Análise: Blade Runner – O Caçador de Androides completa 40 anos

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poster Análise: Blade Runner - O Caçador de Androides completa 40 anosSinopse: No século 21, uma corporação desenvolve humanos artificiais para serem usados como escravos em colônias fora da Terra, identificados como replicantes. Em 2019, um ex-policial é acionado para caçar um grupo de replicantes fugitivos e assassinos.

 

O filme Blade Runner – O Caçador de Androides (Blade Runner), completa em 2022 seus 40 anos de lançamento.

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Passadas décadas, Blade Runner ainda continua hoje como um dos maiores e mais influentes filmes da história do cinema e da ficção-científica. Ao longo dos anos, este filme, que sofreu com problemas internos na produção, na qual levaram a demissão de seu diretor Ridley Scott e o lançamento montado a revelia pelos seus produtores, não chegou a agradar logo de início, mas ao longo dos meses o filme insistia em trazer cada vez mais gente para as filas de cinema, as vezes até de madrugada, e se tornou um filme cult-movie por excelência.

Bastante atual e influente para seu tempo, foi relançado várias vezes, e remontado com diferentes versões, sendo comercialmente relançado a pedido do diretor, primeiro em 1991 e depois em 2007 (como a sua “versão definitiva”). Anos depois, uma continuação tardia foi lançada, Blade Runner 2049 (2017) gerando o crescimento da franquia em lançamentos em quadrinhos, livros, serie anime e uma nova série de TV que será lançada em breve…

Mas como surgiu este clássico que mexeu com a mente de fãs do mundo inteiro?

Mostrando um mundo distópico, com um policial chamado Deckard (Harrison Ford) em um jogo de intrigas para tirar de circulação um grupo de androides fugitivos criminosos, liderados por o Roy Batty (Rutger Hauer) em uma Los Angeles caótica e poluída do futuro, este filme clássico que inaugurou o que passaria a ser chamado de “movimento cyberpunk“, influenciaria anos depois outras histórias no cinema como Matrix ou Ghost in The Shell, fora a literatura, que solidificou o movimento com a obra prima Neuromancer, de William Gibson.

Como filme, Blade Runner opera em vários níveis dramáticos e narrativos. Possui várias características de um film noir: o arquétipo de femme fatale; protagonista-narrador (removido em versões posteriores); cinematografia escura e sombria; e a perspectiva moral questionável do herói – neste caso, estendida para incluir reflexões sobre a natureza de sua própria humanidade.

 

O Livro

O filme é baseado no livro do escritor norte-americano Philip K. Dick (1928-1982), Andróides Sonham Com Ovelhas Elétricas? (Do Androids Dream of Electric Sheep?) de 1968, vencedor do Prêmio Nebula no mesmo ano. O interesse de Hollywood pelo romance começou pouco depois do lançamento. Dizem que Martin Scorsese (Taxi Driver, Touro Indomável) chegou a se mostrar interessado em dirigi-lo, mas não foi muito além do interesse.

O produtor Herb Jaffe (Geração Protheus, O Leão do Deserto) optou por ele no início dos anos 1970, mas Dick não se impressionou com o roteiro escrito pelo filho de Herb, Robert, dizendo: “O roteiro de Jaffe foi tão terrivelmente feito… Robert voou para Santa Ana para falar comigo sobre o projeto. a primeira coisa que disse a ele quando desceu do avião foi: ‘Devo bater em você aqui no aeroporto, ou devo bater em você no meu apartamento?”.

 

O Início da produção

Em 1977, Hampton Fancher apresentou um novo roteiro, e o produtor Michael Deeley (O Franco Atirador, O Homem que Caiu na Terra) gostou dele e resolveu assumir a produção, tendo em mente o diretor de Alien: O Oitavo Passageiro, Ridley Scott, que a princípio recusou o projeto, pois estava envolvido na produção de Duna que a produtora Dino de Laurentis estava tentando fazer durante os anos 70, sem sucesso.

Fora de Duna, Scott, ainda abalado pela morte de seu irmão mais velho, queria um projeto com ritmo mais rápido para tomar sua mente, e voltou atrás e aceitou o desafio para fazer Blade Runner em fevereiro de 1980. Scott queria mudanças no roteiro de Fancher. Conseguiu também aumentar o financiamento do projeto para US$ 15 milhões. Segundo Scott, o roteiro de Fancher era focado mais em questões ambientais do que sobre questões de humanidade ou religião, que são destaque no romance.

O produtor Fancher considerou em um tratamento de cinema de William S. Burroughs para Alan E. Nourse e seu romance The Bladerunner (1974) a nomenclatura que batizaria o projeto. Scott gostou do nome, então Deeley obteve os direitos para os títulos. Eventualmente ele contratou David Peoples para reescrever o roteiro. Mesmo fora da escrita, Fancher retornou posteriormente para contribuir com alguns textos adicionais.

 

O Elenco

03 Análise: Blade Runner - O Caçador de Androides completa 40 anosA escolha do papel principal, o policial Deckard, foi bastante problemática. O roteirista Hampton Fancher imaginou o veterano Robert Mitchum (Cabo do Medo), mas os produtores e Ridley Scott pensaram inicialmente em Dustin Hoffman (A primeira Noite de um Homem), que desistiu do projeto por não concordar com a visão do filme.

