Gremlins – 40 anos dos “adoráveis” monstrinhos
Os anos 80 foram marcados por diferentes produções voltadas ao público juvenil, responsáveis por mais de 60% da venda de ingressos.
Este público estava cada vez mais exigente e os estúdios de cinema estavam correndo sempre atrás de grandes ideias para lançar o próximo blockbuster de verão e nadar nos milhões de dólares em retornos de bilheterias e é claro, no retorno financeiro com merchandising… Isto se tornou uma regra desde que o filme Star Wars (Star Wars – Episódio IV – Uma Nova Esperança) foi lançado em 1977 pelo cineasta George Lucas, capturando a imaginação deste público e não largando mais.
Além de Lucas, seu grande amigo e muitas vezes parceiro, Steven Spielberg, também se tornou outro ‘Midas’ das telonas, com produções como Tubarão (1975), Contatos Imediatos do 3° Grau (1977), Os Caçadores da Arca Perdida (1981 – em uma parceria com Lucas) e finalmente E.T. – O Extraterrestre (1982). O sucesso de seus filmes fez Spielberg montar sua própria produtora, a Amblin Entertainment que passou a não apenas produzir os filmes dirigidos por Spielberg mas de outros diretores que apareciam com grandes ideias na cabeça. Um destes diretores, foi Joe Dante, que era conhecido por dirigir produções “B” para a produtora do lendário Roger Corman. Dante dirigiu Piranha (1978), produção “B” quase uma cópia de terror do filme Tubarão. Spielberg achou o filme bastante interessante e posteriormente convidou Joe Dante para dirigir um projeto sobre ‘criaturas que tocam o terror em uma cidadezinha do interior americano’…nascia assim, Gremlins, um dos maiores sucessos de bilheteria do ano de 1984, que foi marcado por grandes produções como Caça Fantasmas, Indiana Jones e o Templo da Perdição e Exterminador do Futuro.
O filme foi produzido numa época em que a combinação de terror e comédia estava se tornando cada vez mais popular. Segundo o professor Noël Carroll, havia a necessidade agora que um novo gênero enfatizando mudanças repentinas entre cenas humorísticas e horríveis, provocando risadas com elementos da trama que têm sido tradicionalmente usados para assustar.
E partindo para isto começaram a bolar uma história baseada no termo “gremlins”. Eles foram concebidos pela primeira vez durante a década de 1920, quando as falhas mecânicas nas aeronaves da RAF (Força Aérea do Reino Unido) foram, de brincadeira, atribuídas aos pequenos monstros. O termo “gremlins” também entrou na cultura popular quando o autor infantil e piloto da RAF Roald Dahl publicou um livro chamado The Gremlins em 1943, baseado nas criaturas travessas.
Walt Disney considerou fazer um filme sobre isso. Um desenho animado do Pernalonga da época, Falling Hare, mostra-o lutando contra um gremlin em um avião.
O diretor Joe Dante leu The Gremlins e disse que o livro teve alguma influência em seu filme. Em 1983, Dante distanciou publicamente seu trabalho dos filmes anteriores, explicando: “Nossos gremlins são um pouco diferentes – eles são meio verdes, têm bocas grandes, sorriem muito e fazem coisas muito desagradáveis com as pessoas e aproveitam o tempo todo”.
A história de Gremlins foi concebida pelo jovem e promissor roteirista Chris Columbus de apenas 25 anos. Como explicou Columbus, sua inspiração veio de seu loft, quando à noite “ele ouvia o que parecia ser um pelotão de ratos e ouvi-los deslizando na escuridão era realmente assustador”. Ele então escreveu o roteiro original como um roteiro específico para mostrar aos empregadores em potencial que ele tinha habilidades para escrever. A história não foi planejada para ser filmada até que Steven Spielberg se interessou em transformá-la em um filme. Como Spielberg explicou: “É uma das coisas mais originais que encontrei em muitos anos, e é por isso que o comprei.” Spielberg chegou a considerar Tim Burton para dirigir o filme depois de ver seu curta-metragem Frankenweenie.
