Nome original: Vampires: Los Muertos
Direção: Tommy Lee Wallace
Roteiro: Tommy Lee Wallace
Atores principais: Jon Bon Jovi, Diego Luna
Produção: EUA – 2003
Duração: 93 minutos
Gênero: Terror
Screen Gems
Cotação – Piores Filmes do Mundo:
> Crítica (com spoilers):
Mais uma obra que causa vergonha alheia, seja ao gênero, seja aos profissionais que fizeram parte da execução da mesma, Vampiros – Os Mortos, esmigalha o pouco de reputação que seu antecessor Vampiros de John Carpenter tinha.
E se o primeiro era “apenas” um filme fraco, mas com algumas qualidades, essa continuação (sem nenhum elo, personagem ou qualquer outra ligação com o anterior, a não ser a palavra “Vampiros” no nome) é uma tragédia total e absoluta, que sequer consegue ser um “terrir” ou um filme tragicomicamente ruim. É apenas mais uma obra absolutamente horrorosa, sem nada de bom, que foi lançada diretamente na TV – mas que poderia nem ter sido lançada, já que não faz a menor falta à sétima arte.
A qualidade do roteiro de Tommy Lee Wallace (péssimo tanto nessa função como na direção) já pode ser notada quando, logo nos primeiros minutos, Bon Jovi chega a um monastério no México em plena luz do dia, mas ainda assim é minuciosa e insistentemente revistado, analisado e examinado pelos padres para que eles tenham certeza de que não se trata de um vampiro.
Sim, isso tudo em plena luz do dia.
Outro absurdo, na mesma sequência: chegam a colher amostras de sangue do personagem para ter uma melhor análise, porém – evidentemente – não esperam o resultado e mesmo assim liberam a entrada do caçador de vampiros.
Esses primeiros minutos mostram aos espectadores o que viria pela frente, e o aviso não decepciona – pelo contrário. O filme não apresenta apenas problemas de lógica e suspensão de descrença, mas falhas técnicas, erros primais de edição, atuações que chegam a parecer amadoras (como a da moça que se junta ao grupo de caça-dentuços) e situações estapafúrdias que arrancam alguns sorrisos da platéia (o que é um grave problema, já que todas se passam em seqüências que deveriam ser tensas e causar pavor).
Uma síntese do analisado no parágrafo acima pode ser visto na sequência em que Bon Jovi volta ao monastério e encontra o local destroçado pelos vampiros. Trilhas de sangue no chão formam um caminho que o leva ao centro do local, onde alguns corpos jazem, deixados em uma fonte. Enquanto Bon Jovi caminha, a música não é “de suspense”, mas sim uma baladinha latina com violão. A fotografia e os cenários parecem preparados por um aluno de primário, tamanha a artificialidade de tudo – incluindo os rastros perfeitamente pintados no chão. Para coroar tudo, o pior dos diálogos expositivos do filme, quando o protagonista, já na fonte, diz: “Arrastaram todos para cá”.
Ainda bem que ele explicitou isso, pois do contrário, não teríamos percebido…
A cena seguinte mostra um padre fortão que se apresenta e pede para fazer parte do time de caçadores. Ele explica aos novos amigos que durante a noite os vampiros foram ao local e fizeram tudo aquilo, e que ele havia chegado já no raiar do dia, por isso escapou. Nada explica, no entanto, o sangue em suas roupas, ou o motivo dele ter ficado escondido até aquele momento, para só então fazer uma entrada dramática no pátio da fonte.
O próprio cerne do filme (aqui, um caso raro até nos Piores Filmes do Mundo, em que a própria trama não faz sentido, mais um feito notável do longa) é um disparate: um grupo de vampiros passou a aterrorizar uma região no norte do México em busca de uma “Cruz Negra” que permite aos bebedores de sangue realizar um “exorcismo aos contrário” e, com isso, não serem mais mortos quando expostos à luz do sol.
No caso, a tal cruz está guardada no monastério que conhecemos no início do filme, mas nenhuma explicação do mundo pode nos convencer do por que, em nome de Bram Stoker, alguém guardaria um amuleto capaz de dar mais poderes aos inimigos, ao invés de destruí-lo para sempre e afastar a possibilidade dele cair nas mãos dos mesmos inimigos.
E o que dizer do ritual de “exorcismo ao contrário” – uma idéia bacana, mas que ficou apenas no nome, já que não faz o menor sentido, visto que, se fosse de fato o que o nome diz, desvampirizaria as pessoas infectadas. Enfim, como se o nome já não fosse equivocado, o próprio ritual em si chega a ser ridículo, mostrando-se na verdade um ato em que a líder dos vampiros profere uma mísera frase curta, depois fere um padre amarrado e bebe o sangue que escorre dele. Fim.
Falando em ritual, o filme aposta nele para trazer um – quem diria – plot twist, quando o padre fortão, “capturado” (voluntariamente) pelos vampiros revela que na verdade não era padre, mas apenas trabalhava no monastério (fazendo musculação, pelo jeito, dado seu porte físico).
O problema é que, além da situação ter um erro bisonho (afinal, o sangue de um padre é igual ao de uma pessoa que não é padre, certo?), nosso querido Tommy Lee Wallace auto-sabota seu plot twist, já que o plano do “padre” não dá resultado: a vampira-líder bebe o sangue dele, porém não morre como deveria, e ainda caçoa do plano. Assim, o conceito mostra-se furado, toda a preparação para a reviravolta se mostra uma perda de tempo e a própria antagonista tira um sarro da idéia. Inacreditável.