De acordo com os documentos de produção, vários atores foram considerados para o papel, incluindo Gene Hackman, Sean Connery, Jack Nicholson, Paul Newman, Clint Eastwood e Al Pacino. Harrison Ford foi finalmente escolhido por várias razões, incluindo seu desempenho nos filmes da franquia Star Wars, o interesse de Ford pela história de Blade Runner e algumas discussões com Steven Spielberg que estava terminando Os Caçadores da Arca Perdida na época e elogiou fortemente o trabalho de Ford no filme.

02 Análise: Blade Runner - O Caçador de Androides completa 40 anosO violento líder dos replicantes, Roy Batty, não teve escolha difícil. Rutger Hauer foi uma escolha direta de Ridley Scott mesmo sem conhecê-lo pessoalmente, apenas por causa dos bons desempenhos nos filmes do diretor Paul Verhoeven (O Soldado Laranja, Conquista Sangrenta). A interpretação de Hauer para Batty foi considerada por Philip K. Dick como “o Batty perfeito: frio, ariano, impecável”. O próprio ator apresentou ao diretor Scott antes das filmagens o famoso monólogo “lágrimas na chuva” do seu personagem, incorporado no final do filme e eternamente alçado ao panteão das grandes frases da história do cinema, além de fazer Batty um dos mais famosos e cultuados “robôs” da ficção científica em todos os tempos.

04 Análise: Blade Runner - O Caçador de Androides completa 40 anosO restante do elenco foi montado com atores praticamente desconhecidos mas que o tempo fez com que brilhassem posteriormente em outras produções: Sean Young interpretou a secretária Rachael; Daryl Hannah interpretou Pris, a replicante namorada de Batty; Brion James interpretou Leon Kowalski, um replicante de combate; e Joanna Cassidy interpretou Zhora, uma replicante assassina. Edward James Olmos interpretou Gaff. Olmos usou sua diversidade étnica e pesquisa pessoal para ajudar a criar a linguagem ficcional “cityspeak” que seu personagem usa no filme. Joe Turkel interpretou o Dr. Eldon Tyrell, o magnata da Tyrell. William Sanderson foi escalado como J. F. Sebastian, James Hong interpretou Hannibal Chew, um idoso geneticista especializado em olhos sintéticos, entre outros.

 

As filmagens

O longa foi filmado em várias locações nos Estados Unidos e no Reino Unido. As filmagens começaram em 9 de março de 1981 e a produção foi encerrada em 12 de outubro do mesmo ano. A maior parte da obra foi filmada dentro e nos arredores de Los Angeles.

A história se passa em Los Angeles em 2019, e o diretor levou seu elenco e equipe para filmar a maior parte das sequências externas na própria cidade. A casa de Sebastian é o Edifício Bradbury, um marco arquitetônico localizado na 304 South Broadway, no centro de LA. The Ennis House, um complexo residencial localizado na 2607 Glendower Avenue, no bairro de Los Feliz, em Los Angeles, também foi o local do apartamento de Rick Deckard no filme. Projetada por Frank Lloyd Wright, a casa exibe uma arquitetura do Revival Maia. Recentemente foi usado para filmagens do seriado Westworld.

As filmagens também aconteceram no 2nd Street Tunnel, um dos túneis mais amplamente filmados na 620 West 2nd Street, logo abaixo de Bunker Hill, no centro de LA. Ele conecta a South Figueroa Street na extremidade noroeste à North Hill Street na extremidade sudeste. A equipe também filmou várias cenas no Million Dollar Theatre, um icônico cinema situado na 307 South Broadway, novamente no centro de Los Angeles. Em uma sequência, Deckard se reporta a uma delegacia de polícia e é orientado a retornar ao trabalho. A sequência foi filmada na Union Station, a estação ferroviária central da cidade, localizada na rua North Alameda, 800. O edifício ostenta arquitetura Art Déco e, portanto, serviu como o cenário perfeito para o interior da futurística delegacia de polícia. Este salão serviu de cerimônia do Oscar em 2021.

O Pan American Loft Community, um edifício histórico localizado na 253 South Broadway, no centro de LA, também funcionou como o Hotel Yukon no filme. As sequências internas e externas ambientadas no hotel foram filmadas neste local. As filmagens também foram realizadas no Westin Bonaventure Hotel & Suites, um hotel 4 estrelas situado na rua 404 South Figueroa da cidade. A cena que mostra um vislumbre de torres cilíndricas foi filmada fora deste local. O elenco e a equipe filmaram a maior parte das sequências internas nos Warner Brothers Burbank Studios, um grande centro de produção de filmes localizado na Warner Boulevard, 4000, no bairro de Burbank, na Califórnia. A equipe filmou várias cenas no Estágio 4, Estágio 24 e Estágio 25 do estúdio, bem como o backlot do estúdio. As cenas futurísticas de rua mostradas nos primeiros momentos foram filmadas na icônica New York Street no mesmo estúdio.

Além disso, algumas sequências foram filmadas em locais dentro e ao redor da Inglaterra. A equipe de produção filmou algumas cenas em um ambiente controlado no Shepperton Studios, uma antiga produtora de filmes localizada na Studio Road, no subúrbio de Shepperton, no condado de Surrey. Algumas cenas também foram filmadas na cidade de Londres. As cenas passadas no banheiro de Leon foram realmente filmadas em Londres, a capital da Inglaterra.

 

Problemas com elenco e produção

Apesar de ser o astro e ator principal do filme, Harrison Ford acabou se desentendendo com o diretor Ridley Scott.