Depois de decidir ser ele mesmo o produtor executivo do filme, Spielberg escolheu Dante como seu diretor por causa de sua experiência com comédias de terror; Dante já havia dirigido Grito de Terror (The Howling) em 1981; no entanto, no período entre este filme e a oferta para filmar Gremlins, ele passou por uma pausa em sua carreira. Dante começou a trabalhar no storyboard do filme enquanto também trabalhava como diretor em No Limite da Realidade (Twilight Zone: The Movie) em 1983, filme no qual Spielberg também atuou como diretor e produtor. O outro produtor do filme foi Michael Finnell, que também trabalhou em Grito de Terror com Dante. Spielberg levou o projeto para a Warner Bros. e co-produziu-o através de sua própria empresa, Amblin Entertainment.
O designer Chris Walas da ILM de George Lucas, foi o escolhido para criar as criaturas, ele falou sobre a criação do conceito inicial das mesmas: “Depois de ler o roteiro, minha primeira ideia foi pegar o társio, um pequeno primata, e dar-lhe proporções de desenho animado. Eu queria que os olhos grandes o tornassem fofo. Mostrei para Mike Finnell e Joe Dante e eles pediram alguns ajustes, então fiz o próximo. Isso é mais parecido com um cachorrinho. Orelhas grandes e caídas. Não é baseado em nenhum cachorro em particular – apenas um Cocker Spaniel ou algo assim. Felizmente eles não concordaram. Esses foram os únicos dois Mogwai que esculpi antes do último.”
Elenco
Com o filme aprovado para produção, começou a escala do elenco. O jovem casal de namorados deveria ser de atores quase desconhecidos. Para o papel de Billy Peltzer, Steven Spielberg pediu a escalação do relativamente desconhecido Zach Galligan, após vê-lo em audição e com uma boa química com a atriz Phoebe Cates, escalada como Kate Beringer, namorada de Billy, apesar das preocupações de que ela era conhecida por interpretar papéis mais picantes, como Linda Barrett em Fast Times at Ridgemont High (1982) e que estava ficando mais em evidência após outro papel sexy na minissérie de TV, Lace.
Spielberg depois disse que também foram testados para o papel de Billy os atores Tom Hanks, Kevin Bacon, Ralph Macchio, Emilio Estevez e Judd Nelson.
No elenco ainda temos os atores veteranos escolhidos como coadjuvantes como Glynn Turman que interpretou o professor de ciências cujo estudo de um mogwai recém-nascido leva à sua morte. Dick Miller, que atuou regularmente nos filmes de Dante, foi outro ator experiente no set, interpretando um veterano da Segunda Guerra Mundial que primeiro se referiu às criaturas como gremlins. Hoyt Axton, foi escolhido para ser o pai de Billy, Randall “Rand” Peltzer, e Frances Lee McCain como a mãe de Billy, Lynn Peltzer (a atriz acabou se especializando em ser mãe dos protagonistas, no ano seguinte ela seria mãe da Lorraine – Lea Thompson – em De Volta para o Futuro (1985) e mãe de Gordie Lachance – Wil Wheaton – em Conta comigo (1986). O ator Judge Reinhold, que depois ficaria famoso pela cine série Um Tira da Pesada, interpretou o antagonista de Billy, Gerald Hopkins. A veterana atriz Polly Holliday, interpretou a senhora megera, Ruby Deagle. Entre outros.
Uma curiosidade foi a presença do jovem ator Corey Feldman, que até então atuava principalmente em comerciais. Ele interpretou Pete Fountaine, estabelecendo suas primeiras credenciais como ator infantil; ele já havia se encontrado com Spielberg quando fez o teste para E.T. o Extra Terrestre. Posteriormente fez outra produção de Spielberg, Goonies, um ano depois e deslanchou em uma carreira de altos e baixos nos anos seguinte.
Filmagens
Algumas das cenas foram filmadas nos sets de Courthouse Square e Colonial Street do Universal Studios Lot em Universal City, Califórnia (a casa da Sra. Deagle foi um desses cenários, bem como as cenas de abertura de rua em Chinatown, que foram filmadas no Warner Bros, nos estúdios Backlot). Isso exigia neve falsa; Dante também sentiu que era uma atmosfera que tornaria os efeitos especiais mais convincentes. A Mesma praça depois serviria como a Praça de Hill Valley em De Volta para o Futuro, também produzido por Spielberg no ano seguinte.