Isso porque não mencionamos que, quando o grupo de caçadores chega ao local para tentar aproveitar o ritual e matar os vampiros, um esquema é feito com antecedência, de modo que Bon Jovi faz uma transfusão de sangue e se transforma em meio-vampiro. A explicação: nessa condição, ele não seria detectado pelos vampiros, e poderia chegar ao local despercebido.
Quem inventou essa estratégia só esqueceu de avisar que o ajudante dele (um Diego Luna ainda jovem encarnando um mexicano de então 16 anos mas que tinha no inglês sua língua fluente) continuava humano e estava junto. Também esqueceram de avisar o próprio protagonista do que ele tinha falado a respeito de vampiros serem irrastreáveis por cheiro ou batimentos cardíacos, já que menos de um minuto depois ele mesmo afirma estar sentindo o cheiro da vampira malvada, e ouvindo seu coração.
E se você ficou curioso a respeito da transfusão de sangue, eu explico. A moça que integra o grupo de caçadores ficou mais ou menos contaminada pelo vampirismo quando, ao invés de ser mordida, fez sexo (!) com um vampiro. Depois disso, ela achou uma medicação (!) mexicana que não deixa que ela se transforme totalmente em vampiro. Bon Jovi usou o sangue dela para se auto-transformar em um meio-vampiro/meio-humano.
Pois é. Como podemos ver, naquele universo, o México tem um medicamento produzido pelas empresas farmacêuticas que é capaz de inibir os “sintomas” do vampirismo. Até uma certa tolerância ao sol é concebida a quem toma as pílulas. Pena que nesse mesmo universo, onde a existência dos vampiros é oficialmente aceita, o governo mexicano “não reconheça a profissão de caça-vampiros”, segundo um dos personagens nos informa em determinado momento do filme.
Esqueça… não faz nenhum sentido mesmo.
Mas, em um filme onde o protagonista usa um binóculo capaz de mostrar – em graus – a temperatura dos locais ou objetos que ele está visualizando, e que, fazendo uso desse binóculo ele veja três “covas” com vampiros dentro, no meio do deserto, e que, ao chegar no local ele e a equipe matem apenas dois dos vampiros que estavam enterrados, sem mexer com o terceiro (“coincidentemente”, era justamente a líder dos vampiros, que após a saída dos caçadores, levanta as mãos para fora da terra em plena luz do dia e nada sofre), não podemos esperar sentido, lógica ou bom senso.
Aliás, porque naquela noite os vampiros resolveram cavar covas e se enterrar na areia para passar o dia ao invés de irem para um abrigo próximo (existiam vários ali ao lado), ou mesmo voltar para seu covil, já que eles se movem inexplicavelmente rápido no filme, é mais uma questão que jamais será respondida.
Enfim, Vampiros – Os Mortos é uma ofensa ao gênero, mesmo em uma época em que o vampirismo virou moda e nos apresentou séries bisonhas e superproduções que macularam os conceitos consagrados desde a época de seu criador. É uma autêntica obra que merece o selo dos Piores Filmes do Mundo.
E pensar que Bon Jovi havia se mostrado um interessante ator quando começou no cinema, seja por sua capacidade de atuar, seja pela escolha dos filmes em que iria trabalhar, como O Sedutor (The Leading Man).
Ralph Luiz Solera
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incrivel ainda nao veioninguem aqui defender essa joça igual defendem o Enigma do Horizonte???
Estes são seres sedutores e misteriosos! Desde que eu era pequena, estava interessada em vampiros, tanto no cinema como na literatura. Ao procurar filmes desse assunto, descobri o filme Underworld É uma ótima oportunidade para passar uma tarde relaxada, especialmente se você gosta deles esses tópicos sobre criaturas fantásticas. ❤️
rachei o bico no “por que, em nome de Bram Stoker, alguém guardaria um amuleto capaz de dar mais poderes aos inimigos, ao invés de destruí-lo para sempre e afastar a possibilidade dele cair nas mãos dos mesmos inimigos” kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk não faz sentido mesmo, o certo seria destruir a tal cruz kkkkkkkkkkkk muito bom só rindo mesmo de um filme assim
kkkkkkkkkkkk zoera
“a vampira-líder bebe o sangue dele, porém não morre como deveria, e ainda caçoa do plano. Assim, o conceito mostra-se furado, toda a preparação para a reviravolta se mostra uma perda de tempo e a própria antagonista tira um sarro da idéia. Inacreditável.” kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk
daki a poko os haters que acham Enigma do Horizonte ou Ex-machina obras primas aportam aqui pra te encher o saco por ter falado que essa porcaria é uma… porcaria! kkkkk
passou esse feriado na HBO acho… nos primeiros 5 minutos já deu pra ver o LIXO que era… pulei fora kkkkkkkkkkkk
como se O Sedutor fosse um filmaço espetacular…
Sol, as coisas não precisam ser tão extremistas assim… entre o péssimo e o excelente existem o bom, o mediano, o ruim… e por aí vai. O Sedutor é um filme interessante, mas a escolha por ele (um filme europeu, drama, com um enredo denso e atores gabaritados) ao invés de uma produção padrão de ação de Hollywood mostrou, na época, que ele estava optando por começar a carreira privilegiando o lado técnico, para aprender e amadurecer. Uma pena que depois, descambou para produções como esse Vampiros – Os Mortos, um filme “C” que é tudo o que ele evitou lá no começo da carreira.