Em 1992, Ford revelou, “Blade Runner não é um dos meus filmes favoritos. Fiquei bastante emaranhado com o Ridley”. Além do atrito com o diretor, Ford não gostava das dublagens: “Quando começamos a filmar tinha sido tacitamente acordado que a versão do filme que nós tínhamos acordados foi a versão sem narração. Foi um p**a [sic] pesadelo. Eu pensei que o filme que tinha trabalhado estava sem a narração. Mas agora eu estava preso a recriar essa narração. E fui obrigado a fazer as dublagens para as pessoas que não representam os interesses do diretor”. “Fui chutando e gritando até o estúdio para gravar”. A narração dos monólogos foi escrita por Roland Kibbee que não foi creditado.

Em 2006, quando perguntaram para Scott “Quem é o maior pé no saco com quem você já trabalhou”, Ele respondeu: “Tem que ser o Harrison… ele vai me perdoar porque agora eu fico com ele. Agora ele é mais encantador. Mas ele sabe muito, e esse é o problema. Quando trabalhamos juntos foi no meu primeiro filme e eu era um garoto novo na área. Mas nós fizemos um bom filme.”

Ford também falou sobre Scott em 2000: “Eu admiro seu trabalho. Tivemos uma fase ruim lá, e eu estou nela”. Em 2006 Ford refletiu sobre a produção do filme dizendo: “o que eu me lembro mais do que qualquer outra coisa quando eu vejo Blade Runner não são as 50 noites de tiroteio na chuva, mas a narração… Eu ainda era obrigado a trabalhar para estes palhaços que vinham com uma narração mal escrita após a outra“.

Ridley Scott confirmou na edição de verão de 2007 da revista Total Film que Harrison Ford contribuiu para a Edição Especial de Blade Runner em DVD, e já tinha gravado suas entrevistas. “Harrison está totalmente a bordo”, disse Scott.

Durante as filmagens, os membros da equipe de gravação criaram camisetas dizendo: “Sim Guv’nor, My Ass”, que zombava da comparação desfavorável de Scott das equipes norte-americanas e britânicas; Scott respondeu com uma camiseta de sua autoria, “Xenophobia Sucks” fazendo o incidente ser conhecido como A Guerra da Camiseta.

Os produtores não estavam satisfeitos com o andar das filmagens. Entre os problemas, a personalidade pouco amistosa de Scott e as limitações na filmagem, criaram uma barreira de comunicação entre o realizador e o seu staff. A obsessão de Scott pela imagem perfeita escravizou toda a equipe a gravar em condições desfavoráveis, até Scott ficar satisfeito com o material obtido. Scott não tinha muita paciência de trabalhar com a equipe americana ao contrário da britânica (sua terra natal). Scott ainda estourou o orçamento do filme em 10%, o que foi a gota d’água para os produtores despedirem Scott e seu assistente, Michael Deeley. Mas ambos retornaram para supervisionar pós-produção, mas sem poder de decisão quanto à cinematografia final da fita futurista.

Com um orçamento apertado na casa dos U$28 milhões, as equipas responsáveis pelo design de Blade Runner tiveram que usar sua criatividade para concretizar o visual exótico do mundo distópico de Scott. Durante a produção, trechos do filme Alien foram reutilizados para poupar tempo e dinheiro na filmagem, bem como a estatueta em miniatura de uma Millennium Falcon (Star Wars), para suprir espaços vazios nos planos de filmagem. Descontente com as gravações finais, Ridley Scott chegou até a pedir permissão a Stanley Kubrick para reeditar a sua sequência do helicóptero em O Iluminado de 1980.

 

Pós-produção e efeitos visuais

01 Análise: Blade Runner - O Caçador de Androides completa 40 anosOs efeitos especiais do filme ficaram a cargo do genial Douglas Trumbull (2001 – Uma Odisseia no Espaço, Contatos Imediatos do 3° Grau, Jornada nas Estrelas – O filme). Considerados uma perfeição devido aos recursos na época não permitirem ainda o uso de CGI, além das pinturas e modelos matte, as técnicas empregadas incluíram múltiplas exposições. Em algumas cenas, o conjunto foi iluminado, filmado, o filme rebobinado e, em seguida, gravado novamente com uma iluminação diferente. Em alguns casos, isso foi feito 16 vezes ao todo. As câmeras eram frequentemente controladas por movimento usando computadores. Sua direção de arte se deixou inspirar nos filmes noir da década de 50 e em outro clássico da ficção científica, Metrópolis, de Fritz Lang dos anos 30, um marco do expressionismo alemão.

Sobre o visual futurista de Los Angeles, Ridley Scott deu créditos pela pintura Nighthawks de Edward Hopper e a revista de ficção científica francesa Métal Hurlant (que deu origem a revista Heavy Metal), para a qual o artista Moebius contribuiu, como fonte estilística de humor. Scott contratou Syd Mead como seu artista conceitual que, da mesma forma que Scott, foi influenciado por Métal Hurlant. Moebius teve a oportunidade de auxiliar na pré-produção de Blade Runner, mas ele recusou a proposta para trabalhar no filme animado Les Maîtres du temps de René Laloux – decisão esta que mais tarde lamentou. O designer de produção Lawrence G. Paull e o diretor de arte David Snyder fizeram os esboços de Scott e Mead. Douglas Trumbull e Richard Yuricich supervisionaram os efeitos especiais para o filme.