A ideia inicial de usar macacos para interpretar os gremlins acabou sendo abandonada porque os macacos durante o teste entraram em pânico quando obrigados a usar uma cabeça de gremlin. A invés disto a produção decidiu usar fantoches e marionetes, então os atores trabalharam ao lado deles na maioria das cenas. No entanto, depois que os atores terminaram seu trabalho de vez, muito esforço foi gasto para finalizar os efeitos.
Numerosos pequenos bonecos de borracha, alguns dos quais mecânicos, foram usados para retratar Gizmo e os gremlins. Eles foram projetados por Chris Walas. Havia mais de um boneco Gizmo e, ocasionalmente, Galligan que interpretava Billy ao carregar um, o colocava fora da câmera, e quando Gizmo aparecia novamente sentado em uma superfície, era na verdade um boneco diferente conectado à superfície.
Esses fantoches tinham muitas limitações. Os bonecos Gizmo eram particularmente frustrantes porque eram menores e, portanto, quebravam mais. Embora Walas tenha recomendado aumentar os mogwais para facilitar sua criação e funcionamento para a equipe de efeitos especiais, Dante insistiu em manter seu tamanho pequeno para realçar a fofura das criaturas. Consequentemente, para satisfazer a equipe, foi incluída uma cena em que os gremlins penduram Gizmo na parede e jogam dardos nele. Isso foi incluído em uma lista que a equipe criou, conhecida por eles como a lista de “Coisas horríveis para fazer com Gizmo”. Rob Bottin e John Dystrka foram originalmente considerados para fazer os efeitos especiais, Bottin (que marcou a carreia em Enigma de Outro Mundo) foi a primeira escolha de Dante; mas ele estava ocupado trabalhando em Legend (1985).
Outros efeitos exigiam a produção de grandes rostos e orelhas de mogwai para close-ups, já que os bonecos eram menos capazes de transmitir emoções. Consequentemente, foram necessários grandes adereços simulando comida para os close-ups da cena em que os mogwai festejam depois da meia-noite. Um boneco Gizmo ampliado também foi necessário para a cena em que ele se multiplica. Os novos mogwai, que sairam do corpo de Gizmo como pequenas bolas peludas que começaram a crescer, eram balões e se expandiam como tal. Walas também criou o gremlin explosivo no micro-ondas por meio de um balão que foi perfurado.
Howie Mandel deu a voz para Gizmo, e o prolífico dublador Frank Welker deu a voz para Stripe. Foi Welker quem sugeriu que Mandel atuasse em Gremlins. As falas dos bonecos foram em sua maioria inventadas pelos dubladores, com base em pistas das ações físicas dos bonecos, que foram filmadas antes da dublagem. Ao desenvolver a voz do Gizmo, Mandel explicou: “[Gizmo era] fofo e ingênuo, então, você sabe, entrei em contato com isso… não conseguia imaginar seguir outro caminho ou fazer algo diferente com ele”. A maioria das vozes dos outros gremlins foram interpretadas por Michael Winslow e Peter Cullen, enquanto as vozes restantes foram feitas por Mandel, Welker, Bob Bergen, Fred Newman, Jim Cummings, Sonny Melendrez, Mark Dodson, Bob Holt, Michael Sheehan e até o próprio Dante.
Trilha Sonora
A trilha sonora do filme foi composta por Jerry Goldsmith, que ganhou o Saturn Award de Melhor Música por seus esforços. A partitura principal foi composta com o objetivo de transmitir “o humor travesso e o suspense crescente dos Gremlins”. Goldsmith também escreveu a canção de Gizmo, que foi cantarolada por Ilene Keys, uma atriz infantil e conhecida de Goldsmith, e não pelo próprio Mandel. Goldsmith também aparece no filme, ao lado de Steven Spielberg, na cena em que Rand, pai de Billy, liga para casa depois da convenção de vendedores.
Bilheterias
O filme foi produzido com um orçamento de U$ 11 milhões, era mais caro do que Spielberg pretendia originalmente, mas ainda assim relativamente barato para a época. O filme foi agendado para ser lançado oficialmente em 08 de Junho de 1984, com grande campanha de marketing da Warner Bros e junto com os outros lançamentos de verão daquele ano: Indiana Jones e o Templo da Perdição e Os Caça Fantasmas (alias os filmes foram lançado no mesmo dia). Isso fez daquele período do ano ser marcado pelas produções com histórias mais sóbrias, onde o terror possui toques de comédia. E o público do período respondeu … positivamente, mesmo o filme recebendo uma indicação de PG-13 (criada especialmente para aquele período junto com O Templo da Perdição), na qual maiores de 13 anos poderiam ver o filme.
No Brasil, a estreia aconteceu em 10 de agosto de 1984 e também levou muita gente aos cinemas. O trailer apresentou o filme ao público explicando brevemente que Billy recebe uma estranha criatura como presente de Natal, repassando as três regras e depois revelando o fato de que as criaturas se transformam em monstros terríveis. Este trailer mostrou pouco dos mogwai ou dos gremlins. Em contraste com isso, outros anúncios concentraram-se no Gizmo, ignoraram os gremlins e fizeram o filme parecer semelhante ao filme familiar anterior de Spielberg, E.T. o Extraterrestre (1982), ainda bastante fresco na memória do público.
Mesmo estreando junto com Caça Fantasmas, a diferença de bilheteria nas primeiras semanas era pouca, com vantagem para o primeiro. Nas estreias em outros países, como Gremlins tinha um público internacional, diferentes versões do filme foram feitas para superar as barreiras culturais. Mandel aprendeu a falar suas poucas falas inteligíveis, como “Luz brilhante!”, em vários idiomas, inclusive alemão. A música e o humor regionais também foram incorporados às versões em língua estrangeira. Dante creditou este trabalho como um dos fatores que ajudaram a tornar Gremlins um sucesso mundial.
Alguns críticos questionarem a data de lançamento do filme na época do verão americano de muito calor, mas o tema do filme se passava na época natalina com neve, indicando que o filme deveria ter sido lançado naquele período.
Mesmo assim o filme arrecadou ao final $212,9 milhões, o que fez dele o quarto filme mais visto do ano e arrecadando quase 20 vezes o que foi investido, tirando ainda o ganho em marketing de produtos e licenciados, como bonecos, livros, quadrinhos (lançados no Brasil), camisetas, canetas (também populares aqui), entre outras coisas.
Sinopse
Rand Peltzer (Hoyt Axton) é um “inventor” que, ao tentar dar um presente natalino único para seu filho, Billy Peltzer (Zach Galligan), compra em Chinatown um Mogwai, um ser aparentemente gracioso. Mas o dono, um velho chinês, não queria vendê-lo por dinheiro nenhum, pois ter um Mogwai envolve muitas responsabilidades. Entretanto, o neto do ancião o vende por duzentos dólares e diz as regras essenciais para ter um Mogwai: nunca colocá-lo diante de uma luz forte e muito menos na luz solar, pois isso pode matá-lo; nunca molhá-lo; e, a regra principal, nunca o alimentar após a meia-noite, mesmo que ele chore ou implore. Rand ouve o aviso sem dar a devida importância e leva o Mogwai para sua casa em Kingston Falls, uma pequena cidade.
Paralelamente, Billy trabalha como caixa de banco e sofre com as exigências de Ruby Deagle (Polly Holiday), uma cliente rica e antipática. Além disto tem de aturar o pedante Gerald (Judge Reinhold), que quer usar sua posição para conquistar Kate Beringer (Phoebe Cates), a namorada de Billy. Quando Billy recebe o presente fica maravilhado, mas as regras não são respeitadas. Assim, quando é molhado o Mogwai se multiplica assustadoramente e, alimentados após a meia-noite, os novos Mogwais se tornam criaturas más, que aterrorizam a cidade.
Legado
O filme eleva o subgênero “terrir”, ou filmes que eram concebidos como comédias a partir dos conceitos de terror (ou vice-versa). O longa também bebe nas fontes dos filmes que possuem regras claras que não podem ser quebradas colocando em risco vidas de personagens, mas que acabam sendo assim mesmo quebradas, levando a consequências inimagináveis, na qual o filme se sustenta muito bem com várias cenas de sustos no espectador.