 

Trilha Sonora

Recém vencedor do Oscar de Melhor Trilha Sonora pelo filme Carruagens de Fogo (1981), o multi-instrumentista grego Vangelis (1943-2022) foi convidado por Scott para compor a trilha, na qual é uma combinação melódica sombria de composição clássica e sintetizadores futuristas que espelha o filme noir retro-futurístico imaginado por Ridley Scott. Vangelis fez uso de vários timbres e os vocais do colaborador do amigo Demis Roussos (1946 – 2015). Outro som memorável é o assombroso solo de saxofone de Love Theme realizado pelo saxofonista britânico Dick Morrissey, que se apresentou em muitos dos álbuns de Vangelis. Ridley Scott também usou Memories of Green do álbum See You Later de Vangelis, uma versão orquestral de que Scott posteriormente usaria em seu filme Perigo na Noite.

Apesar de ser bem recebido pelos fãs e aclamado pela crítica e nomeado em 1983 por um BAFTA e Globo de Ouro como melhor partitura original, juntamente com a promessa de um álbum da trilha sonora pela Polydor Records nos créditos finais do filme, o lançamento da gravação da trilha sonora oficial foi atrasado em mais de uma década.

Existem duas versões oficiais da música de Blade Runner. À luz da falta de um lançamento de um álbum, a New American Orchestra gravou uma adaptação orquestral em 1982 que tinha poucas semelhanças com a trilha original. Algumas das faixas do filme, em 1989, apareceram na compilação Vangelis: Themes, mas não até o lançamento de 1992 da versão Director’s Cut que possuíra uma quantidade substancial da trilha sonora do filme lançada comercialmente. Em 2007, Vangelis lançou uma versão tripla do álbum chamada Blade Runner Trilogy: 25th Anniversary, com um CD com a trilha original já lançada em 1992, um segundo CD com bonus tracks e um terceiro CD com músicas novas inspiradas no filme.

 

A aprovação de Philip K. Dick

O escritor Philip K. Dick não confiava em Hollywood, mesmo tendo vendido os direitos do livro. Ele queria ter um controle maior sobre a obra, mas durante todo o processo de produção ele ficou afastado das filmagens. Depois que Dick criticou a versão inicial do roteiro de Hampton Fancher em um artigo escrito para o Los Angeles Selective TV Guide, o estúdio enviou para Dick o roteiro reescrito pela David Peoples. Dick gostou deste último roteiro de Peoples e já em sua fase de pós produção, o Diretor Ridley Scott convidou o escritor para assistir 20 minutos editados com a trilha de Vangelis do filme. Ao final da sessão Dick ficou muito satisfeito. Apesar de seu ceticismo bem conhecido a respeito de Hollywood, em princípio, Dick ficou entusiasmado com Ridley Scott devido ao seu mundo criado para o filme ser bastante semelhante ao que havia imaginado. Ele disse: “Eu vi um segmento de efeitos especiais de Douglas Trumbull para Blade Runner no noticiário de televisão KNBC. Eu o reconheci imediatamente. Era meu próprio mundo interior. Capturaram-no perfeitamente.” Ele também aprovou o roteiro do filme, dizendo: “Depois que eu terminei de ler o roteiro, eu peguei meu romance e olhei através dele. Os dois se reforçam mutuamente, de modo que alguém que começou com o romance iria apreciar o filme e alguém que começou com o filme iria desfrutar o romance”. Infelizmente, Philip K. Dick não pôde assistir ao filme totalmente pronto, já que faleceu em 2 de março de 1982 após sucessivos AVCs. O filme foi dedicado a ele.

 

Versões

Devido aos constantes atritos entre o diretor Ridley Scott e os produtores do filme e consequentemente o seu afastamento, a montagem final de Blade Runner não foi realizada ou aprovada por Scott. A versão original do filme (de 1982, com 113 minutos de duração) foi exibida para prévias de testes de audiência em Denver e Dallas em março de 1982. As respostas negativas às prévias levaram às modificações que resultaram na versão de cinema dos Estados Unidos. Esta versão de teste era muito próxima da visão de Ridley Scott, embora claramente justifique seu nome como cópia de serviço, pois não é uma versão finalizada. Não tinha créditos finais, por exemplo.

A versão que foi lançada oficialmente nos cinemas americanos na sua estreia em 25 de junho de 1982 tinha 116 minutos de duração. Esta versão tem a infame narração em off do ator Harrison Ford (na qual ele odiou) e o final tem cenas não aproveitadas de O Iluminado (1980) de Stanley Kubrick, uma versão de final feliz que destoa bastante do filme.

A versão internacional (ou europeia) possui 117 minutos e é praticamente a mesma versão do lançamento nos cinemas americanos, com a inserção de detalhes mais violentos em três cenas que foram cortados da versão americana pela censura. Esta versão também é conhecida como Criterion Edition, ou “versão sem cortes”.

No início dos anos 90, a versão de testes foi redescoberta por estudantes universitários, que reexibiram a mesma em alguns festivais estudantis causando grande comoção o que levou os estúdios Warner Bros a lançar uma nova versão para celebrar os 10 anos do filme, chamando esta cópia de “Director’s Cut”, lançada em 1992. Ridley Scott foi envolvido no projeto, ainda que mais uma vez ele não tivesse controle total do filme. Com 116 minutos de duração, Scott fez três grandes mudanças em relação à versão de cinema. A primeira: retirou todas as narrações em off. A segunda e uma das mais importantes: incluiu uma cena do sonho com o unicórnio, peça chave para a interpretação de que o próprio Deckard seria um replicante. E, por fim, removeu o final feliz.

A popularidade do filme ao longo dos anos só aumentou, tornando-o um cultmovie, fazendo que a Warner Bros lançasse em 2007 a versão “Edição de 25o Aniversário – Final Cut”. Dessa vez Scott finalmente teve controle total do projeto. Trata-se de uma versão restaurada do filme, com som e imagem remasterizados seguindo as especificações do cineasta e um projeto para lançamento em box set com as versões anteriores de cinema e da versão do diretor do filme e material adicional, como documentários e featurettes, como a Ultimate Edition. Quanto a essa versão do longa em si, trata-se da versão do diretor com a sequência do unicórnio estendida e as cenas de violência da versão de cinema internacional reinseridas, totalizando todo um minuto inteiro a mais em relação à versão do diretor. Segundo Ridley Scott esta era a visão mais próxima que ele pretendia lançar em 1982. O The Final Cut de Scott (de 2007 com 117 minutos de duração) foi lançado pela Warner Bros para os cinemas em 5 de outubro de 2007 e, posteriormente, foi lançado em DVD, HD DVD e Blu-ray em dezembro de 2007.

Aproveitando, o músico Vangelis lançou um box chamado Blade Runner Trilogy, 25th Anniversary, com 3 CDs: um CD com a trilha sonora original que ele já havia lançado em 1994, um segundo CD com músicas não lançadas e um terceiro CD, um álbum completamente novo do Vangelis, composto e gravado entre 2006 e 2007, inspirado no filme Blade Runner e com algumas referências à trilha sonora original. Este box foi lançado para celebrar os 25 anos do filme.

 

O lançamento e recepção

Blade Runner foi lançado em 1.290 cinemas americanos no dia 25 de junho de 1982, data escolhida pelo produtor Alan Ladd Jr. porque seus filmes anteriores de maior bilheteria (Star Wars e Alien) tiveram uma data de abertura semelhante (25 de maio) em 1977 e 1979, tornando esta data seu “dia de sorte”. Mas havia um grande problema, este ano foi marcado por grandes lançamentos, como E. T. – O Extraterrestre (que se tornou a maior bilheteria da história do cinema), O Enigma de Outro Mundo (talvez a obra máxima do terror no cinema?) Jornada nas Estrelas II: A Ira de Khan (o melhor dos Star Treks?), Conan, o Bárbaro, Tron: Uma Odisseia Eletrônica. Uma grande disputa acirrada para o público, que a princípio não apreciou a história do filme. De um custo final de U$ 28 milhões (alto para os padrões hollywoodianos naquele período), retornou apenas U$$ 32.914.489,00 na bilheteria doméstica e foi mais fraco ainda na bilheteria do resto do mundo, com U$8.807.935,00, totalizando pouco mais de U$ 41.722.424,00… bem abaixo de expectativa da Warner Bros que esperava algo superior a U$ 100 milhões.

As reações iniciais entre os críticos de cinema foram mistas. Alguns escreveram que a trama tomou um assento traseiro para efeitos especiais do filme, e não coube o marketing do estúdio como um filme de ação/aventura. Por outro lado, outros aclamaram sua complexidade e previram que resistiria ao teste do tempo… E foi isto mesmo que aconteceu. Ao final de 1982, mesmo com vários filmes de sucesso já terem saído de cartaz, alguns cinemas insistiam em exibir Blade Runner, pois estava atraindo um publico bem diversificado e interessado em pensar mais sobre aquele futuro distópico e filosófico. O fenômeno alias se deu em várias partes do mundo, inclusive no Brasil onde o filme chegou a ser exibido em uma sala de cinema por quase 5 anos ininterruptos na cidade de São Paulo.

Seu legado só aumentou quando foi lançado em VHS e depois exibido na TV.

Nascia um cult movie futurista… sem contar que a trilha sonora de Vangelis ajudou a vender bastante disco, tornando-se icônica.

 

O legado

Acadêmicos começaram a escrever análises do filme quase tão logo quanto foi lançado, em particular sobre os seus aspectos distópicos, questões sobre a humanidade “autêntica”, aspectos eco feministas, nos estudos de gênero e nos últimos anos sobre a cultura popular.

O longa tem sido tema de interesse acadêmico ao longo de décadas, com teses de universidades, estudos filosóficos sobre o embate homem x máquina. Vários livros e documentários foram realizados sobre o filme.

Blade Runner foi indicado a dois Óscares, todos técnicos, e não levou nenhum, mas posteriormente ganhou vários outros prêmios ao longo da década, como A melhor fotografia para Jordan Cronenweth nos prêmios Los Angeles Film Critics Association e British Academy Film Awards, onde também venceu pelo seu figurino e montagem. Ganhou o Prêmio de Conquista Especial do London Film Critic’s Cirlcle. E finalmente o Hugo Award de 1983 por Melhor Apresentação Dramática.

O filme foi selecionado para preservação no National Film Registry dos Estados Unidos em 1993 sendo frequentemente utilizado em cursos universitários. Em 2007 foi nomeado o segundo filme mais influente visualmente de todos os tempos pela Visual Effects Society. Isto sem contar que ao longo dos anos tem sido apontado como um dos filmes mais influentes da história ao lado de 2001: Uma Odisseia no Espaço, E O Vento Levou, Lawrence da Arabia, Cidadão Kane entre outros.

Um dos motivos pelo sucesso do filme seria que o gênero ficção-científica, ao longo dos anos, tem sido um gênero que é bastante discriminado pelos críticos e analistas, por terem uma ideia arbitrária de que o gênero é composto por produções em que a prioridade é dada apenas os efeitos especiais, e supostamente deixariam de lado a continuidade do roteiro e a própria atuação do elenco. Mas Blade Runner foge dos parâmetros pré-estabelecidos e traz adjetivos suficientes para agradar até mesmo os que não são fãs do gênero.