Em uma época em que ninguém se preocupava com o politicamente correto, os monstrinhos se tornaram uma coqueluche para a juventude da época, em contraponto de E. T. ou Alf. Em uma determinada cena, a mocinha, Kate (Phoebe Cates) revela que odeia o natal porque, quando era criança, seu pai se vestiu de Papai Noel para surpreendê-la, mas acabou escorregando, quebrando o pescoço e sendo assado pela chaminé! E mesmo tratando-se de criaturas bizarras “malvadas”, é estranho ver que os heróis do filme não mostram qualquer receio em destruir de alguma forma estes monstros…passando o carro por cima, explodindo eles nos micro-ondas, eletrocutando, e usando de outras das mais varias formas… porque alias, são monstros e vilões! E é claro que a uma senhora megera irá ter seu fim merecido; o anti-herói que quer sair com a namorada do herói vai ser ferrar no final e assim por diante. E ninguém reclamava disto na época…
O filme gerou ondas de filmes de monstros “parecidos” das mais variadas formas, como A Hora das Criaturas (Critters) lançado no ano seguinte (e suas sequências) sendo uma cópia descarada de Gremlins, além do cult O Ataque dos Vermes Malditos (Tremors) lançado em 1990, também com intermináveis sequências e série de TV, entre outros. Não podemos deixar de citar ainda o seriado Stranger Things cujos monstros tem influências diretas do filme, sem contar as menções ao mesmo.
Claro que a Warner Brothers, não iria deixar barato para o público sedento por continuações de grande sucesso, mas a sequência do filme enfrentou certa resistência para acontecer…
Greamlins 2 e Série animada
Satisfeita com o sucesso e retorno comercial de Gremlins, a Warner Bros Studios pediu ao seu diretor Joe Dante para fazer uma sequência imediatamente. Mas Dante recusou, porque via Gremlins como tendo um final adequado e, portanto, uma sequência só visava o lucro e por isto por muito tempo recusou o pedido. Além disso, o filme original foi uma experiência desgastante para Dante, e ele queria seguir em frente.
Mas a Warner queria um novo filme de qualquer jeito e continuou sem ele, à medida que o estúdio abordava vários diretores e escritores. Os roteiros considerados incluíam o envio dos gremlins para cidades como Las Vegas ou até mesmo para o planeta Marte. Depois que essas ideias fracassaram, o estúdio voltou para Dante, que concordou em fazer a sequência após receber a rara promessa de ter total controle criativo sobre o filme; ele também recebeu um orçamento que seria o triplo do filme original. Charles S. Haas, assumiu o roteiro (mas Chris Columbus é creditado como criador original dos personagens).
Com mais controle sobre o filme, Dante elaborou um projeto que mais tarde chamou de “um dos filmes de estúdio menos convencionais de todos os tempos”. Dante incluiu algum material que ele acreditava que a Warner Bros. não teria permitido se não quisesse uma sequência de “Gremlins”. Tendo sido autorizado a quebrar uma série de regras no cinema, ele também afirmou mais tarde que foi o filme no qual ele colocou a maior parte de sua influência pessoal.
Dante imaginou Gremlins 2 – A Nova Geração (Gremlins 2: The New Batch) como uma sátira de Gremlins e sequências de filmes em geral. Seguindo o desejo de Dante de satirizar o filme original, a sequência traz algumas meta-referências e humor autorreferencial. Isso inclui uma participação especial do crítico de cinema Leonard Maltin. Ele segura uma cópia do vídeo caseiro original de Gremlins e o denuncia, assim como fez na realidade; no entanto, seu discurso é interrompido quando um gremlim o ataca. Em parte por esta cena, um acadêmico chamou Dante de “um dos grandes brincalhões do cinema contemporâneo”.
Além disso, quando Billy está tentando explicar as regras relativas ao mogwai aos funcionários do prédio, os funcionários as consideram um tanto absurdas e interrogam Billy com escárnio sobre seu significado preciso; a certa altura, questionam considerando o experimento mental de um mogwai em um avião que cruza um fuso horário. Essa cena se origina do fato de os próprios cineastas considerarem as regras irracionais, e algumas questões da cena foram baseadas naquelas levantadas pelos fãs do filme original. E ainda temos a quebra da quarta parede e uma paródia velada a… Donald Trump!