A trilha-sonora de Vangelis, por ter sido tardiamente lançada, ganhou vários lançamentos não oficiais (os chamados Bootlegs), com sobras de gravação ou tiradas direto do filme. Continua até hoje a influenciar grandes nomes da música e compositores como Hans Zimmer (que posteriormente foi convidado para compor a continuação Blade Runner: 2049).

O filme de Scott tem uma influência muito grande do filme Metropolis (1927), clássico do cinema expressionista alemã, uma obra prima do diretor Fritz Lang (1890 – 1976). Pode-se dizer que Blade Runner se inspirou bastante no filme, com tópicos em comum com a produção alemã (como a relação homem × máquina e o conceito de high tech, low life, etc) para criar planos e sequências inspirados nela.E talvez a mais icônica analogia seja o close em um dos olhos (hipnotizados) que muita gente pensa ser de Deckard (Harrison Ford), logo no início do filme, mas que na verdade é do personagem Holden (Morgan Paull) vendo o horizonte de Los Angeles, que remete diretamente a uma cena idêntica em Metrópolis.

 

Influências

Blade Runner é uma ficção-científica futurista distópica, onde é mostrado uma metrópole high-tech como Los Angeles, moderna e avançada, mas ao mesmo tempo suja, poluída, caótica com uma superpopulação descontrolada, alta taxa de criminalidade e poluição e onde megacorporações tentam controlar as pessoas com ajuda dos androides quase humanos. Este tipo de ficção-científica também é conhecida como Cyberpunk. Com o passar do tempo, sua temática e seu estilo passaram a ser copiados em outras produções como Dark City (1998), a quadrilogia Matrix (1999), a franquia Ghost in the Shell (1995), O Quinto Elemento (1997), o fraco Elysium (2013), e tantas outras obras para o cinema.

Na Televisão podemos encontrar ecos de Blade Runner em séries como Altered Carbon (2018) da Netflix, Westworld (2016) da HBO e Raised By Wolves (2020) da HBO, esta última com produção do próprio diretor Ridley Scott.

Até na música conseguimos distinguir sons inspirados no filme e sua temática, por exemplo, o álbum de 2009, I, Human, da banda cingalesa Deus Ex Machina faz inúmeras referências aos temas de engenharia genética e clonagem do filme, e até apresenta uma faixa intitulada “Replicante”. Games e jogos eletrônicos foram outra mídia que sofreu bastante influência do filme, e podemos citar por exemplo: Cypher (2012), Rise of the Dragon (1990), a série Tex Murphy (1989), Snatcher (1988), Beneath a Steel Sky (1994), Flashback: The Quest for Identity (1992) e tantos outros.

E não podemos nos esquecer do livro Neuromancer, como já dito antes, que fixou o cyberpunk na literatura, com tantos outros desdobramentos e influências, talvez até mais do que Blade Runner fez no cinema e na TV.

 

Além…

Por não ter sido um sucesso de bilheterias na época do seu lançamento, uma sequência planejada nem chegou a ser desenvolvida, mas o tempo deixou o filme virar um cult movie, então obviamente a produção passou a ser bastante valorizada ao longo dos anos.

O escritor, K.W. Jeter, amigo pessoal de Philip K. Dick, lançou entre 1995 a 2000, 3 livros que continuam a história do primeiro filme: Blade Runner 2: The Edge of Human (1995), Blade Runner 3: Replicant Night (1996) e Blade Runner 4: Eye and Talon (2000). O primeiro livro, Blade Runner 2: The Edge of Human, chegou a ter sua história roteirizada por Stuart Hazeldine (Paradise Lost, A Cabana) em 1999, intitulada Blade Runner Down; O projeto foi arquivado devido a questões de direitos e não foi pra frente.

Entre os anos 90 e 2000, o diretor Ridley Scott tentou junto com seu irmão Tony Scott (Top Gun), vários projetos (curtas e prequelas) para o universo do filme original que ele dirigiu e também encontrou a barreira dos direitos autorais. Então ele praticamente abandonou todos eles.

Em Março de 2011 a Alcon Entertainment, empresa ligada aos estúdios Warner Bros, comprou os direitos de Blade Runner, com a opção de lançar continuações, prelúdios, séries de TV, animações, games, livros, quadrinhos, ou tudo que se pode imaginar no mundo do entretenimento.

O antigo produtor do filme original, Bud Yorkin, fechou um acordo com a Alcon, na qual também terá direito aos lucros obtidos dos futuros empreendimentos. O acordo só impede a refilmagem do original. A Warner Bros ficaria responsável pela distribuição do conteúdo nos EUA. Yorkin faleceu em 2015, e sua esposa Cynthia Sikes Yorkin, continuou o legado do marido na produção dos próximos filmes. Ridley Scott chegou a ser anunciado para retomar a cadeira de diretor em agosto de 2011. O roteirista Michael Green (Lanterna Verde) foi contratado para escrever o novo filme em maio de 2013. Em Novembro de 2014, Ridley Scott disse que não dirigiria o filme, mas ficaria apenas na produção-executiva. Nesta fase, Green, Scott e o roteirista original do filme de 1982, Hampton Fancher, assinaram o roteiro final.

Em fevereiro de 2015 foi confirmado o retorno do ator Harrison Ford, como Deckard, e a entrada do novo diretor, Denis Villeneuve (A Chegada). Em Novembro do mesmo ano, foi anunciado o nome do ator Ryan Gosling que seria o protagonista principal. A continuação foi intitulada Blade Runner 2049. Seguiu-se os anúncios da contratação de outros grandes atores para o elenco: Robin Wright (A Princesa Prometida, Forrest Gump), Ana de Armas (Bata antes de Entrar, 007-sem tempo para morrer, Entre Facas e Segredos), Carla Juri (Zonas Úmidas), Mackenzie Davis (Perdido em Marte), Dave Bautista (Guardiões da Galáxia, Duna, 007: Spectre) e Jared Leto (Morbius, Esquadrão Suicida) entre outros.

O filme teve uma grande expectativa de lançamento que foi antecedida por três curtas-metragens produzidos com a finalidade de explorar os eventos que ocorrem no período de 30 anos entre o primeiro Blade Runner e Blade Runner 2049:
Blade Runner Black Out 2022, um anime de 15 minutos dirigido por Shinichirō Watanabe.
2036: Nexus Dawn, um curta em live-action dirigido por Luke Scott .
– 2048: Nowhere to Run, outro curta em live-action também dirigido por Luke Scott,

Blade Runner 2049, com um orçamento por volta de U$ 185 milhões, rendeu nas bilheterias mundiais $259.239.658,00, resultado muito abaixo do esperado pelos produtores, e um prejuízo para o estúdio já que para se pagar, deveria render pelo menos U$ 400 Milhões… Mesmo assim, a crítica foi bastante positiva com o filme. No site Rotten Tomatoes, que agrega diversas análises de profissionais do ramo, o filme atualmente possui 87% de aprovação, com base em 412 avaliações, e uma classificação média de 8,2/10. O filme concorreu a 5 Oscares e ganhou dois: Melhor Fotografia para o veterano Roger Deakins (que nunca tinha ganho) e Melhores Efeitos Visuais.

Mesmo com um público baixo e a possibilidade remota de continuações, a Alcon também ajudou a produzir novas mídias usando este universo, produzindo uma série de quadrinhos com a Titan Publishing (publicado no Brasil pela Excelsior), uma série anime de TV: Blade Runner – Black Lotus e o sinal verde de uma série de TV live action, pela Amazon Prime, com produção de Ridley Scott, Blade Runner: 2099, para lançamento em um futuro próximo…

 

Cult Movie

Passados 40 anos, o filme se mantem ainda como um dos mais influentes do gênero da ficção-científica e um dos mais importantes filmes da história. O fato de não ter sido sucesso de imediato mas se tornado um cult movie meses a anos depois, fazem do longa uma pérola no meio de tanta produção do gênero com efeitos especiais de primeira mas histórias vazias. Blade Runner é um exemplo de qualidade técnica e apurada, com história que prende o espectador e leva ao debate que entra no campo filosófico, religioso, social e politico. Sempre será uma filme cult!

 

 

Breve crítica: Blade Runner

Como tinha dito na crítica de Os Caçadores da Arca Perdida, analisar um filme que se tornou referência durante as décadas seguintes é quase um exercício redundante. Não que Blade Runner forneça material para o mais do mesmo (longe disso), mas sim pelos anos posteriores, em que às vezes suas várias versões seguintes possam por subjugar a obra em si; mas ainda bem que o tempo fez jus a seu brilhantismo.

Influenciado diretamente pelo expressionismo Alemão de Fritz Lang em Metropolis (se quiserem tem um pequeno vídeo com algumas dessas similaridades entre os filmes, abaixo), o legado de Blade Runner perpetua-se até hoje por justamente atrelar mais as discussões do campo filosófico da novela de Philip K. Dick que propriamente atender uma demanda mais comercial de uma obra típica dos anos 80.

 

As decorrentes mudanças durante os anos seguintes demonstraram apenas um coisa: independente da época, se o diretor não tiver o corte final do filme, os estúdios tendem a fazer besteira. Em 1942, por exemplo, a RKO cortou quase 1/3 de Soberba de Orson Welles (o diretor estava em pleno Carnaval no Rio de Janeiro) e existem dezenas de outros exemplos de filmes “destruídos” na sala de edição à revelia de seus criadores.

Mesmo 40 anos depois, com Blade Runner não foi diferente! Ao inserir um “final feliz” entre Deckard e Rachel, a Warner cometeu dois erros: primeiro (narrativo) ao quebrar a tensão visual que o extraordinário trabalho de fotografia e direção de artes fizeram. Ou seja, se tínhamos no filme inteiro uma atmosfera claustrofóbica e chuvosa, nos últimos segundo acharam um grande ideia colocar um narração em off do Harrison Ford tendo ao fundo imagens do casal viajando por verdes paisagens e nuvens; imagens essas tiradas de sobras do O Iluminado, como já dito.

Uma coisa é você expandir aquele universo de maneira fluída como feito em Blade Runner 2049 em que retornamos para a sombria e chuvosa Los Angeles, mas inserindo outros ambientes desolados dentro daquele contexto (como Las Vegas); outra coisa é simplesmente você criar um universo totalmente voltado para uma unidade específica e mudar aquilo de maneira abrupta sem uma similaridade estética ou qualquer coisa que esteja inserida de maneira lógica.

O segundo erro (esse como cinéfilo acho ainda mais ofensivo ainda) é acharem que o público não teria capacidade de compreender um final em aberto e ambíguo tendo a necessidade de dizerem “Olha só como eles foram felizes para sempre”. Seria muito mais lógico – e maduro – que imaginássemos o que aconteceria fora da tela com Deckard e Rachel. Eles continuaram juntos? Foram caçados? Erro esse que foi consertado na versão definitiva do diretor, lançada anos depois em que, além de retirarem essa sequência das paisagens, inseriram as pistas definitivas para sabermos se Deckard era um replicante ou não.