Na sinopse: Se passaram cinco anos desde o incidente dos Gremlins em Kingston Falls. Billy (Zach Galligan) e Kate (Phoebe Cates) se mudaram para Nova York, onde trabalham para Daniel Clamp (John Glover), um magnata que atua em vários setores. Paralelamente, falece o velho chinês de Chinatown que era dono de Gizmo, o Mogwai que tinha sido de Billy. Durante a demolição da loja Gizmo escapa, mas logo é pego por funcionários de Clamp, (Christopher Lee) e levado para um laboratório, que fica no mesmo prédio onde Billy trabalha. Ao descobrir acidentalmente que Gizmo está no laboratório, Billy vai até o local e tira Gizmo de lá, levando-o para sua sala. Mas tudo começa a dar errado quando Marla Bloodstone (Haviland Morris), a chefe de Billy, visando uma promoção, o força a jantar com ela para discutirem a possibilidade de ascensão, pois Clamp viu o trabalho de Billy e gostou muito. Billy pede a Kate que leve Gizmo para a casa deles. Esta ideia a deixa apavorada, mas antes que ela faça qualquer coisa um funcionário da empresa, ao tentar consertar um bebedouro, acaba molhando Gizmo. Logo uma nova espécie de Gremlins é criada e eles logo aprisionam Gizmo. Kate leva para casa um destes novos Gremlins, pensando que é Gizmo. Quando Billy chega em casa e vê que aquele Mogwai não é Gizmo, conclui logo que algo grave aconteceu e algo infinitamente mais grave acontecerá se os Gremlins se alimentarem após a meia-noite, pois com certeza Nova York virará um verdadeiro caos.
A certa altura do filme, Dante tentou envolver o público na história, fazendo parecer que os gremlins haviam assumido o controle do cinema onde o filme estaria sendo exibido. A tira de filme dentro do projetor de cinema parece ter sido quebrada pelos gremlins, que então se envolvem em marionetes de sombra sobre uma tela branca antes de substituir o rolo pelo filme vintage de nudez Volleyball Holiday. Hulk Hogan então faz uma aparição especial como membro da audiência e intimida os gremlins para que executem o resto de Gremlins 2: The New Batch. Essa piada foi inspirada em uma façanha semelhante no filme The Tingler (1959), de William Castle. O estúdio temia que as pessoas saíssem do cinema se pensassem que o filme havia quebrado; Dante, portanto, garantiu a inclusão da sequência reunindo algumas pessoas para uma prévia do filme. Quando a cena foi exibida, o público da vida real achou-a divertida e permaneceu no cinema. Dante mais tarde descreveu esta cena como uma das piadas mais apreciadas em Gremlins 2. Na versão em VHS é uma tentativa de invadir a TV do espectador.
O filme acabou não conseguindo atrair a mesma audiência do original e ficou muito abaixo do esperado, fazendo com que o estúdio, antes ávido por uma sequência, cancelasse qualquer novas tentativas de um terceiro filme. Somente a pouco tempo é que se vem falando novamente em um novo filme ou um reboot. Só recentemente a Warner voltou a investir na franquia, desta vez produzindo para o canal streaming, Max, a série animada infantil Gremlins: Segredos dos Mogwai (2023), cuja a segunda temporada terá o novo nome de Gremlins: The Wild Batch (2024).
Quem sabe um novo filme não ganhe o sinal verde em breve?
[RM-RS – Gremlins Making of / Warner Bros]
Ricardo Melo
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o filme 2 é bem ruimzinho… mas o 1 é uma delicinha
Eu também não entendi porque fizeram o segundo daquela forma, como uma auto sátira, pra o diretor, foi beleza, vou gozar todo mundo, mas para o público que adorou as criaturas, teve um gosto amargo…revendo hoje, até que não foi ruim, tem umas críticas sociais interessantes, o personagem Clamp, é uma sátira ao Donald Trump, que não era político naquela época, apenas um empresário inescrupuloso.
pessoal fala que os SImpsons sao videntes, que previram o lance do Trump, isso é feito há décadas nos EUA, pegam esses mega empresarios magnatas bilionarios e sempre preveem eles como governadores ou presidentes… fizeram com o Rockefeller, com Trump, com o Gates, com o Buffet, etc… as vezes o cara acaba tentando e da certo, ai bate a conincidencia, mas qt tb de previsao que os Simpsons fizeram e nunca se concretizaram, igual o Nostradamus, fez 5 mil previsoes, 3 delas tem coisas que ate da pra dizer que “se concretizaram” ai o caa fica famoso como se fosse mesmo um profeta, vidente, sei la o que… humano é b u r r o demais
que nostalgia maravilhosa esse texto meus parabens