 


[RM-RS – Blade Runner Making of / Delfos.net / The New York Times] [crítica: Rodrigo M. Rodrigues]

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AvatarRicardo-150x150 Análise: Blade Runner - O Caçador de Androides completa 40 anos

Ricardo Melo

Profissional de TI com mais de 10 anos de vivência em informática. Tem como hobby assistir seriados de TV, ir ao cinema e namorar!!! Fã de rock'n'roll, música eletrônica setentista, ficção-científica e estudos relacionados a astronáutica. Quis ser astronauta, mas moro no Brasil... Os anos 80 foram meu playground!

32 thoughts on “Análise: Blade Runner – O Caçador de Androides completa 40 anos

  1. Ranking dos melhores filmes de FC de todos os tempos:
    1 – 2001
    2 – Blade Runner
    3 – Matrix
    4 – Império Contra-Ataca
    5 – De Volta para o Futuro
    O que acham?

    1. Alien e T2 tao depois da quinta posição no ranking dele ue kkk

    2. A gente tá fazendo a homenagem nestes filmes clássicos, assim que as datas de aniversários de décadas vão acontecendo…tipo em 2019, foi Alien, (40 anos), agora em 2022 foi E.T. e Blade Runner…, ano que vem será Jurassic Park…spoiler….

      Então já falamos sobre Planeta dos Macacos, em um artigo de 2018, nos 50 anos… mas 2001, terá que esperar para 2028….Caça Fantasmas e De Volta para o Futuro em 2025… Exterminador em 2024…. Império Contra ataca, já falamos sobre Star Wars em geral….só procurar…mas o primeiro A New Hope, merece em 2027 um artigo especial junto com Contatos Imediatos….

  2. muito bom o artigo de vcs demonstra uma pesquisa muito bem feita pra conseguir escrever isso meus parabens Maxiverso

  3. hj é meu aniversário e ganhei um presente: um excelente texto sobre meu filme favorito!!! obrigado Ricardo!

    1. Disponha, Feliz Aniversário, continue lendo nossos artigos. Abraços.

  4. Lembrando que a fotografia de BR inspirou TUDO que veio depois qd vc ve algo meio sombrio ou na penumbra, como Equilibrium, Seven – Os Sete Crimes Capitais, etc

  5. Foram feitas duas atualizações no texto assim hoje:

    ” O edifício ostenta arquitetura Art Déco e, portanto, serviu como o cenário perfeito para o interior da futurística delegacia de polícia” (o texto anterior estava como “exterior da futurista…” )”

    outra:

    “E talvez a mais icônica analogia seja o close em um dos olhos (hipnotizados) que muita gente pensa ser de Deckard (Harrison Ford), logo no início do filme, mas que na verdade é do personagem Holden (Morgan Paull) vendo o horizonte de Los Angeles, que remete diretamente a uma cena idêntica em Metrópolis.” ( texto anterior creditava os olhos a Deckard)

    Agradecimentos ao nosso querido leitor o Prof. Edilson Palhares (de Araxa).

  6. lembrando que no filme tem um personagem que é “engenheiro genético” qd essa coisa de genética “nem existia” em termos reais, tudo era ainda fciccao científica… tal quam Star Trek inventou o comunicador instantaneo e os disketes, BR inventou a engenharia genetica

    1. Estes filmes estão sempre a frente de seu tempo…por isto que serão cult eternamente.

  7. Artigo muito esclarecedor. Eu já tinha pesquisado sobre a influência de Metrópolis e também dos cenários dos quadrinhos do Moebius., da Ennis House (tem até um filme com Vincent Price nesta casa), do edifício Bradbury (que também foi utilizado em outro(s) filme(s)). E prefiro fortemente a versão do diretor. O final deveria mesmo ficar em aberto. Considero o tal ‘final feliz’ um acinte, uma violência contra a capacidade do cinéfilo de pensar por si e concluir. A voz em ‘off’ não deveria existir mesmo. Beleza de artigo que completou minhas pesquisas e visões sobre este filme, que é um de meus cults preferidos.

    1. Agradeço suas palavras, sempre é bom vermos o clássico estudar suas versões, correr atrás de detalhes …este filme é muito simbólico.

  8. Compilado excelente deinformações sobre meu filme favorito que ja vi muitas e muitas vezes e ja vi as 3 versoes diferentes dele!

    1. acho que ele escreveu “de informações” e saiu junto rs

  9. interessante as informações das brigas nos bastidores tai algo que eu desconhecia… dizem que o Hauer era o “Alex Guinness” de Blade Runner ne, sempre paciente, sempre educado, sempre se dando bem com todo mundo, nunca reclamava de nada… sabe de algo disso?

    1. Sempre foi um cavaleiro e excelente ator. Ford sempre foi estrelinha (apesar de gostar bastante dele), temos que reconhecer.

  10. Prezado sr. Ricardo meus parabéns por esse deleite cine-literário que vc redigiu. Espetacular e completíssimo. Absolutamente excelente.

  11. Muita informação legal e enciclopédica sobre esta obra prima, o meu filme predileto. Um texto tal como o próprio Blade Runner, ou seja, para se voltar a ele várias vezes! Parabéns, autor!

    1. Obrigado Prof. Edilson. Eu que agradeço . Abraços.

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